Câncer: beleza e autoestima pós-diagnóstico da doença

Modelos voluntárias: nova vida (Fotos: Cássia Santana)

Depois de submetidas a mastectomia, cirurgia para retirada da mama frequentemente utilizada em casos de diagnóstico de câncer de mama, as mulheres portadoras da doença buscam alternativas para superar o trauma e evitar a reconstrução mamária, a partir de um novo procedimento cirúrgico.

Superada a fase de diagnóstico e tratamento, as mulheres encontram métodos simples e fáceis para conservar a beleza e elevar a autoestima: uso de confortáveis próteses produzidas em polietileno, um tipo de plástico mais comum, mais barato e quimicamente inerte, segundo pesquisadores.

Desfile

O produto foi apresentado às pacientes atendidas no Setor de Oncologia do Hospital de Cirurgia na manhã desta quinta-feira, 29, durante uma Oficina de Prótese promovida pela pedagoga Iracema Pereira Leite, uma paciente, que detectou o câncer de mama no ano de 2007, aos 48 anos.

Iracema, à esquerda, mostra como usar as próteses

Durante a oficina, a pedagoga promoveu um ‘desfile de moda’, com participação de pacientes voluntárias atendidas pela Associação de Apoio ao Adulto com Câncer (Acase), que se posicionaram como manequins: a manicure Josenilde Silva Santos, a microempresária Luciene Santana e a vendedora Arlete Marcelino.

As duas primeiras retiraram a mama, enquanto Arlete Marcelino fez a quadrantectomia, para retirada de parte da mama. As modelos mostraram entusiasmo e charme na passarela para divulgar os modelitos, que vão de simples sutiãs, roupas íntimas usadas para dormir à moda praia, a exemplo de biquínis, maiôs e até estilosas saídas de praia já adaptadas com as próteses.

“Comprava prótese, era muito cara e descartável. Um dia fui convidada para a festa de aniversário de uma vizinha e não encontrei minha prótese, chorei – mas foi por pouco tempo – e aí decidi que em todas as partes da minha casa ia ter prótese”, conta Iracema Pereira. A partir da experiência, Iracema começou a descobrir experiências curiosas para produzir a própria prótese. “Até milho alpiste [comida para passarinho] eu usei, mas com o calor o milho nasce e aí vi que não dava”, lembra, bem humorada. “Aí fui ao Rio de Janeiro, conheci técnicas e tamanhos variados e esta é a quarta oficina que realizo aqui”.

Passarela; aplausos e aprovação das pacidentes

Atualmente, Iracema encontrou na produção de próteses uma alternativa econômica, mas, essencialmente, um meio de elevar a autoestima das pacientes. “Algumas eu vendo porque preciso do dinheiro para dar continuidade, mas faço muitas doações às pessoas que não têm condições”, diz. “Doar é muito mais prazeroso. Não há aqui interesses lucrativos”, avisa.
Para a pedagoga, as oficinas, onde ela também ensina a confeccionar as próteses, têm elevado a autoestima das pacientes. “As oficinas levantam a autoestima e mostra que podemos estar lindas e maravilhosas sem a mama”, analisar Iracema Pereira.

A oficina, conforme explica o médico Adolfo Scherr, oncologista clínico, integra o rol de ações direcionadas à Semana Nacional de Combater ao Câncer. Para os demais pacientes, o hospital reservou uma apresentação cultural com participação do grupo JR Quinteto de Cordas.
O médico também aprova o uso das próteses confeccionadas pela pedagoga. “É uma forma mais econômica de fazer prótese, uma medida simples que resolve não só o problema da estética, mas também da autoestima”, considera o médico.

Alexandra: "agora é só embelezamento"

A assistente social Luzivância Bispo, gerente administrativa do ambulatório de Oncologia do Hospital de Cirurgia, observa que a Oficina desta quinta-feira foi direcionada a cerca de 30 pacientes que estão sendo submetidas à quimioterapia. “Reunimos todas as pacientes com câncer de mama nesta sala para realizar o desfile”, disse. “Sabemos que nem todas as pacientes se adaptam à prótese cirúrgica e esta é uma boa alternativa, que eleva a autoestima”, observa a assistente social.

As pacientes não esconderam a satisfação. “Estou achando muito legal este desfile porque estamos descobrindo algo que vem nos trazer autoestima”, observa Alexandra dos Santos, que já concluiu parte do tratamento. “Agora, só estou me embelezando”, comemora.

“Fiquei bastante emocionada quando cheguei aqui e encontrei toda esta festa. É linda demais”, reagiu Josevânia dos Santos, cuja câncer de mama foi diagnosticado no mês de abril deste ano. “Eu estou bem e a gente tem que levar a vida.

JR Quiteto de Cordas humaniza sala de espera com música de bom gosto

O mundo não acabou. Tô feliz”, reage.

Por Cássia Santana

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