Assembleia: reflexão sobre racismo (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
As taxas de homicídios contra a população negra ainda é alarmante. Estudo intitulado “Vidas Perdidas, Racismo à Brasileira e Políticas Públicas’ realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicado (Ipea) revela que as maiores taxas de homicídios contra negros estão concentradas em 81 municípios brasileiros, numa relação preocupante se considerar o número de homicídios praticados contra negros e as taxas relacionadas ao número de homicídios contra não negros.
Os dados foram apresentados nesta sexta-feira, 20, na Assembleia Legislativa de Sergipe pelo pesquisador Daniel Ricardo Cerqueira, técnico do Ipea, durante a audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Desporto da Assembleia Legislativa de Sergipe para discutir esta temática. Ele considera como alarmante esta proporção. “É tristemente fantástico imaginar que existe estes indicadores”, reagiu o técnico ao apresentar os dados relativos ao período que compreende os anos de 2004 a 2014.
Levando em consideração o ano de 2014, Sergipe desponta em 10ª colocação do ranking com uma relação de 3,87 assassinatos de negros para um assassinato de branco, superior à taxa do Brasil que é de 2,40. A maior proporção está concentrada nos Estados de Alagoas e Paraíba, numa relação de 10,63 e 10,03, respectivamente.
Daniel lamenta racismo na polícia |
Para Daniel Cerqueira, ainda existe racismo institucionalizado, não explicitado, que se detecta, principalmente, na atividade policial. “Só o fato de ser negro, aumenta em 48% a chance dele sofrer homicídio”, destacou o técnico. Para Daniel Cerqueira, ainda é latente o racismo nas atividades policiais. E o combate e enfrentamento a esta realidade, na ótica do técnico, estão diretamente relacionados com a educação que se oferta. “Educação é a grande peça transformadora, mas não é só colocar o jovem na escola. Tentam vender pacotes padronizado para os jovens”, observa. O técnico entende que estes pacotes educacionais poderão surtir efeitos contrários e até provocar a evasão escolar. Percebe-se, conforme frisou, que nas comunidades onde há escolas melhores a taxa de homicídios tende a ser inferiores.
Na ótica da deputada Ana Lúcia Menezes (PT), presidente da Comissão promotora do evento, “a subjetividade do racismo no Brasil é muito mais grave que nos Estados Unidos”.
O deputado federal Paulo Fernando dos Santos, o Paulão eleito pelo PT do Estado de Alagoas, também participou dos debates, cobrou políticas públicas nos municípios brasileiros para atender à população negra e lamentou as primeiras medidas adotadas pelo presidente em exercício Michel Temer (PMDB). “Estou muito preocupado com este contexto que estamos vivemos”, disse.
Paulão critica fim de ministérios ligados à cultura e de combate ao racismo |
“O governo não legítimo [federal] tira as secretárias que tinham status de ministério como a Spir [Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial], acaba com a cultura, o Conselho de Juventude está sendo encerrado, então acho que a situação poderá se agravar e este debate vem num momento importante no sentido de traçar ações integradas para tentar pelo menos atenuar esta violência”, destacou.
Por Cássia Santana
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