Crack circula até nos povoados sergipanos

Ciclo de palestra marca Dia Internacional de Combate às Drogas (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Um ciclo de palestras dirigido a profissionais que trabalham com foco na prevenção e combate a drogas marcou as atividades realizadas pela Associação Resgate de Sergipe (Arese) neste 26 de junho, data dedicada ao Dia Internacional de Combate às Drogas. O vice-presidente Jorge dos Santos fez uma abordagem sobre a atuação da entidade no Estado e fez uma observação preocupante: o crack já é pedra conhecida e comercializada nos 75 municípios sergipanos, inclusive nos povoados.

Ele observou ainda que a entidade recebe constantes demandas de filhos de casais dependentes, crianças que acabam se tornando iscas e transformadas em elo para pagamento de dívidas contraídas em função do consumo de drogas. Na ótica do presidente da Resgate, o enfrentamento ao problema só será possível com políticas públicas, que tenham também o envolvimento de toda a sociedade sergipana. “Não podemos pensar que o governo sozinho é responsável. A responsabilidade também é nossa”, comentou.

Jorge Santos [em pé] e Jorge Barbosa [sentado]: luta pela prevenção e tratamento

O psicólogo Jorge Barbosa, que também fez palestra, divulgou pesquisa realizada pelo Instituto Sergipano de Qualidade de Vida (ISQV) e demonstrou preocupação com a mudança do perfil de seus clientes. Ele trabalha com prevenção e tratamento de pacientes dependentes há 30 anos. “Quando comecei, há 30 anos, a trabalhar com o tratamento, meus clientes estavam com 25 anos, fumando um baseado [nome popular dado ao cigarro de maconha], hoje é raro ter uma semana na qual eu não atenda pelo menos uma criança de dez anos viciada em crack”, disse.

Aliciamento

O psicólogo revelou ainda que crianças do sexo feminino estão ingressando no ciclo da prostituição para vender drogas. Ele revelou que foi procurado por prostitutas profissionais com dez anos de atividade para reclamar da concorrência. “Elas vieram me pedir ajuda porque estavam perdendo clientes, que preferiam fazer programas com as crianças de onze e doze anos aliciadas por traficantes”, contou.

Maria da Conceição: questão de saúde pública

De acordo com o psicólogo, a pesquisa do ISQV indica que 80% de jovens universitários usam bebidas alcoólicas e 60% destes têm acesso a outras drogas, principalmente a maconha. O contato com a droga, conforme observou, geralmente é feito com faixa etária de 15 anos. “De cada dez famílias pesquisadas, cinco têm problemas com drogas e, em 50% destas, há uso de crack”.

A pesquisa, conforme revelou o psicólogo, mostra também que os roubos também estão relacionados a drogas. “O filho começa a vender as coisas de casa e depois passa a roubar para manter o vício”, comentou.

Políticas

Para a pedagoga Maria da Conceição Ribeiro, coordenadora de prevenção da Arese, os problemas decorrentes da droga são consequência da falta de políticas públicas eficazes. “Falta o governo entender que a droga é uma questão de saúde pública”, diz. “O que se faz hoje é medida paliativa”, comenta.

Jorge Santos: "crack está nos 75 municípios sergipanos"

A pedagoga defende maior investimento em políticas de prevenção e maior mobilização nas escolas, com implantação de turno integral para todas as crianças e adolescentes matriculados, além de abertura de centros terapêuticos para prestar atendimento a dependentes químicos. “Eles querem ser tratados, mas não têm como arcar com o ônus”, observa.

Nas escolas, a pedagoga defende a implantação de cursos de capacitação para preparar professores e coordenadores a identificar os traficantes que rondam os estabelecimentos de ensino, seja público ou privado, para aliciar alunos e também alunos que desencadeiam comportamento que leve ao consumo de drogas.

Por Cássia Santana

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