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Em outubro de 2019 novos conselheiros tutelares foram eleitos para atuar durante os próximos quatro anos na garantia e proteção dos direitos das crianças e dos adolescentes. Atualmente, segundo os membros dos Conselhos Tutelares, a principal barreira enfrentada por eles é a falta de apoio da sociedade que não entende o papel dos conselheiros. O Seminário para Conselheiros Tutelares aconteceu na Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese) na manhã desta segunda-feira, 2, para tratar dos desafios e atribuições dos Conselhos Tutelares.
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Um dos palestrantes do seminário é o ex-deputado do estado de Goias e ex-presidente da Frente Parlamentar Interestadual de Mobilização Nacional Pró-Criança e Adolescente (Fenacria), Carlos Antônio de Souza, que fala sobre os desafios enfrentados pelos conselheiros e lembra que eles são a melhor ferramenta de trabalho para garantir o cumprimento do que o Estatuto da Criança e do Adolescente (Eca) determina.
“A gente precisa fortalecer os conselhos, capacitar os conselheiros para que eles possam ter um trabalho com resultados. Os desafios começam desde o seu ambiente de trabalho, passando pelo atendimento, pelo relacionamento social e pela formação das parcerias”, diz.
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Carlos Antônio aponta dois principais problemas principais: rejeição da sociedade e falta de apoio de todos os setores que deveriam ser parceiros. “A sociedade não entende o conselheiro como protetor, como garantidor de direitos. A sociedade compra aquilo que lhe convém, então quando a sociedade entender que o conselheiro tutelar nada mais é que a pessoa que garante o direito do seu filho, eu tenho certeza que isso vai mudar”, afirma o ex-parlamentar que completa dizendo que outro problema dos conselhos é o Poder Executivo.
“O conselho tutelar é um filho adotivo da Prefeitura. Ai o prefeito não quer investir, não quer gastar, ou seja, o conselheiro tutelar está sempre lutando para fazer aquilo que é necessário para a sociedade, mas tem os adversários naturais. Falta apoio de todos os setores que deveriam apoiar. São raros os verdadeiros parceiros”, ressalta.
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Conselheiros
Nataly Monteiro Santos, conselheira do município de Pinhão, está em seu primeiro mandato e sabe que vai enfrentar muitos desafios. “Eu resolvi me candidatar a conselheira tutelar por perceber que eu podia fazer algo por essas crianças e adolescentes, em especial do meu município, que não têm a mesma oportunidade que tive e que vivem em situação de vulnerabilidade. A sociedade muitas vezes não acredita em nosso trabalho, até por conta da demora em resolver alguns casos, porque trabalhamos em parceria com outros órgãos, e as vezes a solução não é imediata e isso faz com que a comunidade fique desacreditada”, aponta.
Luiz Carlos da Silva, conselheiro tutelar do 2º Distrito de Aracaju que está em seu segundo mandato, conta que a sociedade não entende que os conselheiros trabalham no controle e defesa dos direitos infantojuvenil e recriminam muitas vezes o trabalho desenvolvido por eles. “Enfrentamos muitos problemas principalmente quando se trata de adolescentes. A sociedade acha que não agimos corretamente com eles, que somos ‘bonzinhos’, mas na verdade os adolescentes são vítimas da falta de políticas públicas, de oportunidades, de educação e saúde. Na capital temos a estrutura que a lei determina, mas sabemos que em muitos municípios do interior isso não acontece”, diz.
O deputado Georgeo Passos (Cidadania), autor da propositura para realização da audiência, entende que é preciso debater sobre a função dos conselhos, capacitar os profissionais e ouvir as demandas. “Dia 21 de fevereiro foi comemorado o dia do conselheiro tutelar, então estamos aproveitando para fazer a homenagem a esses profissionais. Além disso, ano passado houve eleição para conselheiros tutelares, muitos em primeiro mandato, e nada mais justo que levar um pouco de conhecimento. Nós sabemos da importância da missão do conselho tutelar, e essa audiência é justamente para qualificar e receber deles também a informação de como andam os conselhos, de como está a relação com as prefeituras e as condições de trabalho, que são queixas constantes”, finaliza.
por Karla Pinheiro
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