Direção do Hospital Cirurgia fala sobre crise financeira

A situação do hospital foi explanada em coletiva de imprensa (Fotos: Portal Infonet)

A direção do Hospital Cirurgia convocou uma coletiva de imprensa na tarde desta quinta-feira, 8, para prestar esclarecimentos sobre a situação financeira do hospital filantrópico. Foi explicado que a instituição ainda negocia para suspender a exigência da cobrança da multa trabalhista até que o processo movido pela Justiça do Trabalho seja julgado em todas as instâncias. A direção do hospital também garantiu que os serviços prestados pela casa de saúde não serão suspensos.

Gilberto Santos, diretor presidente do Hospital Cirurgia, explicou que o silêncio por parte do hospital sobre o caso se deu tendo em vista preservar os canais de negociação com a Justiça do Trabalho. “Ontem tivemos grande sinalização de avanços, já que o procurador do caso fez sugestões para que entrássemos em entendimento”, avalia o gestor. A dívida total chega à casa dos seis milhões de reais.

Para o diretor, o motivo maior da dívida foi a municipalização da gestão de saúde. Gilberto Santos argumenta que antes dessa alteração, os recursos vinham de forma direta do Ministério da Saúde para as contas do hospital. “O dinheiro sempre chegava em nossas contas no dia 30 de cada mês”, explica. No entanto, com a municipalização da saúde, os créditos que hoje são de R$ 3,4 milhões, passaram a ser enviados para as contas municipais, que cuida de fazer os pagamentos às casas de saúde. “Com isso, nossos funcionários passaram a receber somente no dia 10, sendo que a lei obriga os empregadores a fazer o pagamento até o quinto dia de cada mês”, esclarece o médico, explicando cadeia de atrasos que gerou a multa.

Gilberto Santos assegura que o hospital não fechará

Com esse atraso, ainda no ano de 2006, quando Gilberto Santos ainda não era o gestor do Hospital Cirurgia, o hospital já tinha uma dívida na casa de quatro milhões. “Só tive conhecimento desse débito em agosto de 2009 e de imediato comecei a negociar, chegamos a oferecer à justiça um prédio de propriedade do hospital [local em que funciona a Escola de Enfermagem], mas a proposta não foi aceita”, fala o médico.

Bloqueio das contas

Em face da dívida, o Ministério Público do Trabalho solicitou na justiça o bloqueio das contas do hospital. Gilberto Santos revelou na coletiva que, ao saber desse pedido, ainda no mês de dezembro do ano passado, o hospital se dirigiu até a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) para solicitar o adiantamento de parcelas no maior valor possível. “Tivemos uma colaboração muito grande da SMS que garantiu o funcionamento do hospital até hoje”, revela o diretor.

Funcionamento do hospital

Na coletiva, foi garantido que não existe possibilidade de que os serviços do hospital sejam suspensos, o que contrariou todos os fatos noticiados e foi de encontro a declarações prévias do próprio diretor do Hospital Cirurgia. Gilberto Santos confirmou que até o dia de hoje todos os funcionários do hospital estão com os salários em dia, mas não há previsão de como será de hoje em diante. Ele informou que apenas os médicos estão sem receber desde o mês de janeiro, mas que essa atitude foi um ato de colaboração dos profissionais com a situação da casa de saúde.

O assessor jurídico André Oliveira quer a suspensão da multa trabalhista

“O Hospital Cirurgia não pode parar de funcionar. São 900 cirurgias realizadas por mês, 30 leitos de UTI em pleno funcionamento e mais de 200 leitos de atendimento. Fechá-lo seria colaborar para a instauração do caos na saúde do Estado”, finalizou Gilberto Santos. As negociações com a Justiça do Trabalho prosseguem. A expectativa é que o prédio ofertado pela direção do hospital seja aceito, além da renegociação da dívida e da garantia de fonte de renda além dos créditos pagos pela SMS.

Até que a situação seja revertida e os débitos quitados, os R$ 3,4 milhões enviados mensalmente pela Prefeitura de Aracaju ao Hospital Cirurgia ficarão retidos a fim de que a dívida de seis milhões seja totalmente quitada.

Por Caio Guimarães e Ricardo Gomes

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