Subvenções: contratos com prefeituras serão investigados

Material apreendido com os suspeitos (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

A delegada Danielle Garcia, do Departamento Especializado em Crimes Contra a Ordem Tributária e a Administração Pública (Deotap), entrará agora na segunda fase das investigações que desarticularam um suposto esquema fraudulento envolvendo a Associação Sergipana dos Produtores de Eventos (ASPE) e 12 empresas articuladas para desviar as verbas de subvenções destinadas pela Assembleia Legislativa.

Nesta segunda fase, o alvo, conforme anunciou, serão os contratos firmados por estas empresas investigadas nesta primeira fase com prefeituras sergipanas para realização de shows artísticos e outros serviços. Apesar dos prazos curtos para conclusão desta primeira fase do inquérito policial, a delegada e os promotores de justiça Bruno Melo e Henrique Cardoso têm convicção que a segunda fase não será prejudicada.

Nesta segunda fase da investigação, a delegada solicitará apoio do Tribunal de Contas do Estado (TCE) para identificar as prefeituras que assinaram contratos com aquelas 12 empresas, comandadas pelo empresário Wilson Félix de Farias, preso por determinação judicial em operação desencadeada pela polícia civil na manhã desta terça-feira, 24. A entidade recebeu cerca de R$ 3 milhões de verbas de subvenções, mas há suspeita que haja uma movimentação muito maior através de contratos, com suspeita de superfaturamento, com prefeituras sergipanas para realização de shows.

Prisões

SSP e MPE realizam trabalho conjunto

Nesta primeira fase, cinco pessoas foram presas. Quatro foram localizadas no início da manhã e o quinto acusado recebeu voz de prisão já no final da manhã. Trata-se do motorista André dos Santos Almeida. Embora com salário de R$ 1 mil, André funcionava como uma espécie de operador financeiro do esquema, realizando saques bancários de valiosas quantias oriundas das verbas de subvenções recebidas pela ASPE entre os anos de 2011 e 2014. “Ele era um faz de tudo, cuidava dos filhos e até comprava pão, mas movimentava altas quantias”, revelou a delegada.

Entre os então parlamentares que indicaram a entidade, destacam-se o deputado Paulo Hagenbeck Filho, que teve mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE), em julgamento ocorrido nesta segunda-feira, 23, e o ex-deputado Zeca da Silva, que contemplaram a entidade com R$ 750 mil no ano passado. Os ex-deputados Susana Azevedo e Mundinho da Comase chegaram a fazer as indicações em 2014, mas os empenhos foram cancelados. No ano de 2011, a entidade também recebeu verbas indicadas pelo ex-deputado Armando Batalha, que mantinha Alessandra Meneses como assessora de seu gabinete na Assembleia Legislativa e nesta terça também foi presa acusada de fazer saques bancários de elevadas quantias emitidas pela ASPE.

DAnielle Garcia: contratos com prefeitos serão os próximos alvos

A esposa do empresário Wilson Farias, identificada como Edivânia Menezes, e o presidente da Associação, Márcio José Góes, também foram presos nesta terça-feira. Nesta operação, a polícia também apreendeu cinco veículos de luxo [três deles estavam nas garagens da residência de Wilson Farias, na Coroa do Meio]. Naquele pomposo imóvel, a polícia encontrou cerca de R$ 210 mil em espécie, guardados em uma gaveta, trancada à chave, além de joias e relógios.

Curioso, conforme adverte a delegada, é que Wilson Farias não possui bens registrados em seu nome. Possuidor de dois números de CPF e de Registro de Identidade, Wilson Farias se amparava nos próprios funcionários e tinha o nome que aparecia em cartões de visita de várias empresas, muito embora não se configurava como sócio em nenhuma delas. Conforme a delegada, o suntuoso imóvel onde residia com a família foi adquirido em transação comercial feito com uma construtora, mas a casa permanece em nome do proprietário anterior, que não tem qualquer participação no esquema.

Wilson Farias tem origem humilde sendo motorista profissional dono de caminhão contratado para transportar fertilizantes, conforme informações da delegada Danielle Garcia.

Por Cássia Santana

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