Governadores de SE e AL promovem grito em defesa do rio

O grito de alerta foi dado pelo governador Jackson Barreto (Foto: Jorge Henrique/ASN)

Parte da história e da cultura dos estados por onde passa, o rio São Francisco tem um papel fundamental na economia e na vida dos nordestinos. Para lançar um grito de alerta em defesa do “Velho Chico”, o governador de Sergipe, Jackson Barreto, e o governador de Alagoas, Renan Filho, reuniram-se na manhã desta sexta-feira, 15, no município alagoano de Penedo, para discutir ações mais efetivas para revitalização do São Francisco.

Umas das preocupações dos governadores é com a vazão do rio São Francisco, que vem reduzindo de forma significativa nos últimos anos, baixando de 1.300 m³/s para 600 m³/s, tendo, por fim, sido reduzida a 580 m3/s na última semana. É a maior seca em quase 90 anos. A vazão natural média anual do rio São Francisco é de 2.846 m3/s, mas ao longo do ano pode variar entre 1.077m³/s e 5.290m³/s.

No encontro, o governador Jackson Barreto apresentou um estudo dos impactos econômicos e sociais da redução da vazão do São Francisco, alertando para o risco de um colapso no sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Aracaju e de outros municípios do estado. O documento detalha as ações que o Governo de Sergipe vem adotando providências para atenuar as consequências das sucessivas reduções da vazão do Rio São Francisco, buscando adequar algumas captações, a fim de assegurar o abastecimento dos diversos municípios à beira do Rio São Francisco, o que vem causando transtornos e despesas para a Companhia de Saneamento de Sergipe- DESO.

Para Jackson Barreto defender o Velho Chico é se atentar à importância que ele têm para o cotidiano do nordestino e para o desenvolvimento da região. “Estamos aqui para fazer um grito de alerta dos estados que são banhados pelo são Francisco. A vazão do Rio tem diminuído e pode comprometer o abastecimento de Aracaju, cerca de 1 milhão de pessoas. Tive que ir a São Paulo, pedir a tecnologia utilizada durante a crise hídrica para prevenir um desabastecimento. Estou apreensivo porque se não chover na cabeceira do Rio e no oeste da Bahia, teremos problemas com o abastecimento. Estamos aqui para dizer a Chesf e ao governo federal que é preciso uma providência urgente. É o momento de fazer um grito de alerta em defesa do Rio. Sergipe, Bahia, Alagoas e Pernambuco são banhados pelo rio, mas Sergipe é o mais prejudicado com a diminuição da vazão. As vozes dos governadores têm um peso maior. A revitalização não pode ser tratada como discurso”, defendeu.

Além dos problemas que vem causando na captação de água para abastecimento, com diversos impactos sociais e econômicos, a redução da vazão do rio São Francisco teve impacto direto, nos últimos anos, sobre o PIB do estado de Sergipe. A queda de mais de 50% na geração de energia elétrica da UHE de Xingó vem se constituindo no principal fator de queda do PIB estadual nos últimos anos. Com a redução da vazão no rio São Francisco, a geração de energia elétrica vem apresentando sucessivas reduções desde 2013. A geração de energia elétrica no território sergipano caiu de 10.177 GWh, no ano de 2012, para 4.333 GWh, em 2016, segundo o Balanço Energético Nacional do Ministério de Minas e Energia. Entre 2012 e 2016, a geração de energia elétrica em Sergipe despencou 57,4%. As novas reduções de vazão em 2017 certamente implicarão em mais encolhimento na geração de energia no ano corrente.

Para o governador de Alagoas, Renan Filho, Alagoas e Sergipe vêm "pagando a conta" da geração de energia. “A revitalização, a preservação, a retomada do protagonismo econômico e social do Velho Chico é muito importante para o nordeste brasileiro e para o país, afinal de contas cerca de 25 à 30 milhões de habitantes deste país, de alguma forma, são influenciados pelo comportamento das águas do Velho Chico, que está secando”, disse Renan Filho.

Jackson explicou que o rio é o principal manancial de capitação de água da Grande Aracaju (cerca de 1.000.000 de habitantes). Com essas constantes reduções do nível da água, o sistema encontra-se no limite do ponto de sucção das bombas. Na última segunda, o governador Jackson Barreto e o governador Geraldo Alckmin assinaram termo de cessão de uso, por meio do qual a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) vai ceder à Companhia de Saneamento de Sergipe – Deso, de dois conjuntos motobombas flutuantes utilizados durante a crise hídrica de São Paulo. Os sistemas vão reforçar a captação de água do São Francisco, evitando o colapso no abastecimento da grande Aracaju.
No Baixo São Francisco, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), tem convênio com a Deso para implantação do sistema de esgotamento sanitário em Itabi (R$ 8.829.265,31), Pacatuba (R$ 7.191.025,18) e São Francisco (R$ 7.289.334,66). As obras estão paralisadas.

A redução da vazão do rio São Francisco se deve essencialmente à construção de reservatórios para as usinas hidroelétricas ao longo do Rio: Três Marias, Queimado, Sobradinho, Itaparica, Complexo Paulo Afonso e Xingó.

Recentemente houve autorização da Agência Nacional de Águas – ANA e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama para testes com vazões para os patamares de 550 m³/s.

Durante o encontro, o governador de Sergipe, Jackson Barreto, e o governador de Alagoas, Renan Filho, formularam um documento, que será encaminhado ao Governo Federal. Os governadores dos estados da Bahia, Rui Costa e de Pernambuco, Paulo Câmara, também manifestaram apoio ao ato realizado na cidade de Penedo. Eles foram convidados, mas não puderam comparecer.

Fonte: ASN

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