Gilson quer instituir Dia de Combate à Depressão em SE

Gilson Andrade (Foto: Agência Alese)

O deputado estadual Gilson Andrade (PTC), visivelmente emocionado e sem controlar as lágrimas, ocupou a tribuna da Assembleia Legislativa, na manhã da terça-feira (4), para agradecer a todos que, de uma forma geral, ficaram solidários com ele e com toda a família após o falecimento do jovem Bruno Menezes de Oliveira, de apenas 15 anos, no último dia 27, em Aracaju. O parlamentar, que defendeu que seja instituído o Dia de Combate à Depressão no calendário do Estado, chegou a emocionar vários deputados e servidores da Casa quando afirmou: “só sofre quem ama! Essa dor é diretamente proporcional ao amor que sentimos por ele”.

Ao iniciar seu pronunciamento, Gilson Andrade agradeceu a Assembleia Legislativa, na pessoa da presidente da Casa, deputada Angélica Guimarães (PSC) e à imprensa do Estado, em especial ao jornal Cinform. “No dia 27 último eu perdi meu filho. Todos sabem que a ordem cronológica das coisas é para que o filho nunca vá embora antes dos pais. É muita injustiça, mas temos que ter capacidade para absorver e seguir em frente. As inúmeras mensagens e telefonemas de apoio e carinho têm servido para confortar nossa família. O apoio que recebi desta Casa, dos servidores, dos amigos e da família serve de contentamento e alivia um pouco a nossa dor”.

Em seguida, já sem conter as lágrimas, o deputado desabafou e disse que “vocês não imaginam como está sendo difícil a gente ter que conviver com a dor da perda! Não imaginava que pudesse doer tanto! Com 24 anos de idade, eu perdi meu irmão, meu amigo e confidente. Vivenciei o sofrimento de minha mãe e de meu pai naquele momento e hoje tenho a verdadeira percepção. Sobre meu filho, lembro que almocei com ele no domingo que antecedeu tudo. Cheguei de Estância, deitei e cochilei. Fui acordado por ele, me pedindo a benção. Depois de abençoá-lo, dei-lhe um beijo nas mãos. Ele me perguntou como estava a campanha, disse que estava tudo bem e que vamos ganhar a eleição”.

Gilson Andrade confessou que após deixar o filho na casa da avó, retornou para Estância feliz. “Na segunda-feira, dia 27, ele foi para o Colégio, almoçou normalmente e passou a tarde em casa com a namorada. À noite, das 18 às 19 horas, teve a sessão com a psicóloga. Depois foi até a maternidade para visitar e conhecer sua priminha que havia chegado ao mundo naquele dia. Tirou fotografias, foi para casa, tocou guitarra e violino, e, antes de se trancar no quarto, se despediu da irmã, da mãe e da empregada que ele adorava. Um tempo depois a mãe ouviu um barulho e chegou a olhar pela janela. Como não viu nada na rua, voltou ao quarto”.

“Pouco tempo depois veio o síndico do condomínio, todo sem jeito, sem saber como fazer a abordagem, mas perguntando quantos filhos minha mulher tinha. Ela disse que tinha dois e ele perguntou onde eles estavam. Foi quando ela tomou conhecimento do que aconteceu, que nosso filho estava estirado no pátio do prédio. Um garoto estudioso, que aprendeu a tocar violino e guitarra sem ter ido a uma aula. Compôs três músicas. Nos momentos de tristeza não escondia seu amor pelo pai e por toda a família. Mas ele sempre me dizia que não queria viver muito, que só queria viver até os 18 anos. Ele tinha esse projeto em sua vida”, acrescentou o deputado estadual, emocionando os presentes.

Indicação – O deputado estadual pediu o apoio dos demais colegas de parlamento porque vai apresentar uma indicação instituindo o Dia Estadual do Combate à Depressão. “Quero ser o autor e acho que esse momento serve para uma reflexão. Como é grande o preconceito com aqueles são diferentes. Vocês não imaginam como é difícil viver nessa sociedade, muitas vezes hipócrita, quando se pensa diferente da maioria das pessoas. Temos que combater esse preconceito nas escolas e na própria família. Isso tem que ser feito em qualquer meio social. Temos que ter atenção com as pessoas portadoras de depressão ou de qualquer distúrbio mental. A nossa medicina evoluiu muito, mas quase nada sobre as doenças mentais. Meu filho vinha sendo acompanhado por um psiquiatra e vinha muito bem. Nós o levávamos quantas vezes fossem necessárias por semana”.

“Conversei com a médica dele e ela me disse que no dia do acontecido ele estava muito bem, inclusive com sinais de melhora. Percebam o quanto é difícil entender a mente humana. Quero agradecer também a todos os amigos do Colégio Ideal, que fizeram uma camisa com a foto dele e foram para a missa de sétimo dia. Agradeço a todos que, em 15 anos e nove meses, amaram meu filho, cruzaram o caminho dele e lhe deram carinho”, disse o deputado, lendo a letra da música “Encontros e Despedidas”, de Milton Nascimento, acrescentando que “nos encontramos em 20 de novembro de 1996 e nos despedimos em 27 de agosto de 2012. Até o próximo encontro. Muito obrigado”, concluiu Gilson Andrade.

Fonte: Agência Alese

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