Valter Pomar: alternativa da Articulação para o PT

Pomar: mudança do discurso para conquistar jovens (Foto: Cássia Santana/Portal Infonet)

A militância do PT já está se organizando no país para a escolha dos novos dirigentes em eleições internas que acontecerão no dia 10 de novembro deste ano. Três conhecidos petistas já anunciaram disposição de disputar o pleito: Rui Falcão, que foi presidente do PT em duas oportunidades para substituir o ex-presidente da república Luís Inácio Lula da Silva e, mais recentemente, sucedendo o sergipano José Eduardo Dutra, que está entre os diretores da Petrobras. Também estão no páreo, Paulo Teixeira, ex-secretário geral do PT, e ainda Valter Pomar, que já disputou o comando do partido em duas oportunidades: 2005 e 2007.

Pela primeira vez, nesta disputada já iniciada, Sergipe recebe a visita de um dos pré-candidatos. Valter Pomar desembarcou em Aracaju, nesta terça-feira, 23, e à noite participará de um seminário organizado pela tendência Articulação de Esquerda, no município de Estância. Ele não tem dúvida que outros nomes surgirão para disputar o comando nacional do partido.

Em entrevista ao Portal Infonet, Pomar falou dos desafios e fez um diagnóstico da falta de desempenho de alguns candidatos em cidades brasileiras nas eleições passadas quando foram escolhidos prefeitos e vereadores. Para Pomar, no ano passado, ocorreu uma campanha, exitosa, articulada por adversário, com apoio da Rede Globo de Televisão, para desgastar o PT. Pomar também prevê novas dificuldades que o partido enfrentará nas eleições de 2014, momento em que o partido, no seu ponto de vista, poderá confrontar, no segundo turno, com ex-aliados, no caso a ex-ministra Marina Silva e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. “O que, no geral, explica os problemas de desempenho que a gente teve em algumas regiões foi uma campanha articulada e muito eficaz para desgastar o PT, mas não acredito que isso traga reflexo para 2014”, diz Pomar. “Pelo que já tem percebido isso tudo já foi precificado e tudo caminha para a gente ganhar a eleição em 2014 no segundo turno numa campanha muito difícil”.

Para Pomar, um dos grandes desafios do partido nas próximas eleições está na formatação do discurso, que deve sofrer mudanças para atingir a juventude que não vivenciou o período político brasileiro que antecedeu a administração de Lula. “Nas últimas três eleições presidenciais, o PT deu muito destaque para a ideia da comparação. Só que a comparação perde eficácia quando o cidadão não viveu pessoalmente a experiência com a qual está se comparando. Para o cidadão jovem, a comparação deve ser feita, mas é preciso fortalecer uma outra dimensão do discurso que é o projeto de futuro”, considerou.

Pomar também falou do envolvimento de petistas em esquema de corrupção, a partir dos resultados do mensalão. Para o petista, as prisões e a consequente condenação dos petistas envolvidos no esquema é fruto da estratégia de governo para combater a corrupção, em ação articulada pelo próprio PT no período Lula e agora com Dilma Rousseff.
Mas Pomar defende uma articulação interna no partido para prevenir a corrupção. “O PT precisa adotar, internamente, mecanismo de vigilância maior sobre seus quadros. Aquilo que é a nossa responsabilidade pública, de que quem comete crime é investigado, julgado e preso, está sendo feito, diferente de Fernando Henrique, em que os procuradores  e advogado geral da união eram engavetadores”, considerou. “Os nossos governos não fazem isso e, para dentro do PT, precisamos aumentar nossos instrumentos de controle e de vigilância exatamente para não dar pretexto para pessoas de má fé”.

O pré-candidato à sucessão de Rui Falcão vê com preocupação as disputas internas pelos cargos eletivos e diz que o partido precisa ter campanhas partidárias mais estruturadas e homogêneas. “É preciso resgatar uma coisa que o PT fazia nos anos 80 e 90 e que deixou de fazer, que é se apresentar nas campanhas eleitorais como partido diferenciado, pedindo voto na legenda, potencializando o partido, ao invés de ter candidaturas que disputam entre si”, considerou.

Por Cássia Santana