Subvenções: testemunhas revelam ameaça de morte

TJ inicia instrução da ação penal contra deputados (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

O juiz Leonardo Souza Santana Almeida iniciou a instrução do processo penal movido pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra os deputados Paulo Hagenbeck, o Paulinho das Varzinhas (PT do B), e Augusto Bezerra (DEM). Estavam previstos depoimentos de oito testemunhas arroladas pelo MPE, mas apenas três foram ouvidas em juízo em audiência que aconteceu na manhã desta segunda-feira, 28, na sede do Tribunal de Justiça de Sergipe.

Nos depoimentos, duas testemunhas revelaram que o empresário Nolet Feitosa teria feito ameaças de morte, que teriam como alvo a procuradora da república Eunice Dantas, responsável pela desarticulação de um suposto esquema para desviar as verbas de subvenções destinadas pela Assembleia Legislativa a entidades do terceiro setor. Além de Eunice Dantas, também estariam na mira do empresário Clarisse Jovelina de Jesus e Alessandra Maria de Jesus, que à época exerciam cargos de presidente e tesoureira, respectivamente, da Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Nova Venessa (Amanova) contemplada com verbas de subvenções em valor de cerca de R$ 2 milhões.

Estas denúncias vieram à tona durante os depoimentos prestados pelas testemunhas Enaldo Vieira Silva, ex-vice-presidente da entidade, e Geverson Luiz de Jesus, filho de Clarisse Jovelina de Jesus, a então presidente da entidade na época em que recebeu cerca de R$ 2 milhões da Assembleia Legislativa. Ambos falaram nas ameaças, revelando que Nolet teria dito que “iria passar o rodo em tudo” e que “precisava tirar a procuradora [Eunice Dantas] de circulação porque ela estava falando demais”.

Eduardo D´Ávila: comunicado à procuradora

As declarações soaram como surpresa. O procurador de justiça Eduardo D´Ávila, que acompanhou a audiência representando o Ministério Público Estadual, informou que enviará comunicado à procuradora Eunice Dantas. “Até então, ninguém tinha notícia nenhuma de ameaça à doutora Eunice, é um fato que vamos comunicar à procuradora”, revelou o procurador de justiça.

Procurada pelo Portal Infonet, a procuradora Eunice Dantas informou que tomará as medidas necessárias depois de ter acesso aos áudios da audiência. Ela revelou que desconhece o teor destas ameaças e enfatizou que não se sente amedrontada. A procuradora da república solicitará cópia dos áudios da audiência realizada nesta segunda-feira, 28, no TJ e não descarta a possibilidade de ingressar com representação criminal na própria Procuradoria Regional da República contra Nolet Feitosa.

Os áudios também serão analisados pela segurança orgânica da Procuradoria da República. “Mas não podemos agir sem ter conhecimento do que foi efetivamente dito. Só com o teor dos áudios é que podemos adotar alguma medida”, ressaltou.

Defesa

O advogado Israel Mendonça Souza, que atua no processo na defesa de Nolet Feitosa, nega as ameaças. “Não existe ameaças de morte, só especulação. Nunca existiu uma ação neste sentido, é só uma forma de inocentar as pessoas que também foram beneficiadas e participaram do esquema”, destacou o advogado fazendo referência à ex-presidente e à ex-tesoureira da Amanova. “É pura invencionice”, conceituou.

Por Cássia Santana

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