Dor na mandíbula? Sintomas podem ser ansiedade e disfunção de ATM

Dr. Mark Jon é cirurgião bucomaxilofacial e especialista no tratamento de disfunção de DTM (Foto: Iran Souza)

Os primeiros dias de 2025 trazem a campanha Janeiro Branco e ações em todo o país em prol da saúde mental. O período também evidencia um tema pouco discutido, mas relevante do ponto de vista de saúde pública: a relação entre ansiedade, depressão e patologias ligadas à saúde bucal, como a disfunção temporomandibular (DTM). Este problema, que afeta a articulação entre o maxilar e o crânio e atinge entre 40 e 60% da população mundial, pode ter origem em fatores emocionais, sendo muitas vezes confundido com outras condições, como enxaquecas e dores musculares.

A articulação temporomandibular (ATM) localiza-se próxima ao ouvido e é a responsável por conectar a mandíbula ao crânio. Além disso, suas funções estão relacionadas com os movimentos da mastigação, expressão facial e fala. Já a disfunção de ATM (DTM) é a patologia que provoca dor e desconforto na região da mandíbula, além de sintomas como estalos ao abrir a boca, dores ou zumbidos no ouvido e dor de cabeça

O cirurgião bucomaxilofacial e especialista no tratamento de disfunção de DTM, Dr. Mark Jon, destaca que estudos recentes apontam uma ligação direta entre a DTM e questões emocionais, como ansiedade, depressão e catastrofização (tendência de imaginar cenários extremamente negativos).

“Esses transtornos emocionais estão diretamente relacionados ao aumento da tensão muscular e à alteração da postura mandibular. Isso ocorre porque a ansiedade e o estresse podem levar a uma sobrecarga no sistema neuromuscular, influenciando diretamente a articulação da face. Além disso, pacientes com altos níveis de estresse emocional frequentemente desenvolvem hábitos como apertar ou ranger os dentes durante o sono, conhecido como bruxismo. Esses comportamentos sobrecarregam a ATM, desencadeando ou agravando a disfunção”, detalha o especialista.

De acordo com o Dr. Mark Jon, além dos sintomas principais, a disfunção de ATM também pode acarretar outros problemas. “Dores próximas aos ouvidos (muitas vezes confundidas com dores de ouvido), dores na região lateral da cabeça, dificuldade para abrir a boca, dor ao mastigar, barulhos próximos ao ouvido com estalos e crepitação (sensação de areia no ouvido) também podem estar presentes”.

Diagnóstico

O Dr. Mark Jon explica ainda que os sintomas da disfunção de ATM são facilmente confundidos com problemas de ouvido e enxaquecas, o que confunde o paciente no momento em que ele vai buscar o diagnóstico e o tratamento.

“As dores, estalos e zumbidos muitas vezes levam o paciente a procurar um otorrinolaringologista ou neurologista. Já as dores próximas ao ouvido são confundidas com dores na região lateral da cabeça, que são musculares, mas podem ser interpretadas como enxaquecas, fazendo o paciente buscar um neurologista. Esses profissionais, ao perceberem que não há problemas associados às suas especialidades, geralmente encaminham o paciente a um especialista em DTM. Todo esse contexto, infelizmente, acaba atrasando o início do tratamento do paciente”, explica o Dr. Mark.

O especialista reforça que a investigação da disfunção requer uma avaliação cuidadosa. “O diagnóstico é feito em conjunto com o exame físico através da palpação, ou seja, o profissional vai apertando e sentindo os ruídos e movimentação da articulação, a tensão e níveis de dor de toda cadeia de músculos mastigatórios durante as funções de abertura e fechamento da boca. O profissional observa também a condição dentária e encaixe dos dentes, além de exames de imagem como radiografias, tomografia computadorizada e ressonância magnética. A partir de então, ele vai conseguir avaliar grau de desgaste ósseo da articulação e como estão as estruturas da própria articulação, como o disco articular”.

Tratamento

A boa notícia é que a DTM tem tratamento, especialmente com uma abordagem integrada. O acompanhamento por um cirurgião bucomaxilofacial, aliado ao suporte de psicólogos e fisioterapeutas, pode trazer alívio significativo aos sintomas.

“O cirurgião bucomaxilofacial foca no diagnóstico e no manejo clínico ou cirúrgico da ATM. O fisioterapeuta atua na redução da tensão muscular e no restabelecimento da funcionalidade mandibular. Já o psicólogo ajuda o paciente a lidar com fatores emocionais, como estresse e ansiedade, que frequentemente desencadeiam ou agravam o problema. Essa abordagem multidisciplinar não apenas alivia os sintomas, mas também previne retornos do problema e melhora a qualidade de vida”, conclui Dr. Mark.

Por Verlane Estácio

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