Deputados “queimam” o Sintese

Francisco Gualberto: "Nós n]ao vamos ressurgir das cinzas" (Fotos: Portal Infonet)

Os deputados estaduais 'queimaram' o Sindicato dos Trabalhadores da Educação no Estado de Sergipe (Sintese) no plenário da Assembleia Legislativa na manhã desta quarta-feira, 15. O primeiro orador, descontente com a iniciativa do sindicato em queimar, em praça pública, bonecos de Judas caracterizados com todos os que votaram em favor do projeto de revisão do Piso Salarial do Magistério, enviado pelo Governo, foi Francisco Gualberto (PT). Citando Allan Kardec, ele alertou que os parlamentares não vão ressuscitar das cinzas, com isso a diretoria do sindicato não precisa os procurar mais para negociar qualquer projeto.

“Nossa bancada nunca moveu um dedo para falar contra a educação pública. Estou falando em nome dos 16 deputados que foram ‘queimados’ na praça ontem pela diretoria do Sintese. Nós nos reunimos e já decidimos. Vamos distribuir dois milhões de panfletos e vamos ter peças publicitárias restabelecendo a verdade. Vamos aos rádios e a todos os meios de comunicação mostrar a injustiça do Sintese”, ressalta Francisco Gualberto.

Deputada Ana Lúcia acompanhou os apartes pensativa

Segundo ele, “Não vamos mais aceitar qualquer discussão com o Sintese. Se algum professor nos procurar a gente vai atender, mas o Sintese, tenho certeza que não terá coragem mais de nos pedir alguma coisa, até porque já viramos cinzas e só Allan Cardec para acreditar na vida após a morte”, alerta o líder do Governo.

Apartes

Todos os deputados ‘queimados’ e até mesmo os que votaram contra o projeto do Governo, se pronunciaram e sem exceção, todos criticaram duramente a direção do Sintese. “Aqui se fala muito em ter história, como se nenhum de nós tivéssemos histórias. Entendo que a manifestação deve ser livre, democrática e respeitosa. O Sintese não me deve nada e eu não devo absolutamente nada ao Sintese. Desconheço a partir de hoje, a legitimidade do Sintese e não aceitarei mais participar de qualquer negociação com a presença da diretoria do Sintese, só se for com professores”, avisa o deputado Gilmar Carvalho.

“Eu nunca fui procurado pela diretoria do Sintese, nem pela deputada Ana Lúcia para que votasse em prol dos professores e acredito que o ato do Sintese na praça foi um erro histórico que não contribui em nada com a classe trabalhadora”, diz João Daniel (PT).

“Antes da votação recebi e-mails de professores ameaçadores. Você vai me pagar, traidora, diz um deles. Nós vivemos uma democracia e aquela fogueira para mim foi como uma visão olística, como se o fogo estivesse queimando a inveja em cima de mim. O Sintese já fez isso outras vezes, espalhando cartazes no calçadão, mas quero aqui dizer que estou completando o meu sétimo mandato. Será que não entendem que se não votássemos ficariam sem aumento. Como era? Nunca vi uma coisa dessas, os deputados serem taxados por aprovarem um aumento de mais de 15%”, destaca a deputada Susana Azevedo (PSC).

“A diretoria do Sintese foi ingrata até mesmo com os sete deputados que votaram contra o projeto do Governo. Na manifestação e nos cartazes não mostram quais os deputados que foram favoráveis à categoria. Venâncio Fonseca, Augusto Bezerra, Goreti Reis, Arnaldo Bispo e Capitão Samuel não receberam o agradecimento”, completa o deputado Luis Mitidieri.

“Injustos”

Dentre os apartes, um em tom de mágoa. O da presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, Angélica Guimarães. “Enquanto presidente desta casa eu tratei muito bem os professores durante todo o tempo que aqui ficaram acampados. Ocuparam as galerias, ocuparam o hall, eu os visitei, tratei todos com respeito e recebi em troca uma ingratidão. Também fui queimada na praça, mesmo eles sabendo que não votei, querem mostrar à sociedade que foram 17 votos em favor do Governo, mas foram 16. Foi uma deslealdade que fizeram comigo e eu quero repudiar a atitude do Sintese, porque o que estão fazendo é uma inverdade, uma injustiça”, desabafa Angélica Guimarães.

“Eles se equivocaram na luta. Eu não mereço apanhar de ripa na praça pública. O Sintese não queimou o voto, mas a imagem dos deputados. Se esta casa tivesse votado não ao projeto do Governo, não teria aumento nenhum, pois o governador já tinha afirmado que por não ter dinheiro agora, pagaria primeiro a quem ganha menos. Eu sinceramente acho que existiu um exagero, pisaram demais no acelerador. O Sintese não foi leal e colocou todos no mesmo saco”, lamenta a deputada Conceição Vieira (PT).

“Eu votei sim em favor dos professores como sempre disse que faria, porque se tivesse votado não ao projeto do Governo, eles não iam receber 15.86% de reajuste salarial. É muito indigno o que fizeram comigo, ser tratado como Judas e traidor”, acredita o Pastor Antônio dos Santos.

A deputada Maria Mendonça disse ter recebido várias telefonemas de solidariedade. “Eu sou especialista Educação, educadora e sempre vou estar lutando em favor dos professores. O sindicato é posto para lutar e tem o direito de discordar dos outros, mas tem que respeitar e não queimar deputados em via pública”, diz.

Sozinha

Na sessão desta manhã, o clima foi de solidariedade ao pronunciamento do líder do Governo, Francisco Gualberto. Até mesmo o discurso da oposição era de respeito àquela Casa. A deputada Ana Lúcia (PT), passou todo o tempo ouvindo os apartes, com uma fisionomia um tanto preocupada.

A defensora dos professores não contou com o apoio da diretoria do Sintese na sessão desta quarta-feira, 15. Ninguém apareceu nas galerias, apenas uns poucos professores que discordavam dos apartes contra o sindicato. Vez ou outra Ana Lúcia olhava para as gelarias, mas apenas o economista do Dieese, Luis Moura acompanhou a sessão por poucos minutos.

Ana Lúcia se inscreveu para falar, mas até o fechamento desta matéria, por volta das 13h, não tinha conseguido usar a tribuna. Francisco Gualberto falou até o meio-dia e em seguida foi a vez de Venâncio Fonseca (PP) usar a tribuna no lugar de Ana Lúcia que reivindicou o direito. Ao verificar, a presidente Angélica Guimarães disse “houve um erro da funcionária desta Casa, mas sua fala está garantida”.

Oposição

O deputado Venâncio Fonseca disse que poderia ficar calado já que não foi ‘queimado’. “No dia de hoje eu poderia ficar calado, silencioso, podia ter ficado fora desta encrenca caseira. Essa é a sessão mais solidária de todo este período. Tivemos vários embates com o Sintese quando defendia a posição do meu Governo. Também já fui queimado no meu Governo. Neste, a oposição foi excluída do fogo, votei contra, fui queimado, votei a favor como agora e fui agredido, disseram que o voto era de oportunista, como se o Sintese para uma votação aqui só precisasse única e especialmente do voto da deputada Ana Lúcia. Uma andorinha só não faz verão”, enfatiza.

Por Aldaci de Souza

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