DEM é preterido no processo de fusão entre partidos

Laércio defende cláusula de barriera (Fotos: Arquivo Portal Infonet)

Encolhido, a partir dos resultados das eleições de outubro, o DEM está procurando um cobertor para manter-se com representação equilibrada no Congresso Nacional. A cúpula do partido iniciou entendimentos para realizar uma fusão com outros partidos que enfrentam os mesmos problemas, mas os democratas são preteridos e encontram resistência em alguns segmentos.

Nem o Solidariedade (SD) nem o PSC, por exemplo, querem acolher o DEM em decorrência das divergências ideológicas, conforme ressaltam os deputados federais Laércio Oliveira (SD) e André Moura (PSC), que participam diretamente destes debates em nível nacional.

O deputado Laércio Oliveira defende a cláusula de barreira [regra pela qual os partidos com menos de 5% dos votos nacionais não teriam direito a representação partidária e não poderiam indicar titulares para as comissões, assim como ficariam sem direito à liderança ou cargos na Mesa Diretora, além de perder recursos do fundo partidário], mas não vê possibilidade de entendimentos com o DEM. ”Tá na hora de juntar todo este varejinho e formar uma estrutura de partido com solidez, até mesmo para dar dinâmica à própria condução dos projetos no parlamento”, considera Oliveira. “Mas as possibilidades de uma fusão com o DEM são remotas”, enalteceu.

Augusto lamenta que fusão seja tema restrito a lideranças nacionais 

O parlamentar explica as dificuldades nos entendimentos. “As reuniões com os democratas não têm sido proveitosas, há resistência da Executiva Nacional do Solidariedade porque temos ideologias diferentes, então a gente prefere buscar outra linha”, explica Oliveira. O SD, segundo o deputado Laércio Oliveira, articula a possibilidade de fusão com o PTB e PP, além de tentar aglutinar o PSC nesta aliança.

Sem radicalismo

Mas o PSC resiste a fusões com qualquer sigla partidária, segundo o deputado André Moura, líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados. “Está descartada a possibilidade de participação de fusão com o DEM ou com o Solidariedade, vamos permanecer como estamos”, enalteceu Moura, que defende a ideia de se constituir o blocão, entre partidos de oposição não radicais para encaminhar o voto nos projetos que tramitam no Congresso Nacional.

Para André Moura, seria difícil a fusão do PSC com partidos que pretendem realizar um trabalho de oposição radical ao governo. “O PSC está em processo de crescimento, é um partido organizado, independente, que tem bandeiras de lutas diferentes do DEM e do Solidariedade”, ressaltou o parlamentar. “O DEM e o Solidariedade fazem oposição ferrenha ao governo, mas nós não. Não somos aliados do governo, mas também não queremos compromisso de fazer oposição radical”, disse.

André Moura: sem fusão

Moura esclareceu que o PSC faz parte de um blocão informal com participação do PMDB, PTB, PR e Solidariedade, cujas lideranças se reúnem semanalmente às terças-feiras para discutir as matérias que entrarão em pauta durante a semana e o grupo toma decisões conjuntas. Na maioria das vezes, segundo André Moura, o grupo segue o mesmo entendimento em plenário.

A ideia é tornar este bloco oficial, na perspectiva de apoiar o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB) na disputa pela presidência da mesa diretora da Câmara dos Deputados, garantindo vaga na futura mesa diretora e na presidência de comissões permanentes do parlamento.

DEM

O deputado estadual Augusto Bezerra (DEM), vice-líder da oposição na Assembleia Legislativa de Sergipe, lamenta que estas discussões sejam restritas à Executiva Nacional do partido. “Nós não somos informados de nada, só pela imprensa”, diz Bezerra. “Eles mexem com a vida política da gente sem nos reunir para discutir ou pelo menos nos comunicar, e isso é preocupante. Sergipe fez um deputado federal e um senador, por isso deve ter uma atenção especial do partido”, informa.

Augusto Bezerra reconhece que o partido encolheu e que chegou a conversar sobre possível fusão com o prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto, de Salvador, capital da Bahia. “Mas senti que a fusão seria com o PSDB, mas Aécio [Neves, ex-governador de Minas que disputou a Presidência da República] perdeu…”, observou. “O partido está definhando em nível nacional e precisa de uma injeção de ânimo. O partido cumpriu o seu papel e precisa de renovação, mas quero participar dos debates e saber o ideário das lideranças em nível nacional”, ressaltou Bezerra.

Por Cássia Santana

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