Grito dos Excluídos atrai grande multidão em Aracaju

Grito dos Excluídos: manifestação em defesa da vida e protestos contra Bolsonaro (Fotos: Portal Infonet)

Com bandeiras pela defesa dos direitos humanos e pela vida, lideranças religiosas, sindicalistas e ativistas dos movimentos sociais participaram no final da manhã deste sábado, 7, do 25o Grito dos Excluídos. Os manifestantes começaram a concentração na Praça Fausto Cardoso e seguiram pela avenida Ivo do Prado até o trecho da avenida Barão de Maruim, onde ocorreu o desfile cívico promovido pelo Governo do Estado em alusão ao Dia da Independência do Brasil comemorado neste 7 de setembro.

Na avenida Ivo do Prado, os manifestantes se concentraram e aguardaram o final do desfile, quando a pista foi liberada para os ativistas. Durante o desfile, muitas pessoas se concentraram ao longo da avenida aplaudindo aqueles que exibiam equipamentos e grupamentos, vinculadas à segurança pública, a exemplo do desfile dos variados segmentos da Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e mergulhadores do grupamento marítimo, que atuam para defender vítimas que estão em situação de risco.

Faixas cobrando atenção do governo para o funcionalismo público

Ao final de cada aparato que atua para salvar vidas e preservar a segurança do cidadão, um grupo de garis passava com seus equipamentos que utilizam, diariamente, para fazer a limpeza pública e, da mesma forma, eram muito aplaudidos.

Durante o desfile cívico, na avenida Barão de Maruim, servidores públicos também aproveitaram para cobrar melhorias no serviço público e estenderam faixas, inclusive com pedido para aumentar o efetivo do Corpo de Bombeiros. As faixas foram fixadas em ponto estratégico, em frente ao palanque onde o governador Belivaldo Chagas (PSD) e outras autoridades estavam acompanhando o desfile.

Resistência à opressão

Garis e policiais são bastante aplaudidos na avenida

Amparados pelo tema ‘Vida em primeiro lugar’ e lema ‘Este sistema não vale – lutamos por justiça, direitos e liberdade’, os manifestantes começaram o Grito dos Excluídos, percorrendo todo o trecho do desfile cívico oficial, acompanhados por carros de som e discursos contra as desigualdades sociais e em repúdio à política do Governo Federal e ataques aos cortes de direitos e ao cerceamento da liberdade, um grito que se traduz também contra ao aumento da violência, do desemprego e um não à volta da fome, conforma explicam os organizadores.

Ainda na Praça Fausto Cardoso, os manifestantes participaram de um momento de oração celebrativa, conduzido por lideranças da Igreja Católica. “Sem dúvida é um momento privilegiado para ser lembrado, o Grito em defesa da vida e contra a morte”, destacou dom João José da Costa, arcebispo da Arquidiocese de Aracaju.

Manifestante exibe bandeira do Brasil e veste preto: luto

D. João José observou que a presença de um expressivo número de pessoas na manifestação simboliza o sucesso do evento. “É sinal de que a sociedade está fazendo uma adesão sincera e verdadeira diante desse momento. A vida tem que ser respeitada e, dessa bandeira, todos aqueles, embora tendo dignidade e condições, se inquieta com a miséria de tanta gente e se soma para sair às ruas gritando vida em primeiro lugar, vida para todos”, ressaltou o líder religioso.

Representantes de movimentos sociais se somaram ao grito da Igreja Católica. “Estamos aqui de preto, de luto, para manifestar nosso repúdio a esse governo da morte, da destruição, do retrocesso, da Amazônia em chamas, desse desgoverno que é antipovo, que retira direitos do trabalhador através de uma reforma perversa”, ressaltou o delegado Mário Leoni, da Polícia Civil, fazendo referência à política do Governo Federal. “É um governo homofóbico, machista e odioso. Precisamos nos insurgir”, enaltece.

D. João José comemora adesão da população

O delegado da Polícia Civil, que se tornou ativista em defesa da igualdade de direitos e da política de gênero, também se solidariza com o movimento negro e compara a reforma da previdência, que está em debate no Congresso Nacional, com a Lei do Sexagenário. “Porque nossos trabalhadores não terão efetivamente direito à aposentadoria”, observou. “O Grito dos Excluídos é o momento de fazermos resistência e buscarmos nos mobilizar contra esse desgoverno absurdo e perverso”, complementou.

Entre orações, músicas religiosas, pronunciamentos contra a política do governo federal, que os ativistas classificam como desmonte da soberania e dos direitos conquistados, os manifestantes seguiram todo o percurso, saindo da Praça Fausto Cardoso, até o trecho do desfile, na avenida Barão de Maruim, acompanhados pelas equipes que controlaram o trânsito naquela região. Durante o desfile e o ato do Grito dos Excluídos, o trânsito de carros ficou interditado entre o trecho da Assembleia Legislativa, na avenida Ivo do Prado, no centro da capital sergipana, até a avenida Augusto Maynard, no bairro São José.

Mário Leoni: governo homofóbico e machista

Integrante do Movimento Nacional dos Direitos Humanos, Lídia Anjos, observa que o Grito dos Excluídos se traduz como um momento de contestação contra “uma ordem que não nos representa”. Para Lídia Anjos, a data, dedicada ao Dia da Independência do Brasil, é excelente oportunidade para “dizer que a independência não existe para muito gente, que continua excluída”. Um movimento, segundo a ótica da ativista, em apoio também à comunidade quilombola, que tem seus direitos ameaçados, e contra a violência, que ela classifica como um extermínio da juventude. “Contra ao desmonte da educação, em defesa da vida e pela democracia. Tudo isso é pauta de direitos humanos”, analisa.

Por Cassia Santana

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