João Alves gastou R$ 1,6 milhão com seis fantasmas

Salários mensais variaram entre R$ 1,4 mil a R$ 8,2 mil (Foto: Arquivo Infonet)

Na última denúncia contra o ex-prefeito João Alves Filho pela suposta contratação de servidores fantasmas na Prefeitura de Aracaju, o Ministério Público Estadual aponta uma despesa superior a R$ 1,6 milhão com apenas seis servidores que teriam ocupado cargos comissionados na PMA durante a gestão de João Alves Filho sem exercer qualquer atividade no serviço público. Nesta última manifestação, o MPE denuncia o ex-prefeito João Alves Filho, o ex-vice-prefeito José Carlos Machado, a ex-secretária de Governo, Marlene Calumby, e outras seis pessoas, apontadas como fantasmas pelo MPE.

Também estão relacionados na denúncia, os advogados Charles José Rodrigues Júnior, Eliziário Sobral Filho, José Américo Sobral o engenheiro civil Edson Leal Menezes Filho, o eletricista José Armando Alves Santos e o metalúrgico aposentado Nilo de Oliveira. O MPE não tem dúvida de que estas pessoas receberam remunerações mensalmente sem trabalhar em valores mensais que variaram entre R$ 1,4 mil a R$ 8,2 mil, dependendo da função para a qual o servidor foi contratado.

O advogado Cristiano Cabral informou que o ex-prefeito João Alves Filho ainda não foi notificado e que a defesa aguarda a notificação para se manifestar. O advogado Aurélio Belém, que defende os interesses da ex-secretária de Governo, Marlene Calumby, criticou o MPE por divulgar os depoimentos dos acusados e defendeu a unificação dos processos judiciais que estão sendo movidos pelos promotores em relação aos supostos fantasmas. O advogado pedirá à Justiça a unificação dos processos e garante que vai, em cada um, provar a inocência da cliente.

Aurélio Belém não vê irregularidade nas contratações e analisa que ao “fatiar” o processo, o MPE estaria ferindo o artigo 71 do Código Penal.

O ex-vice-prefeito José Carlos Machado disse que só se manifestará depois que receber notificação. Ele informou que só tomou conhecimento, até o momento, através das matérias veiculadas pela imprensa.

O Portal Infonet tentou ouvir todos os denunciados, mas não conseguiu êxito nas sucessivas tentativas. Alguns estavam com os respectivos telefones desligados e aqueles que atenderam apenas informaram que só se manifestariam em uma outra oportunidade, após a notificação.

Depoimento

O MPE divulgou nesta quinta-feira, 19, os vídeos onde aparecem os depoimentos prestados pelos acusados. Eles revelam o grau de amizade que mantinham com o então vice-prefeito José Carlos Machado e alguns até confessam que não compareciam ao local de trabalho por falta de espaço e quando compareciam ficavam nos corredores da repartição pública tomando cafezinho e conversando.

O advogado Charles Rodrigues informou que era responsável pela elaboração de estudos relacionados a temas específicos de interesse do município de Aracaju, que fazia a avaliação jurídica do plano diretor e dos limites entre os municípios de Aracaju e de São Cristovão, sempre em contato com o então vice-prefeito José Carlos Machado. No entanto, para o Ministério Público, ele não comprovou estes trabalhos.

O engenheiro Edson Leal, com 72 anos de idade, disse, ao prestar depoimento,  que foi convidado para assumir a gestão da Empresa Municipal de Serviços Urbanos, cargo que ocupou entre os meses de maio de 2015 a agosto de 2015, e que deixou a Emsurb em decorrência da falta de disposição para o cargo e da saúde prejudicada e que posteriormente passou a trabalhar avaliando obras, sem frequentar o gabinete por falta de espaço.

O advogado Eliziário Sobral garantiu que exercia atividades para o gabinete do então vice-prefeito, mas que costumava dar expediente no escritório político de José Carlos Machado, na rua Campo do Brito, passando na sede da prefeitura periodicamente. O eletricista José Armando confessou que não ocupou cargo específico e que praticamente não prestava serviços, mesmo tendo sido nomeado e permanecer no cargo por um período de quase dois anos. Ele disse que não trabalhou, conforme o MPE, porque nunca “lhe deram trabalho” e que ficava nos corredores, tomando cafezinho e marcando presença, sempre disponível quando houvesse necessidade. Mas na função, recebia mensalmente remuneração de R$ 6,3 mil.

O advogado Américo Sobral disse que trabalhava em casa e que não aparecia no local de trabalho por falta de espaço, mas garantiu que exerceu as atividades para as quais fora nomeado. O metalúrgico aposentado Nilo de Oliveira informou que exercia atividade de auxiliar técnico e que comparecia ao local de trabalho “dia sim e dia não” porque sempre precisa ir ao médico. Ele informou que tinha a função de acompanhar obras que estavam sendo realizadas em praças públicas ou reformas de escolas e que sempre estava presente na inauguração das obras.

Por Cássia Santana

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