Sergipe perdeu R$ 200 milhões, diz Déda

Foto: Márcio Dantas/ASN

“Mas não ouvi uma declaração, sequer”, constatou Déda, acrescentando que “deveriam ter ou reivindicando ao seu próprio partido que não cortasse os R$ 200 milhões de Sergipe, ou se posicionado contra. Essa é uma história que Sergipe precisa saber. O próprio Caiado confessou a sua ação à imprensa nacional. É o mesmo Caiado que veio a Aracaju colocar defeito nas obras do PAC”, disse Déda, reportando-se à chamada “Caravana da transparência”, feita por membros do DEM que circularam por várias partes do país para verificar o andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Segundo o governador, a decisão de Caiado teve o único objetivo de prejudicar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que ficará impedido de liberar recursos para projetos importantes. “Não tenho dúvida de que foi uma posição política. E, óbvio, os Democratas de Sergipe atuaram no sentido de fortalecer o seu líder. Do contrário, teriam contestado e feito pelo menos uma declaração. Eu esperei, mas nada”, afirmou Déda, ao destacar o comportamento do senador José Almeida Lima – presidente da Comissão Mista do Orçamento – que “lutou por Sergipe”.

Verbas extra

Nesta quarta-feira, Déda vai a Brasília conversar com ministros e tentar uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele disse ter certeza de que não pode modificar a proposta orçamentária, já aprovada pelo Congresso e encaminhada para o Executivo, mas vai tentar conseguir recursos extra orçamentários na expectativa de reverter, pelo menos, parte do prejuízo. A empreitada, segundo ele, conta com o apoio de Almeida Lima – que na semana passada foi acusado por Caiado de manipular eleitoralmente o OGU – e o senador Antônio Carlos Valadares (PSB).

Machado afirma que DEM agiu com o apoio do PT

O deputado federal José Carlos Machado (DEM) revelou ontem que o líder do seu partido na Câmara Federal, Ronaldo Caiado (GO), agiu com o apoio de membros do PT. Ele disse ainda achar estranhas as críticas do governador Marcelo Déda (PT), que acusa os democratas de terem retirado R$ 200 milhões do Orçamento de Sergipe, uma vez que, segundo ele, os projetos de irrigação nunca foram prioridades para o atual governo.

“Quando da reunião com a bancada federal de Sergipe para definir as emendas coletivas, o governador Marcelo Déda colocou como suas prioridades as reformas do Batistão, do aeroporto de Aracaju e a construção da ponte ligando Estância a Indiaroba. É estranho esse comportamento raivoso do governador para com a oposição, em especial para com o DEM, uma vez que o deputado Caiado teve o apoio de todos os partidos, inclusive do Partido dos Trabalhadores, quando da retirada das emendas do relator do Orçamento, deputado Geraldo Magela”.

Machado disse que a bancada sergipana teve diversas reuniões coordenadas pelo senador Antônio Carlos Valadares (PSB), um dos principais aliados do governador. “Logo na primeira delas ficou claro que o governador tinha que dizer ao coordenador da bancada quais seriam as suas prioridades. Na segunda reunião, quando fomos tratar dessas prioridades, Valadares disse que, segundo o governador, as prioridades do governo eram as reformas do Batistão, do aeroporto de Aracaju e a construção da ponte ligando Estância a Indiaroba”, declarou o deputado.

Ele afirmou que, junto com outros deputados, em uma das reuniões ocorrida na sede da Codevasf em Sergipe, questionou ao coordenador da bancada a respeito dos perímetros irrigados, já que havia um compromisso firmado por vários deles no sentido de alocar recursos para a região. “Naquele momento ficou acertado que o presidente da Comissão do Orçamento (senador Almeida Lima), que estava presente na reunião, resolveria isso com o relator. As três obras que Déda listou como prioridades tiveram recursos aprovados e em um volume considerável. O governador só recebeu da bancada gestos de generosidade. O detalhe é que, mesmo reclamando das dificuldades, o relator da Comissão do Orçamento aprovou nas Comissões e levou ao plenário um volume de emendas de R$ 2,2 bilhões”,disse.

Machado destacou que no plenário a oposição discordou do volume de recursos. “É verdade que havia recursos para Sergipe, mas não foi uma ação isolada contra o Estado, mas sim da oposição. Foi uma negociação para retirar as emendas do relator que envolveu todos os partidos, no plenário do Congresso, inclusive o Partido dos Trabalhadores. Mesmo assim algumas áreas ainda foram beneficiadas, como Saúde e Agricultura, e o restante dos recursos seria redistribuído com os Estados e acrescentado às emendas de bancada”, contou.

Segundo Machado, o DEM jamais ficaria contra um projeto que traga benefícios para Sergipe, ainda mais um que tenha sido iniciado pelo ex-governador João Alves Filho (DEM). “Ninguém foi ou está omisso, como atacou o governador. Esse projeto, que no governo passado era o Califórnia II e agora é José Dionísio, é importante e é fundamental. Agora, por que quando questionadas suas prioridades o governador não apresentou esse projeto? Se ele coloca, as emendas de bancada teriam garantido os recursos. Mas ele preferiu confiar no presidente da Comissão e no relator. Eu não costumo ser omisso. Essa é a verdade. Caiado não quis prejudicar Sergipe, mas desconfiou da forma e volume de recursos. Eram R$ 2,2 bilhões em emendas do relator”, respondeu.

Fonte: Kátia Santana (Jornal da Cidade)