Eleição na AL pode atropelar indicação ao TCE

Belivaldo Chagas: processo atropelado (Foto: André Moreira/ASN)

A antecipação das eleições para a escolha da mesa diretora da Assembleia Legislativa e o consequente racha do governador Marcelo Déda com o agrupamento político liderado pelos irmãos Eduardo (senador – PSC) e Edvan Amorim poderão respingar diretamente nos encaminhamentos para a indicação do Poder Legislativo para preenchimento da vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, vacância que surgiu com a aposentadoria da conselheira Isabel Nabuco, no início deste mês.

O deputado Francisco Gualberto (PT), líder do governo na Assembleia, já está com requerimento pronto, subscrito por todos os deputados estaduais, com a indicação de Belivaldo Chagas para o cargo. Mas os encaminhamentos poderão ser atropelados. Belivaldo Chagas ocupa o cargo de secretário de Estado da Educação, com a indicação do PSB, partido do senador Antonio Carlos Valadares, que tem muita aproximação com o agrupamento político liderado pelos irmãos Amorim.

Mas as retaliações à deputada Maria Mendonça, a partir da exoneração da irmã dela, Maria do Carmo Mendonça Andrade, da Diretoria de Atendimento do Detran, poderão ser fator decisivo para barrar o sonho do senador Valadares em emplacar Belivaldo no TCE e traçar novo cenário político nos encaminhamentos para preenchimento da vaga no TCE.

O deputado Gilmar Carvalho (PR) – aliado dos Amorim – aproveitou o momento de tensão para exigir posição do PSB (partido de Maria Mendonça) pelo rompimento com o governador Marcelo Déda. “Se o PSB tiver a mínima consideração com a deputada Maria Mendonça romperá com o governador Marcelo Déda”, bradou Gilmar. O deputado não tem dúvida que os deputados tendem a mudar de concepção quanto à indicação de Belivaldo Chagas depois dos últimos episódios que envolvem o relacionamento do Poder Legislativo Estadual com o Poder Executivo de Sergipe. “Quando assinei requerimento em favor de Belivaldo o cenário era outro”, comentou. “Se a bancada que segue a orientação política do senador Eduardo Amorim votar em Belivaldo com o PSB mantendo seus cargos no Governo, eu me afasto dos Amorim”, ameaçou o parlamentar ao defender o rompimento do senador Valadares com o governador Marcelo Déda.

Sem dificuldades

Gilmar vê dificuldades para a Assembleia Legislativa emplacar a indicação de Belivaldo Chagas, apesar do requerimento estar assinado pelos 24 parlamentares. Mas a análise política de Gilmar não é compartilhada pela bancada que permanece dando sustentação ao Governo na Assembleia. “É apenas uma jogada de cena, nada vai mudar. Belivaldo será efetivamente eleito para o Tribunal de Contas”, rebate o deputado Zezinho Guimarães (PMDB).

Sentimento compartilhado pelo deputado Francisco Gualberto, líder do Governo, autor do requerimento com a indicação de Belivaldo Chagas para o TCE. Gualberto não acredita que os últimos episódios envolvendo os dois poderes exercerão influência na indicação do TCE. Gualberto não vê ruptura do Governo com o PSB, como insinuou o deputado Venâncio Fonseca, líder da bancada de oposição, e garante que o processo do TCE será resguardado. “Só posso dizer o que vivo na realidade e a realidade é que os 24 deputados subscreveram o requerimento”, disse.

O deputado Adelson Barreto (PSB) que, a exemplo de Maria Mendonça, trilhou pela eleição antecipada da mesa Diretora, também não vê possibilidade do novo cenário político interferir na indicação de Belivaldo Chagas ao TCE.

E, ao contrário do que defende Gilmar Carvalho, o deputado socialista não vê motivo para o partido romper com o governador Marcelo Déda. Ele não explicou os motivos que o levaram a trilhar pela antecipação das eleições, mas garantiu que posteriormente falará sobre a questão. “Antes, vou conversar com o senador Valadares”, esquiva-se. “O que vou dizer à imprensa é o que vamos dizer ao senador Valadares”, promete.

Apesar das retaliações anunciadas pelo governador Marcelo Déda, o deputado Adelson Barreto não vê motivo para embarcar no bonde da oposição no Poder Legislativo. “O fato de votar pela permanência da deputada Angélica na Presidência é algo comum, portanto nada deve mudar em relação ao governo. Sempre votei nos projetos do Governo e minha pretensão é continuar dando apoio e sustentação porque este é o governo que acredito”, comentou.

Comportamento bem diferente do adotado pela deputada Maria Mendonça que optou pelo rompimento explícito com o governador Marcelo Déda. No plenário da Assembleia Legislativa, Maria Mendonça oficializou o rompimento ao anunciar que estaria devolvendo ao Governo todos os cargos ocupados a partir de sua indicação política e que na tarde desta quarta-feira, 29, participaria de reunião com o grupo liderado pelos irmãos Amorim.

O secretário Belivaldo Chagas, ex-deputado estadual, preferiu o silencio quanto à polêmica que envolve a indicação de seu nome para a vaga do TCE e revelou que está afastado completamente do cenário político-partidário. “Desde que assumi a Secretaria de Educação que não me envolvo com a política, até para não atrapalhar o projeto para a Secretaria”, explica.

Apesar de se esquivar em emitir conceito quanto ao novo cenário no Poder Legislativo a partir do racha do Governo com o grupo liderado pelos Amorim, Belivaldo reconhece dificuldades para emplacar seu nome para o TCE. “Tem momentos que parece fácil, tem momentos que é difícil, mas tenho bom relacionamento com todos os deputados e fica difícil emitir um parecer. Não sei o que está acontecendo nos bastidores”, resume.

Por Cássia Santana

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