Professores pretendem ocupar câmara até a próxima quinta-feira (Foto: Divulgação/Sintese) |
Uma confusão entre professores em greve e vereadores suspendeu a sessão de votos da Câmara Municipal de Lagarto nesta terça-feira, 11. Cerca de 50 professores municipais invadiram o plenário para impedir a votação de um projeto de lei que, de acordo com a sub-sede do Sintese Centro-Sul, congela em mais dois anos o salário dos professores e reduz as gratificações de 40% para 14%. Prefeitura rechaça que projeto já era de conhecimento do sindicato.
Os professores de Lagarto iniciaram a greve no dia 18 de maio em protesto ao não pagamento do reajuste salarial de 2014 e 2015, estipulados em 8 e 13% respectivamente. Seguindo a agenda de lutas, um ato estava marcado para a manhã desta terça-feira na Praça da Caixa D’água quando uma ligação teria mudado os planos da categoria.
“Estávamos preparando o ato quando um vereador da oposição ligou afirmando que algo estranho estava acontecendo na Câmara. Imediatamente fomos para lá e a presidente da câmara [Marta da Dengue] estava lendo e colocando pra votação o projeto de lei e que congela os salários dos professores em mais dois anos, além de reduzir as gratificações. Houve confusão, e o guarda municipal chegou a agredir um professor”, acusa Nazon Barbosa, coordenador do Sintese centro-sul.
Insatisfeitos com o rumo da sessão, os professores decidiram ocupar o plenário e a sessão foi suspensa sem os votos dos 17 vereadores. De acordo com Nazon, mais tarde a presidente da Câmara retornou ao plenário e anunciou que o projeto estava aprovado e a sessão acabava de ser encerrada, para revolta dos professores. “Ela não pode aprovar um projeto desse porque sequer teve os procedimentos legais. Já contatamos nossos advogados e vamos tentar reverter isso” afirmou Nazon.
Além dos 50 professores dentro do plenário da Câmara, de acordo com o Sintese outros 150 professores estão acampados do lado de fora, onde pretendem ficar até a próxima quinta-feira, 13, quando planejam realizar uma nova assembléia junto com a sessão dos vereadores.
Prefeitura de Lagarto
Projeto de lei amassado (Foto: Divulgação/Secom Lagarto) |
Ciente da confusão ocorrida na Câmara Municipal, o secretário de comunicação Alex Dias rebateu as acusações do sindicato afirmando que o Projeto de Lei já vem sendo debatido há algum tempo junto com o Ministério Público, com a administração municipal e o próprio sindicato. “O problema é que Lagarto não tem condições de pagar o reajuste integral a todos os níveis, por isso apresentamos uma proposta que requer algum sacrifício dos professores dos níveis mais altos [são cinco], que deixariam de receber no momento o seu reajuste integral para que os professores do nível I possam receber o piso na totalidade. Sabemos que a proposta não é a ideal, mas a situação não só de Lagarto, mas do Estado e país está difícil”, disse.
O secretário também rechaçou a acusação de que houve agressão por parte do Guarda Municipal, e sim uma reação as ofensas verbais e físicas de um dos professores. “Eles invadiram a Câmara e tentaram arrancar o projeto da mão da presidente para rasgá-lo. O Sintese tem o costume de fazer acusações mentirosas, como exemplo, dizem que não há diálogo com o prefeito. Na verdade, o diálogo sempre existiu, e com presença de membros do Ministério Público, mas eles não aceitam ou sequer avaliam nossas propostas”, acusa.
Encaminhamentos
Na última sexta-feira, 7, o desembargador Edson Ulisses expediu uma liminar que categoriza a greve como ilegal. Nesta quarta-feira, 12, o Ministério Público de Lagarto convocou uma audiência com a comissão negociadora do Sintese e a prefeitura municipal para avançar com as negociações.
Confira vídeo enviado pela secretaria de comunicação de Lagarto
Por Ícaro Novaes e Aldaci de Souza
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