Três equipes de voluntários já foram escolhidas em Sergipe (Foto: Arquivo Anjos da Enfermagem) |
Presente em mais 15 núcleos, o projeto "Anjos da Enfermagem" é desenvolvido em Sergipe desde o ano de 2009. Ele foi abraçado pela gestão que conduzia o Conselho Regional de Enfermagem de Sergipe (COREN-SE) naquele ano, e colocado sob a coordenação da conselheira Mônica Novais. Vinculada ao Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), mais especificamente a oncologia pediátrica, a iniciativa é apoiada pela Universidade Tiradentes (UNIT) e pela Faculdade Estácio de Sergipe (FASE), as quais designaram as professoras Sônia Ramos e Teresinha Dias para coordenar a atuação dos estudantes em suas atividades.
Até o presente ano, o projeto já contou com a participação de três equipes de voluntários, que assim como nos demais núcleos, atuam em um período de aproximadamente um ano, e posteriormente se desvinculam do projeto para dar oportunidade a outros estudantes. Esta é uma das propostas do projeto, que objetiva que vários grupos de discentes tenham a oportunidade de realizar um trabalho de humanização, antes mesmos que comecem a atuar profissionalmente na área de Enfermagem.
Mônica Novais conta que se apaixonou pelos "Anjos da Enfermagem" (Foto: Monique Garcez) |
Coordenadora estadual, Mônica Novais conta que conheceu o projeto em uma das edições do Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (CBCENF). “Não sabia o que era. Só via as meninas e os rapazes pintados de palhaço com aquele chapéu que me chamou a atenção, e eu ficava atrás deles. Em um momento os parei e perguntei o que eles eram, e me responderam que eram do grupo "Anjos da Enfermagem". E eu disse: ‘também quero ser anjo’”, relembra aos risos.
Mônica afirma que ficou tão apaixonada pelos "Anjos", que começou a falar sobre eles para as pessoas que conhecia. “Não achava que o projeto viria para Sergipe. Mas de repente a então presidente do Conselho Regional de Enfermagem de Sergipe (COREN-SE) foi para uma reunião no Conselho Federal, conheceu a iniciativa, e quando voltou disse que aceitou que o projeto viesse para o Estado e abriu uma votação para que eu fosse a coordenadora estadual dos "Anjos". Foi uma emoção muito grande”, descreve.
A coordenadora regional afirma que, mesmo sem ser sua função, participa das visitas dos voluntários ao HUSE (Foto: Arquivo Anjos da Enfermagem) |
Responsável por viabilizar e organizar as campanhas juntamente com as coordenadoras locais, Mônica também atua como elo entre as instituições de ensino e o hospital parceiros, e ainda se dedica a construir relatórios mensais a respeito da atuação do núcleo sergipano. “Apesar de não ser obrigação minha, também participo das visitas, pois gosto muito delas”, complementa.
Com os olhos cheios de lágrimas, a coordenadora regional acredita que ‘amor’ seja a palavra que define o trabalho dos "Anjos". “O papel principal dos voluntários é levar alegria, pois esta, aliada a descontração e ao sorriso, diminui muito o impacto da doença. Acredito que quando estamos alegres esquecemos até um pouco da doença, e a nossa imunidade aumenta”, explica.
Ainda emocionada, Mônica relembra um momento marcante e conta que na organização de uma das festas de Natal dos pacientes da oncologia pediátrica do HUSE, ela convidou uma conhecida para tocar músicas natalinas ao som de uma sanfona.
Natal é uma das datas comemoradas pelos voluntários (Foto: Arquivo Anjos da Enfermagem) |
“Ela ficou tocando as canções natalinas e nós cantávamos. Porém, do local onde estávamos, uma moça que estava na ala masculina, localizada do outro lado, nos viu, subiu na cama do pai e nos chamou. Então fomos visitar o senhor, que estava traqueostomizado e não falava. Sua filha pediu para que a sanfoneira tocasse uma música que o pai gostava muito, e ao começar a tocar, ele teve a reação de chorar. Esse senhor não falava, mas chorava muito. E quando a moça terminou a canção e fomos embora, a filha dele agradeceu e disse: ‘se meu pai morrer hoje, ele morre feliz’”.
Determinação
Determinada em ajudar os pacientes presentes em oncologias pediátricas de todo o país, a fundadora do "Anjos da Enfermagem", Jakeline Duarte, alega que é gratificante ver a transformação das pessoas, e o bem que é feito. “Sinto o projeto como se fosse um filho. É uma parte de mim”, enfatiza, e relembra a história de Damião, a primeira criança com câncer com a qual teve contato, e que a inspira até hoje. “Ainda hoje tenho gravado o seu sorriso na minha lembrança. Damião gostava de música sertaneja e nós brincávamos por horas. Ele morreu logo depois de nos conhecermos, e o mascote dos "Anjos" se chama Damiãozinho em sua homenagem”, conta.
Jakeline Duarte em encontro com os "Anjos da Enfermagem" de Sergipe (Foto: Arquivo Anjos da Enfermagem) |
Sobre o desenvolvimento do projeto em Sergipe, Jakeline destaca que o que marca a participação deste núcleo é o envolvimento, a seriedade e o compromisso com que todos levam as normas e orientações da coordenação nacional. “Tenho muito orgulho dos "Anjos" de Sergipe. Quando visitei o Estado vi exatamente aquilo que planejei, e que em Sergipe os "Anjos" colocam em prática aquilo que está no papel. Nunca vou esquecer o que os "Anjos" de lá me fizeram sentir”, conclui.
Confira a declaração de Jakeline para os
"Anjos" do núcleo Sergipe
(Vídeo: Arquivo Anjos da Enfermagem)
Por Monique Garcez
*Esta grande reportagem é fruto do Projeto Experimental de Conclusão do Curso de Comunicação Social/Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe, executado durante o período 2012.2.
Esta é a segunda parte da grande reportagem. Confira sua continuação:
Parte 3 – 'Anjos da Enfermagem' emociona voluntários e pacientes
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