Distorção da imagem corporal é mais comum em mulheres

Um dos transtornos que têm acometido adultos e crianças, mas especialmente o público feminino, é a distorção da imagem corporal. Nesse tipo de transtorno, geralmente desencadeados por gatilhos emocionais, as pessoas enxergam em si algo irreal, algo que só ela é capaz de ver em seu corpo.  Para os especialistas é importante ressignificar o pensamento através da orientação de um psicólogo.

A imagem corporal refere-se a como as pessoas se enxergam. De acordo com a psicóloga Válbia Cristiane, normalmente a distorção da imagem está associação a bulimia, anorexia e a processos de depressão, onde a imagem corporal do indivíduo não lhe agrada, mas que só ele consegue enxergar esses defeitos.

Psicóloga, Válbia Cristiane, orienta byscar ajuda profissional nos casos de transtorno (Foto: Portal Infonet)

“Essa pessoa vai ao médico para fazer pequenas correções, ela se cobre, se esconde atrás de roupas e situações porque entende que aquele detalhe que lhe desagrada está prejudicando a sua autoimagem, e a partir daí ela passa a produzir um sentimento onde ela não se sente bem. Todas as nossas manifestações iniciam com um pensamento, então eu tenho uma cultura, eu trago para mim uma verdade, eu trago para mim esse pensamento, e eu sofro com aquele pensamento, e aí vem as questões relacionadas com a autoimagem, sentimento de inferioridade, baixa autoestima e insatisfação permanente”, explica.

A psicóloga conta que quem vai perceber as mudanças de comportamento, os disfarces e as privações são as pessoas que estão ao redor. “Quem está perto estará vendo o exagero na forma de se comportar e de se expressar, nas exclusões, sempre que a gente se exclui é porque tem alguma coisa por trás. E toda patologia é acompanhada de privações. Por exemplo, uso de trajes para cobrir o corpo, evitar se olhar no espelho, não gostar de olhar fotografias porque enxerga defeito em tudo, se privar do convívio social e a insatisfação constante com sua imagem são características desse transtorno, e notamos que isso é uma questão patológica”, aponta.

“Também é possível identificar através da internet as pessoas que se mostram diferentes do que são, que não se aceitam do jeito que são, por trás disso pode existir um problema com imagem corporal. Hoje a imagem está sendo extremamente difundida e explorada pelas redes sociais, onde todos colocam a melhor foto, onde se trabalha as imagens no sentido de uma perfeição, que não é real”, completa.

Tratamento

O tratamento nesses casos é a acompanhamento psicológico. De acordo com a especialista, todos os casos de bulimia, anorexia e depressão precisam do um apoio psicológico porque é necessário ressignificar o pensamento. “Do ponto de vista médico a pessoa não tem nada. O problema é a forma como a pessoa se vê, e melhorar a imagem passa por você melhorar o seu íntimo, passa por você se conhecer, e a gente tem esses problemas corporais em função disso. Essa pessoa vai precisar ressignificar e entender em que base está esse rigor que ele está trazendo”, diz.

Válbia explica também que os transtornos são desencadeados por gatilhos emocionais que são muito individualizados, que variam de caso para caso. Ela cita o exemplo de uma paciente que terminou um relacionamento e o companheiro mencionou algumas vezes que ela estava gordinha. Após o fim da relação, a jovem passou a comer cada vez mesmo e ter problemas com sua imagem.

“Ela estava com o emocional fragilizado, autoestima baixa, e alguém diz alguma coisa que desencadeia todo esse processo. Hoje em dia vivemos num mundo de muitas pressões, pressões nos relacionamentos, família, trabalho, faculdade e da própria sociedade como um todo, mas a pior de todas as pressões é a que a gente exerce sobre nós mesmos. Ela nos fragiliza, nos abala, passam a ser gatilhos para desencadear várias coisas. A psicologia pode ajudar a fazer com que a gente conduza as coisas de uma forma mais leve. As pessoas devem gostar da gente não pela imagem que a gente tem, mas por aquilo que a gente transmite, a energia que nós temos. A imagem tem uma validade, não tem como a gente manter. O que importa é o que a gente tem por dentro de fato”, ressalta.

Crianças

A especialista conta que o transtorno acomete homens e mulheres, porém, a predominância em mulheres é maior porque existe uma exposição e uma cobrança maior com a imagem feminina. Válbia chama atenção para os transtornos nas crianças e afirma que é preciso fortalecer o emocional, porque as crianças que sofrem bullying têm fragilidades emocionais.

“As crianças estão começando a ter acesso a diversas informações e estão começando a produzir esse transtorno. Agente tem uma geração frágil emocionalmente, despreparada no sentido de como lidar com o outro, intolerante e insatisfeita com tudo. Essa questão do bullying tem muito a ver com a família que essa criança está inserida, é preciso conversar com as crianças sobre sentimentos e fortalecer o emocional. É preciso trabalhar com a criança a consciência de si mesmo, de ela não se importar com tudo que lhe é dito. Se eu me conheço e se você disse algo diferente do que de fato eu não sou, eu não vou ligar”, orienta.

A psicóloga acredita que o ideal é que as pessoas parem um pouco e reflitam, desacelerem mais e resgatem os valores e princípios. “Os movimentos que pensam a saúde mental e que pensam em uma sociedade melhor, acreditam que a saída é o retorno ao autoconhecimento. É a família conversar com seus filhos, não dar muita importância ao ter, mas sim ao ser. E preciso que a gente faça essa retomada, não precisamos de muito para viver de fato. A sociedade de consumo estar ai, mas nem tudo eu preciso consumir e fazer uso, é preciso ter essa consciência, ter bom senso e dar mais importância ao equilíbrio. É isso que está faltando hoje em dia”, conclui.

Por Karla Pinheiro

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