Governador não vê falta de diálogo com AL

Angélica e Déda: harmonia entre os Poderes? (Foto: Arquivo)

O governador Marcelo Déda não acredita que tenha falhado em suas relações pessoais e institucionais com os deputados estaduais que optaram em contrariá-lo quando decidiram apoiar a antecipação da eleição para a escolha da nova mesa diretora da Assembleia Legislativa. O governador revela que recebeu, em várias oportunidades, os parlamentares em audiência no Palácio de Despachos, mas prefere não seguir o ritmo do senador Valadares que, na época em que exerceu cargo de governador do Estado, seguia para despachar com os deputados na Assembleia Legislativa.

Déda não condena, mas reconhece ter estilo diferente do senador Valadares. “Por uma questão de estilo, não digo que está errado, mas minha formação política me diz que não devo, como chefe do Executivo, despachar dentro de um poder. É uma visão minha, de advogado e militante político”, comenta.

Para Déda, o governador só deve ir ao Legislativo em solenidades previstas constitucionalmente. “O governador vai em solenidades previstas pela Constituição e pelo  regime da Casa. Introduzi a prática de ler mensagem aos deputados, mas um governador sentado num gabinete de deputado despachando… O senador Valadares foi governador antes da Constituição de 88. Agora, o momento é outro. O governador despacha no Poder Executivo e os deputado no Poder Legislativo”, considera.

Déda não vê a crise política como consequência da falta de atenção aos deputados estaduais. “Alguém aqui, que saiu ontem do jardim de infância, acha que a crise política foi gerada porque deputado não foi recebido pelo governador? Se acham, vocês são a imprensa mais inocente do mundo e merecem meu aplauso pela pureza de alma”, brincou.

O governador confessa que ainda não conversou com a deputada Angélica Guimarães, a presidente do Poder Legislativo que se tornou pivô da crise política entre Déda e o parlamento. “Encontrei a deputada no Tribunal de Contas na posse do presidente e a cumprimentei”, ressaltou.

Apesar da crise política, Déda assegura que manterá boas relações institucionais com todo o parlamento. “Ela é a presidente do Poder Legislativo. A questão tem um lado institucional e um lado político. Como presidente do Poder Legislativo, a  deputada sempre será tratada com toda consideração, respeito e toda atenção que a Assembleia Legislativa e seu presidente merecem do Poder Executivo”, considerou.

Mas, do ponto de vista político, o governador resume que o relacionamento dependerá dos posicionamentos que virão a partir de agora. O governador não revelou as ações que estão sendo adotadas pelo Executivo para conquistar deputados que atualmente estão em lado oponente, mas os bastidores revelam que há negociações bastantes avançadas para compor a maioria e que a decisão dos secretários em colocar os cargos à disposição seria uma das estratégias do Governo.

“A Assembleia Legislativa constitui um poder de Estado. Não tenho a menor dúvida que a Assembleia não vai fazer gol contra o Estado de Sergipe”, reagiu. “A maioria é uma questão política, quais os partidos que estão lá representados e quais as posições que estes partidos tomam, é uma questão eminentemente política. Diz respeito aos deputados, aos partidos e também ao governador. Do ponto de vista institucional, a Assembleia tem condições de continuar sendo, independente das questões partidárias, uma grande referência na luta pelo progresso de Sergipe”.

Reflexão

Quanto à crise política, Déda diz que o momento continua sendo para reflexão. “Achei conveniente neste momento concentrar minha energia na reflexão. Às vezes uma palavra mal colocada é mal interpretada. Tem uma coisa menos vulnerável às interpretações e às interpretações maldosas: os atos. Quando uma decisão é tomada o ato fala por si, uma decisão política e um ato administrativo falam por si”, resume.

Déda diz que seu papel, no momento, é refletir “com muita calma e tranquilidade sobre a nova situação política do Estado, sobre as consequências dessa nova situação política na composição do governo, avaliar uma reforma do secretariado que traduza o novo quadro político-administrativo do Estado, avaliar com responsabilidade, carinho e tranquilidade os passos a ser dados na política e não deixar que a agenda política contamine o trabalho do governo”.

O governador reconhece a necessidade de conversar com os amigos e ouvir opiniões. “Concordar com algumas, discordar de outras e, aos poucos, ir desenhando um novo perfil político para o meu governo. É uma obra que tem que ser feita com calma”, considera.

Para Déda, a crise política trará reflexos para a eleição municipal, mas não fez grandes revelações. “Vamos discutir quais partidos formam o bloco do governo com tranquilidade e calma porque as coisas são resolvidas no seu devido tempo. A política não convive com aborto, as coisas têm que acontecer no tempo certo”, diz.

Por Cássia Santana

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