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Padre Joselito responde à defesa mas não consegue responder ao juiz (Fotos: Portal Infonet) |
Mais uma testemunha no processo que apura o desvio de verbas de subvenção pela Assembleia Legislativa de Sergipe deverá ser investigada pela Polícia Federal pelo crime de falso testemunho. Trata-se do padre da Paróquia de Moita Bonita, Joselito Santana de Lima, que em um depoimento contraditório levou aos representantes do Ministério Público Federal (MPF/SE) e o juiz eleitoral Fernando Escrivani pedirem a investigação.
No depoimento o padre informou ter recebido alimentos dos organizadores de um evento, que foram arrecadados quando da realização do Moita Fest e que, com eles fez cestas básicas e distribuiu com pessoas carentes. Mas, quando questionado pela procuradora Eunice Dantas e pelo juiz Fernando Escrivani, se sabia da existência da associação de moradores que teria utilizado subvenções com a festa, ele se perdeu e respondeu em algumas vezes que não e outras que sim, mesmo sendo alertado que poderia ser investigado por falso testemunho.
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À imprensa ele diz saber "de certa forma" da existência da associação |
Ao deixar a audiência, o pároco confirmou à imprensa que “de certa forma sabia” da existência da associação, e quando perguntado porque não respondeu à procuradora e ao juiz, ele desconversou e foi embora.
“Mesmo sendo ano eleitoral se houvesse algum envolvimento político nós não íamos aceitar os alimentos. Fui chamado aqui para mostrar que não houve esse fim político. Eles procuraram a Igreja Católica porque sou o padre. De certa forma sabíamos da existência da associação, mas falamos o que deveríamos falar”, afirma indo embora.
MPF
A procuradora Eunice Dantas afirmou que o depoimento do padre Joselito Santana chamou a atenção pela contradição. “O MPF pediu o falso testemunho e o próprio juiz concluiu que havia indícios de falso testemunho. O depoimento dele foi contraditório total, vago, se esquivou de várias perguntas, não sabia de informações relevantes, apesar de dizer que está na cidade desde 2011, sabia poucos fatos sobre a cidade. Alegou que no Moita Fest foram arrecadados alimentos que foram entregues à Paróquia, mas o que nós questionamos foi a ligação com a associação, pois temos documentos contrários às afirmações dele”, ressalta.
TRE
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Eunice Dantas: "Depoimento contraditório e vago" |
O juiz Fernando Escrivani explicou que o fato de ele ser padre ou não é circunstância menor.“Ele não conseguiu responder sem entrar em contradição. Foi perguntado por mais de uma vez, pelas partes e por mim no final eu fui tentar esclarecer pra ver se verificava o mal entendido e ele não conseguiu dar uma resposta precisa sobre em que circunstância ele tomou conhecimento da existência e atuação da associação que ele diz ter firmado parceria para uma ação específica. Simplesmente afirmou uma coisa, depois desafirmou e afirmou novamente, então quando contradições assim acontecem o procedimento legal é investigar falso testemunho”, enfatiza.
Defesa
O advogado de Defesa, Márcio Conrado destacou que o depoimento do padre de Moita Bonita comprovou a não utilização de subvenções com finalidade política.
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Fernando Escrivani: "O fato de ser padre ou não é circusntância menor"
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“O depoimento demonstra que essas verbas repassadas não foram destinadas pra qualquer campanha do deputado Venâncio Fonseca. O que o padre respondeu ao magistrado foi quanto à existência ou não da associação. Em relação ao acontecimento da festa, isso é inequívoco, fotos foram trazidas, existem documentos que estão acostados na defesa que demonstram que a festa foi realizada”, esclarece Márcio Conrado.
Já são oito testemunhas investigadas pelo crime de falso testemunho na Polícia Federal.
Por Aldaci de Souza