Há um ano Sergipe se despedia de Marcelo Déda

(Foto: Secom)

Homem de muitos plurais e bem colocados adjetivos, o político Marcelo Déda abrigava o gestor, advogado, poeta, cineasta, pai. Um ano após a sua morte, ele é orgulho para os sergipanos. Sua referência está presente na rotina do estado, porque hoje vivemos melhor, temos mais empregos, estradas, saneamento, hospitais, escolas. Obras concluídas ou iniciadas nas suas duas gestões como governador do Estado, entre 2007 e 2013 e que tiveram continuidade na atual administração de Jackson Barreto. Neste especial, apresentamos um pouco da administração e do legado político de Marcelo Déda para todos os sergipanos que tiveram sorrisos semeados por ele:

Política, intensidade e amor por Sergipe

Eleito duas vezes deputado estadual, duas vezes deputado federal, duas vezes prefeito de Aracaju e duas vezes governador de Sergipe, com vitórias históricas, que mudaram o cenário político do estado, Marcelo Déda ia além da sua admirável retórica e incontestável capacidade intelectual.

“Déda nos deixou um legado primoroso e exemplar jamais visto sobre como conduzir os caminhos políticos e a administração pública. Ele sempre traçou o caminho da ética, da responsabilidade, um dos maiores e mais vocacionados líderes da história desse país. Ao meu lado, trabalhou em busca de um Sergipe mais justo, de um Sergipe mais desenvolvido. Tenho orgulho e honra de ter ficado ao lado de Marcelo Déda e de ajudá-lo a transformar Sergipe, o menor estado da federação, em um gigante em desenvolvimento”, declarou Jackson.

Para a sua esposa, Eliane Aquino, uma das características mais marcantes de Marcelo Déda era a intensidade com que ele se dedicava as coisas. “Uma coisa que chamou muita atenção nele, quando eu o conheci, era a intensidade das coisas, ele pegava um livro para ler e saboreava o livro. Não era uma leitura só com os olhos, ele lia com a alma, você via em momentos assim, ele sentado lendo um livro que gostava e parecia que ele estava no lugar onde se passava a história do livro. Quando escutava uma música clássica que gostava, era como se ele estivesse flutuando em outro planeta, em outra constelação. Tudo dele era muito sentido, vivido, palpável”.

Essa mesma intensidade ele impunha em tudo que amava fazer, e se ele se dedicava a fazer era porque amava. Foi assim que se dedicou intensamente à política, por cultivar um enorme amor a terra onde nasceu, Sergipe, e ao povo sergipano.
“O amor que ele desenvolveu por essa terra, demonstrado desde cedo, desde as histórias que você escuta da família, que a mãe dele conta: dele pequenininho, subindo em um caixote, em Simão Dias, fazendo discurso para reclamar porque o prefeito morava no bairro nobre da cidade e tinha uma comunidade que morava no alagados, isso aos 8 anos de idade, ele já fazia um discurso brigando com o prefeito. Então, ele sempre teve essa preocupação muito grande com as pessoas, com os menos favorecidos, e sempre foi uma coisa muito bonita, muito verdadeira, que independente de se votasse nele ou não, ele carregava este cuidado. Ele tinha essa vontade de melhorar o estado dele, de melhorar o lugar onde ele vivia”, conta Eliane.

Obras

A gestão e as obras realizadas por Déda, em Sergipe, trouxeram mais qualidade de vida para sergipanos de todas as regiões, o sertanejo viu sua vida mudar com a implantação da Rota do Sertão, que levou desenvolvimento, impulsionou o turismo e a economia, ao possibilitar o escoamento da produção de leite, além de oferecer maior segurança ao sertanejo, que antes circulava em vias precárias e perigosas.

Na Grande Aracaju e no Sul do estado, as duas grandes pontes construídas em parceria com o governo federal para impulsionar o turismo da região, a Joel Silveira, inaugurada em março de 2010, que liga a capital sergipana ao município de Itaporanga D’Ajuda e a Gilberto Amado, maior ponte sobre rio do Nordeste, que liga os municípios de Estância e Indiaroba, proporcionando a interligação do estado à Bahia e inaugurada em janeiro de 2013, na presença da presidenta Dilma Rousseff.

“O Déda ia ao meu gabinete, quando eu era ministra, e falava: “Eu quero uma ponte”. E a gente olhava o Déda chegar e falar, depois que ele fazia a ponte: “Vai ter outra ponte”. O Déda, como toda pessoa que olha para o futuro e enxerga lá na frente, percebia que não se faz ponte só para o turismo. Nós fazemos pontes porque sem pontes vivemos separados, sem pontes nós não conseguimos nos agrupar e nos fortalecer”, disse Dilma, na ocasião.

Rodovias, asfalto, escolas reformadas e ampliadas, clínicas de saúde da família, hospitais regionais, centros integrados de segurança pública, quadras, escolas de esporte, elementos que interferem na qualidade de vida e no cotidiano da população. Obras que encantam, como o Palácio Museu Olímpio Campos e o Museu da Gente Sergipana, obras pouco perceptíveis, como as que resultaram na reestruturação da rede sanitária do estado, com implantação de sistemas completos de coleta e tratamento de esgotos domésticos e abastecimento de água, fruto de um investimento de R$ 1,49 bilhão, e que colocou Sergipe como o terceiro estado do Nordeste em taxa de domicílios ligados à rede de esgoto, segundo Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios de 2011.

Mais que isso, se investiu em ações que garantiram a inclusão pela renda, seja com benefícios à agricultura familiar, seja pela atração de novas indústrias que garantiram emprego formal para mais de 115 mil sergipanos, ou na execução de políticas públicas que buscaram promover a inclusão do cidadão e possibilitaram a mais de 216 mil famílias a sair da extrema pobreza.

Legado

O legado de Marcelo Déda, no entanto, vai muito além de obras físicas e se sustenta, principalmente, pela ética desempenhada como gestor, pelo zelo com a coisa pública e pela quase que obsessiva cautela em preservar os seus maiores patrimônios: o seu nome limpo e a sua história íntegra como político e como cidadão.

“Marcelo foi um político bem diferente. Eu não consigo olhar para Marcelo e pensar só em obras. Ele era tão maior que isso, de uma grandiosidade que era além do tempo dele. Ele era um político para conduzir qualquer Nação, porque ele não era um político de olhar só para o umbigo dele. Quando eu penso em Marcelo Déda, o que eu menos penso é nas obras físicas”, diz Eliane.

Eliane Aquino enxerga Marcelo Déda como um homem que esteve à frente de seu tempo. “Eu queria muito que essa geração e as próximas gerações carregassem o legado de Marcelo Déda como o cara que nunca deixou sujar o próprio nome. Como o cara que tinha tanto medo de sujar o próprio nome, que construiu a ética da forma que ele construiu, porque ele não tinha essa preocupação simplesmente para poder se qualificar enquanto político, mas tinha a preocupação com a ética para não sujar o nome dele, para não sujar a imagem dele perante os filhos. Um cara que na primeira posse como governador  faz um discurso falando para os filhos que a maior obra que deixaria para eles era o nome dele limpo, não é qualquer um que tem coragem de fazer isso. Na hora quando você fala “eu vou deixar meu nome limpo para vocês, para os filhos de vocês e para os netos de vocês”, em uma solenidade de posse, você tem que ser e saber muito quem você é para falar isso e Marcelo sabia”.

A viúva de Déda falou ainda da responsabilidade de levar o legado de Déda para gerações futuras. “Nós temos uma responsabilidade muito grande, enquanto cidadão e cidadã, eu fico pensando assim, se cada pessoa que eu encontro na rua que me faz uma declaração de amor por Marcelo, que faz uma declaração de respeito, ou simplesmente uma declaração de que acompanhava o trabalho dele e que acreditava nele, se cada um desseas pessoas, mantiver uma chama acesa e quiser que nosso estado- do que Marcelo Déda foi e do que ele quis para essa terra, e para o nosso país- se cada um buscar isso em um político a gente vai encontrar ainda muitos Marcelo Déda, pode até ser que não seja agora, mas se cada um de nós buscarmos políticos como Marcelo Déda, eles vão aparecer. É a nossa esperança, o maior legado dele está nas mãos da população que acreditava nele, da população que conheceu o trabalho de Marcelo Déda. Está em nossas mãos, não é só da Eliane, das filhas, dos filhos, está nas mãos de todos nós, o trabalho construído por ele, porque não vai ser mais vivido por ele, mas tem que ser carregado por nós. Não adianta só elogiar, escrever ou ler sobre Marcelo Déda, para mim, meu maior legado é querer carregar para outras pessoas o que Marcelo Déda carregou: a esperança, o respeito pela coisa pública, a honestidade, o amor pela família, esse é seu maior legado”.

Vida, arte e poesia

Segundo Eliane a vida era a maior paixão de Marcelo Déda, e ele soube aproveitar cada instante dos 53 anos vividos entre os seus. Tanto no âmbito familiar, como um pai dedicado que passou para os filhos o gosto pela leitura, pela música, pelo desenvolvimento intelectual; como o esposo carinhoso, que não admitia misturar trabalho com vida pessoal e que parecia assumir uma nova identidade quando cruzava a porta do seu lar. “Eu brincava que ele se transformava quando pisava no elevador para ir trabalhar, a partir dali, saía de cena meu Marcelo e ele virava o governador Marcelo Déda”, recorda Eliane.
Em julho deste ano os sergipanos puderam conhecer um pouco mais do lado artístico de Marcelo Déda com o lançamento do livro “Improvável Poética”, que reúne 44 poemas de autoria do ex-governador.

“Déda pintou, participou de uma peça de Teatro, aqui no [Centro de Cultura e Arte da Universidade Federal de Sergipe] Cultart. Era desenhista, tinha um bom traço, fez alguns cartazes de peças de teatro. Ele tem a capa de um trabalho, uma compilação de poesia dos alunos do Atheneu, que foi ele que desenhou, além de ser poeta e tem algumas caricaturas”, relata o subsecretário de Desenvolvimento Energético, e amigo pessoal de Déda, por mais de 30 anos, Oliveira Júnior, ao citar ainda que Déda participou da produção de filmes como ‘Carro de Bois’,  ‘José de Tal Ex-futuro cidadão e São João: povo em festa, documentário rodado em 1979, dirigido por ele.

“Ele deixou uma história muito interessante e bonita de ser contada. Déda foi governador do Estado por duas vezes, deputado estadual, deputado federal, foi líder de um partido político, líder estudantil, comandou movimentos sociais importantes, tanto na área sindical, como em movimentos com as ‘Diretas Já’. Em todas as facetas, em todas as áreas, onde ele teve algum tipo de intervenção, ele se destacou e no final da vida ele deixa uma obra de poesia, que é o livro Improvável Poética, que é outro traço marcante. Então, ele foi sempre aquela figura: o orador brilhante, o político de princípios, que deixa um legado de ética, de qualidade, de intervenção social que é muito importante de ser preservado e contado para as pessoas que não o conheceram pessoalmente”, conclui Oliveira .

Fonte: Secom

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