Marcélio Bonfim recebe Medalha da Ordem do Mérito

Ex-vereador de Aracaju Marcélio Bonfim Rocha recebe a medalha (Foto: César de Oliveira)

Em sessão bastante prestigiada, a Assembleia Legislativa concedeu, no início da noite desta segunda-feira, dia 6, a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar ao ex-vereador de Aracaju Marcélio Bonfim Rocha. A entrega da mais alta comenda da Assembleia Legislativa foi uma propositura do deputado estadual Garibalde Mendonça (PMDB). O plenário e as galerias da Casa ficaram lotados por convidados que fizeram questão de prestigiar a solenidade.

A sessão especial foi comandada pela presidente da Casa, deputada Angélica Guimarães (PSC), que fez a entrega da medalha ao homenageado. Na oportunidade, Marcélio foi saudado de pé pelos presentes. O cantor Minho San Liver, na tribuna da Casa, entoou o hino do PCB, durante a solenidade, sendo seguido pelos demais colegas de partido presentes.

Entre os presentes, o vice-governador do Estado, Jackson Barreto, representando o governador Marcelo Déda; José Carlos Machado, representando o prefeito João Alves Filho; Moacir Mota, representando o Ministério Público estadual; o vereador Emmanuel Nascimento, representando a Câmara de Vereadores de Aracaju; o ex-governador Albano Franco; o ex-prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira; militantes do Partido dos Trabalhadores e Partido Comunista, vereadores, ex-vereadores, companheiros que com ele lutaram contra a ditadura militar, como Milton Coelho e Bittencourt, além de familiares, amigos e quase todos os deputados estaduais.

O deputado Garibalde fez o discurso de saudação ao homenageado. Ele destacou a importância de Marcélio Bonfim para a política sergipana e para a redemocratização do país. “Ele foi uma das pessoas que lutaram contra a ditadura militar e nosso país e pela democratização do Brasil. Foi preso, torturado, juntamente com alguns companheiros sergipanos. É uma pessoa que privou até de sua vida familiar, tendo, inclusive, que passar três anos na Rússia, na época da ditadura”, ressaltou.

Foi justamente a luta pela democracia no Brasil que levou o deputado Garibalde Mendonça a apresentar a proposta para que Marcélio Bonfim recebesse a Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar. “Ele lutou muito pela democracia no Brasil e como um desses lutadores nada mais justo de que esta Casa fazer uma homenagem. A nossa geração viu de perto todo trabalho que ele fez e confesso que não sei se teria coragem de fazer o que ele fez na época, ao lutar pelos nossos direitos”, disse.

Garibalde disse que, baseado nisso, nada mais justo do que oferecer essa medalha a ele em vida. “Tenha certeza que Marcélio Bonfim está representando muito bem uma categoria, um grupo de pessoas que juntamente com ele (alguns que já foram, outros vivos) participaram dessa luta. E Marcélio é um representante dos que lutaram pela redemocratização do nosso país”, frisou.

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Visivelmente emocionado, Marcélio Bonfim agradeceu aos presentes. Logo no início da sua fala, ele informou que recebeu um telefonema do governador Marcelo Déda, dizendo que queria estar presente à solenidade, mas não podia, pois estava em São Paulo, em tratamento de saúde. Mas Marcélio fez questão de afirmar que a medalha que recebia da Assembleia Legislativa era uma homenagem não apenas a ele, mas a toda uma geração, da qual Marcelo Déda fazia parte.

Ele disse ao deputado Garibalde Mendonça que agradecia de dentro da sua alma a oportunidade de ter sido o escolhido para ser o mensageiro da homenagem simbolizada no diploma e na Medalha da Ordem do Mérito Parlamentar. “Homenagem que não pertence só a mim, mas a todos os companheiros que vivenciaram as ações de luta e resistência pela redemocratização deste país. O gesto de Vossa Excelência [Garibalde Mendonça] significa resgatar a história, não deixando cair na vala do esquecimento nem ser distorcida no oportunismo de caroneiros desta história”, disse.

Marcélio acrescentou que com esta homenagem a Assembleia Legislativa oferece às novas gerações a oportunidade de conhecer a história pela ótica de quem doou sua vida a um projeto político em favor do país. “Essa homenagem representa a expressão do compromisso da Assembleia Legislativa de Sergipe com o fortalecimento da democracia”, afirmou à presidente Angélica Guimarães.

O homenageado disse que dividia a medalha recebida com inúmeros e inesquecíveis companheiros, alguns ainda vivos e outros já em outro plano. Com lágrima nos olhos, Marcélio Bonfim disse que mexer nesse baú de lembranças do período do golpe militar não era fácil. Mas um momento que requer controle emocional. “Mas as novas gerações precisam tomar conhecimento do que aconteceu em nosso país, principalmente nos anos de chumbo de 1964 a 1984. A nobreza do momento está na história dessa geração. Assim sendo, aqui sou simplesmente um narrador de uma pequena parte dessa história de luta e resistência”, declarou.

Em seu discurso, Marcélio Bonfim relembrou um pouco de sua trajetória de vida e política, bem como episódios vividos durante os anos de chumbo da ditadura. Como era de se esperar, em alguns momentos se emocionou e lembrou aqueles que estiveram com ele em vários momentos de sua luta por um país mais democrático. Ele disse que a expectativa é que a Comissão da Verdade não apenas apure a verdade do que aconteceu no período da ditadura militar no Brasil, mas que faça prevalecer a justiça, a exemplo do que está acontecendo na Argentina e Chile. “O que aconteceu tem que ser evidenciado de forma cristalina. Mas não só isso. Não devemos nem podemos anistiar torturadores. Não podemos que a amnesia possa contaminar nossa população

Na sua fala, Marcélio Bonfim agradeceu também à sua família e registrou que sua ausência como filho e pai não lhe impediram de construir este que classificou como seu maior patrimônio.

Ao final de seu discurso, o homenageado fez algumas reivindicações. Ao vice-governador Jackson Barreto ele pediu que fosse criada a Comissão da Verdade de Sergipe. A este e também ao vice-prefeito presente solicitou que juntos, estado e município, possa revitalizar a Praça dos Expedicionários, uma homenagem há muito prestada àqueles que saíram do Brasil para a Itália, amando a liberdade e lá nos campos italianos morreram. “Mas os que voltaram trouxeram para nós a liberdade e a democracia para o Brasil e o mundo inteiro. É preciso que o Estado e prefeitura melhorem o monumento que lá está em homenagem aos expedicionários e ao lado construa um memorial de todos os sergipanos que deram a sua vida à luta pela liberdade e democracia”, disse. E à deputada Ana Lúcia Marcélio solicitou que inclua em seu projeto que trata da devolução dos mandatos dos deputados cassados na ditadura os dois suplentes Antônio Oliveira e Nelson Souza.

Histórico

Marcélio Bonfim nasceu no ano de 1944, no município sergipano de Canhoba, filho de trabalhador rural, que em 1950 ficou desempregado, forçando-os a vir a Aracaju. Começou sua carreira política ainda estudante, no ano de 1961, quando dirigiu a União Secundarista dos Estudantes (Uses). Sempre participou da luta dos trabalhadores rurais sem terra e também participou de campanhas de alfabetização pelo método Paulo Freire.

No período da ditadura militar, Marcélio Bonfim foi preso, torturado e processado duas vezes. Marcélio Bonfim foi vereador de Aracaju por dois mandatos e um dos fundadores do Partido Comunista Brasileiro em Sergipe. Ele foi também um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) no Estado, tendo sido o primeiro candidato a governador pelo PT em Sergipe.

Fonte: Alese

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