Greves: Crise mundial ou má gestão pública?

Várias categorias paralisaram seus  serviços / Foto: Arquivo Infonet

Todo ano é a mesma coisa. Durante as negociações do acordo coletivo, diversas categorias entram em greve e outras sinalizam o mesmo em Sergipe. No mês de março, professores das redes estadual e municipal e médicos do município de Aracaju decretaram greve. Além deles, outras categorias discutem a paralisação, a exemplo dos guardas municipais, agentes epidemiológicos, motoristas de ônibus e funcionários dos Correios.

O secretário de Finanças da capital, Jeferson Passos, ressalta que a crise mundial atingiu o município. “Participamos de fóruns, acompanhado os analistas econômicos, e temos uma degradação do cenário que vem se acentuando desde outubro de 2008. Nós tínhamos uma previsão de crescimento do PIB de 4,5% para 2009 e hoje já se tem uma previsão de decréscimo”, explica.

O governador Marcelo Déda / Foto: Arquivo Infonet
Por conta disso, a administração municipal foi taxativa e afirmou que não há possibilidade de concessão de reajuste salarial ao conjunto dos servidores da administração em 2009.

Questionado sobre o assunto, o governador Marcelo Déda afirmou que a crise fez de 2009 um ano difícil. “Até o Governo Federal já está repensando em conceder o reajuste aos servidores já aprovado pela Câmara. As categorias precisam compreender que eu, enquanto governador do Estado, só concederei o aumento que puder”, declara.

Desculpas

De acordo com Joel Almeida, presidente do Sintese, cada greve é definida por um cenário diferente e varia de acordo com sua categoria. “Porém, o Governo afirma que há dificuldade de negociar por conta da crise. Aoa nossos olhos, isso não existe; a greve

Joel Almeida, do Sintese / Foto: Arquivo Infonet
acontece quando direitos estão sendo negados aos servidores”, afirma.

Da mesma forma pensa o presidente do Sindicato dos Médicos,  José Menezes. Ele adverte que a negociação salarial de todas as categorias será difícil, pois os governos irão aproveitar o discurso da crise mundial para não ampliar as negociações.

“Além da desculpa da crise mundial, neste ano teremos dois grandes problemas para negociar o acordo salarial: a questão da dengue e a falta de eleições. Eles utilizam os casos de dengue com intuito de enfraquecer a briga da classe médica. Até parece que foram os servidores que fizeram a crise mundial. E como este ano não há eleições, os administradores desprezam os servidores e, no próximo ano, fazem uma gracinha e o povo esquece. Mas nós não vamos esquecer!”, diz ele, acrescentando que só existe uma única lei para os gestores, que é a Lei 

Outras categorias ameaçam paralisar / Foto: Arquivo Infonet
de Responsabilidade Fiscal.

Questão política

Para o cientista político Helder Teixeira, a explicação de que o número de greves é proveniente da crise mundial é política. “O problema do piso do magistério, por exemplo, é uma batalha de posições. O piso salarial não pode ser atingido a partir de gratificações, isso está garantido por lei. O Sintese está fundamentado em um princípio legal”, afirma.

Helder conclui com um comentário ácido sobre a gestão dos dois políticos. “Tais justificativas para dois partidos que pautavam pela luta dos trabalhadores não é razoável, no ponto de vista do compromisso político”.

Por Domingos Lessa e Carla Sousa

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