Idosos de Cristinápolis fazem cobrança ao Banese

Sr. Carmerindo: “Não sei colocar os dedinhos para o dinheiro sair” (Fotos: Portal Infonet)
“Eu não sei botar os dedinhos no botão para o dinheiro sair. Quando eu chegava no Banese para tirar os juros do meu dinheirinho, para comprar o meu remédio e pagar as minhas consultas, o segurança me dizia para eu sair da fila por causa da minha idade e dar meus documentos que ele tirava. No fim das contas, dos 18 mil reais que eu juntei a minha vida toda, ele roubou 11 mil”.

Este desabafo foi feito na manhã desta terça-feira, 14, pelo agricultor Carmerindo Alves Machado, 79, que junto com outros idosos veio pedir ajuda aos deputados para recuperar o dinheiro que perderam na agência do Banese do município de Cristinápolis, há cerca de dois anos. O acusado é o ex-funcionário de uma empresa de segurança que presta serviço

“Ele roubou R$ 11mil mais os juros do meu dinheirinho”
ao Banco do Estado de Sergipe, Jamisson Mendes Primo. Uma ação Penal foi aberta, mas até agora nem o acusado foi localizado, nem os idosos que perderam juntos cerca de R$ 80 mil foram ressarcidos.

O senhorzinho que inicia a matéria contou ainda que nasceu em Itabaianinha, mas ainda criança foi morar em Cristinápolis. Ali constituiu família e por conta do trabalho duro na roça, conseguiu juntar R$ 18 mil reais. “Eu nem tenho idade mais de ficar viajando, mas estou aqui para dizer a verdade. Sou honesto e quero lhe dizer que do meu dinheirinho, ele roubou R$ 11 mil e os juros. Aprendi com o meu pai que não adianta esperar por boa vida por isso ele botou eu e meus irmãos para trabalhar logo cedo. Eu juntei, confiei no banco e me levaram

D. Laura chorou no momento da entrevista
quase tudo”, lamenta o Sr. Carmerindo com os olhos marejados, a fisionomia e o corpo cansados.

Na comissão, uma senhorinha chamava a atenção. Olhar fixo nos profissionais da imprensa e nos deputados, ora ela chorava, ora ela mostrava-se meio que assustada. D. Laura Maria Reis dos Santos, tem 65 anos. Seu esposo, o lavrador José Reis dos Santos, foi um dos prejudicados. Só que há dois meses ele morreu sem que pudesse botar as mãos em um único centavo dos R$ 2.500 que perdeu da conta do banco.

“Meu marido morreu e esse dinheiro pode até ser pouco, mas está fazendo uma falta muito grande pra mim e pra minha

No Plenário, ela se manteve atenta aos pronunciamentos dos deputados
família. Eu não tenho mais força para trabalhar e agora sem meu velho [choro]… espero que os homens tenham consciência e devolvam nosso dinheirinho”, respira fundo com a voz embargada, a viúva do Sr. José Reis.

Cobrança

No Plenário da Assembléia, o deputado Venâncio Fonseca (PP) voltou a cobrar o ressarcimento do dinheiro. “Os velhinhos não podem ficar no prejuízo. Muitos não têm mais condições de trabalhar. Não estou aqui querendo denegrir a imagem do Banese. O que precisa ser feito é o banco ressarcir os valores aos idosos e entrar com uma ação contra a empresa terceirizada que lhe presta serviço. Essa situação precisa ser

Idosos na Praça Fausto Cardoso
resolvida. São quase dois anos e tem alguns dos aposentados que já morreram”, ressalta Venâncio Fonseca.

Em aparte, o líder do Governo na Assembléia, deputado Francisco Gualberto (PT), colocou-se à disposição de Venâncio para marcar uma reunião com a diretoria do Banese e algumas dessas pessoas que perderam dinheiro na agência de Cristinápolis.

“O objetivo é fazer com que se tenha uma solução para que nem os idosos continuem no prejuízo nem o Banese saia com a imagem arranhada”, entende Francisco Gualberto.

Contraponto

Documento comprova ação penal

 

 

Na Assessoria de Comunicação do Banese, a informação é de que até a próxima sexta-feira, 17, o banco estará se pronunciando sobre o assunto. “A auditoria do banco está concluindo as investigações e até esta sexta-feira vai se pronunciar como ficará a questão relativa aos aposentados de Cristinápolis. Quem cometeu o golpe foi um funcionário da empresa e não do Banese”.

Por Aldaci de Souza

 

 

 

 

 

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