Sindijor repudia texto sobre gravidez de secretária e rumo da gestão

Secretária da Fazenda, Sarah Andreozzi (Foto: Ascom/Governo de Sergipe)

O Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor) publicou uma nota repudiando um texto de cunho misógino e machista publicado em um blog por um comunicador de Sergipe.  A publicação “Tem bebê a bordo numa secretária de pasta estratégica do governo de Fábio Mitidieri” cita a gravidez de uma gestora, a secretária de Estado da Fazenda, Sarah Andreozzi, e discorre sobre a capacidade dela de gerir a pasta diante do afastamento que ocorrerá logo após a gestação.

“Fico me perguntando como será possível estar à frente de uma pasta tão complexa com seu afastamento obrigatório pós parto, gerir a pasta que ocupa?”, escreveu o comunicador um um trecho do texto. Após publicação da nota, jornalistas e comunicadores da imprensa sergipana se reuniram para questionar as falas e se mobilizaram à procura de posicionamentos de figuras políticas.

“O machismo está impregnado em nossa sociedade e ele se manifesta de várias formas. Por isso, foi com extrema indignação e repúdio que a direção do Sindijor/SE teve conhecimento da publicação”, disse o Sindijor. Em outro trecho, o sindicato destaca que “em onze linhas o autor do texto, com o verniz de ‘preocupação’ espalha machismo, misoginia e contribui para que, mais uma vez, as mulheres que são mães (ou pretendam ser), sejam questionadas da sua capacidade profissional por terem engravidado e por exercerem o seu direito à licença maternidade”.

“O Sindicato dos Jornalistas de Sergipe se impõe como entidade sindical para fortalecer a luta em defesa da mulher, independentemente da sua respectiva área de atuação, a fim de colaborar para o fim do assédio moral, sexual, a misoginia ou qualquer outra postura protagonizada por um ser humano autodenominado como pensante. É fundamental que nós mulheres e homens, jornalistas, nos posicionemos contra ações que reforcem preconceitos. Machistas, não passarão!”.

Posicionamento

O governador do Estado, Fábio Mitidieri, e a primeira dama, Érica Mitidieri, se pronunciaram sobre o caso em suas redes sociais. “Venho a público repudiar a violência moral sofrida pela secretária de Estado da Fazenda, Sarah Andreozzi”, comentou o governador.  “Um profissional de comunicação questionou sua capacidade técnica por estar grávida e na iminência da licença maternidade, repito que na minha administração, o governo é das mulheres”.

“Num contexto em que as mulheres cada vez mais lutam para avançar em suas carreiras, apesar do cenário de desigualdade enfrentado diariamente, uma mulher ter questionada sua capacidade de seguir à frente da função que ocupa por conta da maternidade é uma violência”, citou a primeira dama.

Em seu perfil na rede social, a secretária Sarah publicou um vídeo e um texto, comentando o fato. “Estamos em 2023 e, pelo visto, ainda existem pessoas que acreditam que a mulher precisa escolher entre ser mãe ou profissional”, lamentou. Em outro trecho, ela diz: “Não fui criticada por apresentar resultados ruins no meu trabalho, fui criticada tão somente pelo fato de estar grávida”.

Sarah também detalhou sua trajetória como mãe e profissional e sugeriu ao jornalista que elevasse o trabalho das mulheres e mães. “…E propague no seu blog a necessidade de que os pais sejam, de fato, pais e exerçam a parentalidade por completo. Nós, mulheres, temos o direito de ser completas, seja lá que completa signifique para cada uma. Algumas querem ficar em casa cuidando dos filhos e isso é legítimo! Algumas querem trabalhar e não ter filhos, e isso é legítimo também! Algumas, como eu, querem ser mulheres, mães e boas profissionais. E isso é legítimo também”.

Com a ampla repercussão dos fatos, o comunicador escreveu um novo texto com o título “Entre o equívoco e a intenção”, no qual tentou explicar seu posicionamento na publicação anterior. “No texto, quis colocar que Sarah estará em situação delicada quando o momento do seu parto chegar, tendo que se afastar da pasta que executa com tanta dedicação. É obvio que a maternidade é um ato de amor pleno, porém, para ela será um processo do misto entre a felicidade de ser mãe, e a necessidade de seu afastamento de onde tanto se dedica. A licença maternidade não deve ser em tempo algum justificativa para que mulheres não ocupem espaços importantes e estratégicos em qualquer gestão. O meu respeito pelas conquistas das mulheres ao longo da história me fazem tranquilo diante dos que me interpretaram mal”.

 

Por Carol Mundim e Verlane Estácio

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