O Conselho Regional de Medicina de Sergipe (Cremese) realizou na última quinta-feira, 15, a interdição ética profissional de algumas áreas de atendimento no Hospital Regional de Lagarto.
Foram interditadas as áreas de Clínica Médica e Pediatria. Com a interdição ética dos serviços fica impossibilitado o atendimento médico dessas especialidades.
Em julho deste ano, foi realizada uma reunião no Ministério Público Federal (MPF) para se discutir a situação crítica do hospital.
De acordo com o coordenador do setor de Fiscalização do Cremese, Dr. Alexandre Dantas, a interdição foi realizada após denúncias de profissionais da área médica. “Há vários meses recebemos denúncias de colegas médicos em relação a falta de escala, sobrecarga, superlotação, fomos fazer fiscalizações e encontramos um cenário muito preocupante. O hospital está sempre lotado, os corredores da área azul sempre cheios, o eixo crítico das áreas amarela e vermelhas sempre lotado com pacientes nos corredores desses setores e déficit na escala”, disse o coordenador.
Ainda segundo o coordenador Alexandre Dantas, se espera que após a interdição, medidas sejam adotadas para solucionar o problema. “A gente espera que as autoridades possam se reunir e buscar uma solução pra essa situação. O que não pode é a população ficar desassistida. Hoje, com o plantão restrito da baixa complexidade, os pacientes da cidade de Lagarto não tem pra onde ir. Vão ter que se dirigir aos municípios vizinhos para buscar a UPA desse local. Então a gente quer a resolução dessa situação”, diz.
Após a interdição, o Cremese continuará realizando o monitoramento no hospital. “A gente vai manter o monitoramento. Provavelmente semanalmente vai ter uma equipe lá fazendo a vistoria e verificando se as adequações necessárias estão sendo feitas para o hospital poder retornar ao seu ritmo normal”, afirma Dr. Alexandre.
Ebserh
Em nota divulgada nesta sexta-feira, 16, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH), que administra o Hospital Universitário de Lagarto, informa que recebeu com surpresa a decisão de interdição ética da atividade médica do hospital e anunciou que o hospital ajuizará na Justiça Federal uma ação cautelar com pedido de tutela de urgência, buscando reverter a interdição médica.
O intuito da unidade hospitalar é manter a continuidade dos serviços prestados para não ocasionar nenhuma desassistência à população que tem o HUL-UFS como referência para suas necessidades de saúde e atendimento, ou prejuízos aos alunos que têm o hospital como base de ensino e formação.
No mês de Setembro, a unidade passou a contar com o reforço de 12 médicos clínicos, 20 técnicos de enfermagem, 11 enfermeiros, cinco pediatras, dois cirurgiões e um clínico geral. Em agosto, também foram contratados um biomédico, dois fisioterapeutas, um cirurgião geral, um ortopedista, um pediatra, quatro técnicos de enfermagem e cinco médicos para atuação no pronto socorro do hospital.
Em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe o HUL também contou com a chegada de médicos para manter as atividades cirúrgicas em pleno funcionamento, completando assim o quadro de anestesistas dimensionado para a unidade hospitalar.
Essas ações estão na agenda de tratativas e encaminhamentos para melhor adequação dos atendimentos e das escalas médicas e de enfermagem.
Ainda é importante mencionar que o HUL, como unidade hospitalar de Urgência e Emergência e Hospital Universitário Federal, faz parte da Rede de Atenção à Saúde de Sergipe, não podendo ser único responsável pela totalidade dos atendimentos da região. É fundamental também a oferta de serviços de saúde locais através da atenção primária, como UPAs, UBS e demais estruturas de atendimento básico visando desafogar a unidade hospitalar.
Por Milton Filho e Aisla Vasconcelos
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