Impeachment: políticos não enxergam surpresa

Câmara votará no domingo (Foto: Arquivo Agência Câmara)

No domingo, 17, a atenção dos brasileiros estará voltada para Brasília, onde os deputados federais decidirão o destino da presidente da república, Dilma Rousseff, em sessão histórica da Câmara dos Deputados. A bancada federal eleita por Sergipe está visivelmente dividida e os políticos não escondem a expectativa, defendendo as argumentações que classificam mais convenientes.

O deputado federal João Daniel (PT) não se surpreendeu com a manifestação dos parlamentes na Comissão Especial Processante da Câmara dos Deputados que votou, na noite da segunda-feira, 11, pela tramitação do processo de impeachment. “Já era previsível”, destacou João Daniel considerando que os parlamentares da Comissão foram escolhidos pelas lideranças. “E ainda assim, tivemos 27 votos favoráveis a Dilma”, analisa o parlamentar sergipano.

Mesmo com esta derrota na Comissão Processante, o deputado petista está confiante em resultado favorável à manutenção da presidente. “Estamos trabalhando para ter 190 a 210 votos contra o impeachment”, diz. Quanto à bancada de Sergipe, o petista contabiliza pelo menos cinco votos contrários ao afastamento da presidente e cobra uma posição do deputado Adelson Barreto que permanece em cima do muro. “Adelson Barreto não tem motivos para votar pró-impeachment”, observa. “Defendo que ele seja contemplado no governo federal. A base social de voto de Adelson Barreto foi bastante beneficiada pelo governo Lula e pelo governo Dilma”, considerou.

João Daniel articula movimento pró-Dilma (Foto: Arquivo Portal Infonet)

O deputado Fábio Reis, único eleito pelo PMDB no Estado, partido maior interessado no impeachment, havia declarado voto favorável à manutenção de Dilma Rousseff na Presidência da República. Mas o efetivo voto do parlamentar ainda é uma incógnita e há quem aposte na probabilidade de mudanças. O Portal Infonet tentou uma entrevista com o parlamentar, mas não obteve êxito.

A assessoria do deputado, de Brasília, informou que ele decidiu ficar recluso nestes dias que antecedem a votação no plenário da Câmara dos Deputados. Já os correligionários sergipanos que apóiam Dilma Rousseff ainda contam com voto de Fábio Reis contrário ao impeachment. O deputado estadual Luciano Bispo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, está neste rol e está confiante que a presidente Dilma Rousseff receberá apoio da maioria dos deputados e faz um apelo aos deputados federais para devolver a tranquilidade ao Brasil, considerando a inexistência de fatos que levem ao impeachment. “Essa questão de pedalada, eu conheço. Sempre teve pedalada neste país. Tem pedalada nas prefeituras, no governo tem pedalada… todo mundo já pedalou. Então essa conversa é para boi dormir”, enalteceu.

O deputado federal Valadares Filho (PSB) é voto declarado pró-impeachment. “O Brasil precisa de uma nova guinada, falta condições para governar o país”, justifica. Mas ele vê dificuldades para aprovar o impeachment. “É difícil prever. Precisa-se de votos a ser conquistado”, observou o parlamentar. “É preciso maturidade para não ter acirramento tão grave como estamos vivenciando, todos estamos preocupados com esta animosidade”, destacou Valadares Filho.

Valadares Filho: nova guinada (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Os situacionistas veem o impeachment como golpe. “Foi o início do rito de golpe e não terá golpe porque a população não vai deixar, os setores consequentes da Câmara não vão deixar”, reagiu o deputado estadual Francisco Gualberto (PT), líder do governo. A deputada Maria Mendonça (PP) rebate a opinião do líder. “Essa história de golpe é muito subjetiva. Essa atitude do Congresso é prerrogativa e está visto por todos que aquelas pedaladas fiscais foram um absurdo”, opinou. “Diante de tudo o que aconteceu não vejo como golpe, é uma prerrogativa constitucional e que o CongressoNaiconal vai garantir o que a Constituição lhe assegura”.

Por Cássia Santana