Bactéria KPC: Profissionais da Saúde temem contaminação

 Profissionais temem contaminação (Foto: Arquivo Portal Infonet)

Profissionais da saúde [nível médio], que trabalham no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) estão preocupados com a possibilidade de contaminação pela bactéria Klebsiella Pneumoniae (KPC).  Eles alegam a falta de Equipamentos de Proteção Indivudual (EPIs), a exemplo de máscaras e álcool gel. Temendo "contaminar as casas e as famílias", denunciam estar sendo forçados a cuidar de pacientes no isolamento. Hospital garante que sete pessoas morreram com a bactéria, sendo dois por infecção e cinco por outras causas, mas com a KPC colonizada. O Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Município de Aracaju (Sintama) já notificou o hospital quanto à falta de EPIs, de roupas privativas e de treinamento adequado à situação.

Temendo sofrer represálias, os servidores entraram em contato com o Portal Infonet [pedindo para ter os nomes mantidos em sigilo] para destacar estarem “trabalhando sob uma tensão enorme com essa história das super bactérias sendo que todos os pacientes que morreram, não constam no atestado de óbito a KPC como causa morte”.

Notificação do sindicato (Fotos: Divlgação)

"O Sindicato notificou o hospital porque os gestores não estão dando roupas privativas nem EPIs aos técnicos e auxiliares de Enfermagem, muito menos treinamento adequado, sem contar que querem forçar a gente a cuidar de pacientes no isolamento, que usam roupas privativas, mas usamos as nossas próprias roupas podendo contaminar nossas casas e nossas famílias. Estão querendo remanejar os extras para cuidar dos pacientes que estão iolados com a KPC, como ninguém quer ir, a gerência mandou sortear. A funcionária sorteada pegou os piores pacientes e decidiu voltar para o setor, mas disseram que quem não for, não pegará mais extra para a Ala Azul. Os colegas se uniram e foram embora. Sabemos os riscos que a saúde oferece, mas se tivermos equipamentos e formos treinados pra lidar com uma situação dessas, vamos saber como proceder. Se a bactéria existe mesmo por que não aparece nos atestados de óbito? E nossa vida não tem valor? Nosso medo é do desconhecido, da incerteza, não basta correr riscos, não somos heróis e heroínas. Somos profissionais e temos famílias, filhos, precisamos saber com o que estamos lidando", lamenta uma servidora do Huse afirmando não poder ser identificada na matéria para não correr o risco de ser punida.

Riscos

Atestado de óbito não fala sobre a KPC

Indagada sobre a situação, a infectologista do Huse, Iza Lobo afirmou já ter sido informada oficialmente que profissionais estão se recusando a cuidar dos pacientes com a bactéria. “Tive a informação por meio de uma Comunicação Interna de que dois profissionais estão se recusando porque têm filhos pequenos e a gente vai se reunir para conversar, até porque já trabalham o tempo todo com outras bactérias normalmente”, ressalta.

Quanto aos riscos aos quais técnicos e auxiliares de enfermagem podem estar se submetendo, Iza Lobo, descartou.

Recipiente de álcool gel vazio

“Não correm risco pois essas bactérias remotamente nos colonizam, a gente se contamina na mão, na roupa, mas quando lavar normalmente, some. Não nos coloniza porque a gente tem as nossas bactérias protetoras. A gente ter uma infecção por uma bactéria dessa é uma coisa excepcional, a gente não vê nenhuma notícia. Eles mesmos não conhecem ninguém que tenha tido uma infecção por uma bactéria multirresistente de UTI.  Não precisa ter preocupação dos profissionais pra isso”, garante.

Cuidados

Sobre a prevenção, ela foi enfática: “os cuidados que tem que ter pra prevenir qualquer infecção é higienizar as mãos, lavar bem com água e sabão, passar álcool. O profissional de saúde acha que usar máscaras é a coisa mais importante. Pouquíssima infecção se transmite pelo ar. A maior parte das infecções hospitalares e essas bactérias resistentes transmitem pelas mãos e pelo contato com os utensílios ao redor, e tocar o paciente. Para manejar o paciente tem que usar um avental, usar luvas e depois higienizar as mãos bem. Isso é suficiente para impedir a transmissão cruzada entre os pacientes e as pessoas se contaminarem. Mesmo que os acompanhantes e os profissionais se contaminem, será uma contaminação transitória, naquele momento, depois descarta o material”.

Anvisa

Funcionário da limpeza usa EPIs adequados para recolher roupas do isolamento

Segundo normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a  prevenção e o controle da disseminação/propagação do agente infeccioso devem ser estabelecidos por meio da higienização das mãos, disponibilização contínua de insumos para a correta higienização, de Equipamento de Proteção Individual [luvas e aventais] para o manejo do paciente e suas secreções, além da correta paramentação para lidar com o ambiente em torno do paciente, colonizado ou infectado.

A dedicação ao cuidado com o paciente [colonizado ou infectado] deve, preferencialmente, ser por um corpo profissional exclusivo; além da disponibilização de equipamentos e utensílios para o uso individual do paciente [estetoscópio, esfignomanômetro, termômetro, talheres, copos]; reforço a aplicação de precauções de contato, em adição às precauções-padrão para profissionais de saúde, visitantes e acompanhantes, quando do isolamento de microrganismos de importância epidemiológica definida, ou para pacientes sob risco de colonização pelos mesmos, até obtenção de resultados de testes de vigilância microbiológica; área de isolamento exclusiva para paciente colonizados/infectados pelo mesmo microrganismo multirresistente, bem como a identificação da condição de isolamento no prontuário e portas de acesso.

Iza Lobo: "Não há riscos para profissionais'

A reportagem tentou ouvir a diretora do Huse, Lícia Diniz e o coordenador das Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), Luiz Flávio Prado mas foi informada de que ambos não se encontravam na unidade, no final da tarde desta quarta-feira, 17. O Portal Infonet continua a disposição dos gestores sobre a situação que vem deixando os profissionais assustados e já teria sido comunicada ao Ministério Público Estadual (MPE). Esclarecimentos podem ser feitos por meio do telefone 079 2106-8000 ou do e-mail jornalismo@infonet.com.br.

Por Aldaci de Souza

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais