(Foto: Ascom FHS) |
No cardgo há duas semanas, o novo diretor geral da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS), Marcelo Vieira, explica que o desafio da Fundação é reestruturar de forma que as ações caibam dentro dessas restrições de financiamento. Ele ressalta a queda do FPE e o impacto no repasse da Saúde; fala do atraso dos insumos e medicamentos e também da importância da continuidade da Fundação. Acompanhe!
Como o novo diretor pretende conduzir as ações na Fundação diante de tantos problemas?
MV – Primeiro é preciso ampliar o olhar. O problema da Saúde não é de Sergipe. Basta assistir aos noticiários para perceber que não estamos isolados, ao contrário, estamos avançando mais do que muitos outros estados brasileiros, tanto que a nossa rede é referência para pacientes de vários outras regiões. Depois, entender que não temos uma fórmula mágica, mas uma equipe determinada, competente e destinada a fazer com que o sistema funcione e já estamos trabalhando a reestruturação, pensando esse sistema de forma que ele possa rodar com as condições reais de financiamento que o Estado vive hoje, sem perspectiva de dinheiro novo, com queda do FPE e o impacto disso no repasse para a Saúde. Então o nosso desafio é reestruturar, de forma que as nossas ações caibam dentro dessas restrições de financiamento.
Na prática, que ações são essas? Qual será o foco de atuação?
MV – Desde que assumimos, na semana passada, estamos debruçados repensando os fluxos de processos internos da FHS. E ai temos grande aliados que são gestores e profissionais determinados e dedicados espalhados por toda a rede. Com esse suporte, um dos pacotes de medidas será voltado ao Huse, num processo de reestruturação e regulação no atendimento, fazendo com que a unidade atue naquilo que é sua atribuição, alta complexidade. Essas ações ajudam a redimensionar os gastos, também, porque enquanto tivermos no Huse a grande maioria dos atendimentos sendo de baixa e media complexidade, estaremos fazendo atenção básica com o custo de alta complexidade, o que deforma o processo de financiamento. Além de pensar o Huse, temos que pensar os outros hospitais como sendo atendimento e retaguarda para organizar melhor os processos de trabalho. Claro que, para isso, estamos atuando no reforço das unidades do interior.
Como será esse reforço nas unidades do interior?
MV – O espírito é de forca-tarefa. Temos plena confiança em toda a equipe e temos a certeza de que com a chegada de Wagner Andrade na diretoria operacional, esse processo terá a agilidade necessária. Vamos dar como exemplo a ortopedia que é um dos grandes problemas na rede. Até agosto, os procedimentos ficavam restritos ao Huse, mas hoje nós temos esses procedimentos realizados em Itabaiana, Lagarto e com a perspectiva de realizar em Socorro. Isso paralelo à manutenção dos mutirões e do atendimento no pronto socorro do Huse. Só Itabaiana e Lagarto realizaram quase 340 cirurgias ortopédicas de agosto até agora, além das quase 600 realizadas no Huse, entre pronto socorro e mutirão. Não fosse o funcionamento dessas unidades do interior, essas quase 340 cirurgias iriam, também, para o Huse. Então essa ideia de que a rede não funciona é falsa. Ela funciona, mas não ainda na plenitude que gostaríamos e é nisso que estamos trabalhando: fazer funcionar a política de assistência em saúde do Governo do Estado.
E quanto a falta de insumos e medicamentos?
MV – Quando eu estava como diretor financeiro da Secretaria de Estado da Saúde pude perceber a ginástica que a gestão tem feito no sentido de retomar o fornecimento em uma rede que estava praticamente desabastecida, ao mesmo tempo renegociando passivo de até oito meses junto a fornecedores e prestadores, justamente em um momento de queda no repasse. Mas estamos fazendo o dever de casa e vamos continuar nesse processo de retomada da capacidade de compra da Fundação. Para isso, a gestão tem feito um trabalho importante de estruturação dos processos de compra. Hoje nós estamos com quase 100% desses processos organizados, destravamos muitos outros e agora estamos trabalhando para garantir o abastecimento por períodos mais longos, com margem de segurança, viabilizando um planejamento. Claro que para isso, precisamos trabalhar a logística interna. Muitas vezes ouvimos a notícia de que um medicamento faltou e na verdade existe no estoque, então precisamos melhorar esse fluxo também. Precisamos, ainda, implantar um sistema tanto de gestão hospitalar, quanto de gestão administrativa e financeira, para que possamos dar uma melhor capacidade de controle para a gestão da Fundação. Dessa forma, poderemos diagnosticar os problemas mais facilmente com solução rápida.
E sobre o fim da Fundação. Como novo diretor geral, como avalia essa possibilidade?
MV – Insisto. O problema não está em manter ou acabar com a Fundação Hospitalar, a questão é de financiamento, de adequar a estrutura que existe à realidade financeira. O debate em relação ao funcionalismo está pautado nessa história de extinção das fundações. Existe no debate a falsa ideia de que ao acabar com a Fundação, os problemas serão resolvidos. Isso não é verdade, até porque a burocracia na aquisição de insumos e medicamentos torna o processo ainda mais lento através da Secretaria. Além disso, a maioria dos servidores é celetista e o Estado não tem condições de absorver esse quantitativo. O que precisamos fazer é fortalecer a FHS enquanto projeto corporativo, reabrindo o canal de diálogo entre gestão e servidores, de forma a encontrar uma identidade e um sentimento de pertencimento desses servidores ao projeto que representa a Fundação. Nós reafirmamos a importância da Fundação. No cenário atual ela é fundamental para operacionalizar o SUS e estamos dispostos a corrigir os problemas eventualmente identificados, potencializando atribuição original que é dar agilidade nos processos com a seriedade e a transparência que é requerida aos entes públicos. Queremos com isso ganhar o funcionalismo e a sociedade.
Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B