Em pleno Século XXI, Setor de Oncologia é artesanal

Gestores e médicos oncologistas se reúnem com deputados (Fotos: Portal Infonet)

O presidente da Comissão de Saúde, Higiene, Assistência e Previdência Social da Assembleia Legislativa de Sergipe, Gilson Andrade (PTC) fez uma visita na manhã desta terça-feira, 23 [acompanhado dos deputados Capitão Samuel (PSD) e Augusto Bezerra (DEM)] ao Setor de Oncologia do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse). Os parlamentares cobraram a instalação de mais um aparelho de Radioterapia e ficaram surpresos com a situação. Para se ter uma ideia, o setor não é informatizado.

“Tivemos uma reunião, fomos muito bem recebidos pelo diretor do Setor de Oncologia, Carlos Anselmo e pela superintendente do Huse,  Madeleine Ramos. A questão dos medicamentos eles confirmaram estar em falta, o aparelho de radioterapia estava quebrado, mas consertaram e informaram que o Ministério da Saúde já confirmou a instalação de um novo aparelho. O que nos deixou surpresos foi  que o setor sequer é informatizado. Se trabalha de forma artesanal e muito amadora, não se tem uma ideia de quantos pacientes com câncer de mama o setor tem. É lamentável. Mas, um novo modelo de gestão está sendo implantado para melhorar”, acredita o deputado Gilson Andrade.

Madeleine Ramos: "Huse é administrado pela Fundação Hospitalar de Saúde"

De acordo com o deputado Augusto Bezerra, o objetivo da visita é de ajudar. “Ninguém está aqui para dificultar.  O diretor do hospital deve pedir um aparelho de radioterapia. O que não pode é a pessoa vir do interior e não ter nem medicamento e o aparelho estar quebrado. Um novo aparelho de ponta custa R$ 3 milhões. Não podemos ficar com um aparelho velho, que foi doado no Governo Albano Franco e um aparelho descalibrado no Cirurgia. Ao invés de ajudar as pessoas está matando. E tem que ter um elevador novo para os pacientes que já estão fragilizados”, entende.

Augusto Bezerra disse ainda que a visita aconteceu na hora certa. “A nova superintendente está com muita vontade de acertar. Viemos no momento certo. Temos R$ 25 milhões aprovados pelo Proinveste para aquisição de equipamentos de hospitais e nós vamos solicitar ao governador Marcelo Déda (PT) e ao secretário Silvio Santos que dêem uma assistência muito forte na Oncologia e no Hospital João Alves”.

Samuel Barreto e Gilson Andrade conversam com pacientes

Para o deputado capitão Samuel, ficou comprovado que o problema é de gestão. “Eu tenho a esperança que o hospital comece a ter gerência. Aqui não tem o básico que é o cadastro de pacientes atendidos, o número de consultas mês a mês, a quantidade de medicamentos que os pacientes necessitam. Pelo que a nova superintendente nos passou, aqui é tudo na base do improviso, tudo na base do empirismo. Falta programa de computador de gestão hospitalar, que pode ser baixado gratuitamente na Internet e falta computador”, enfatiza.

Fundação

A superintendente do Huse, Madeleine Ramos explicou que o hospital é administrado pela Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).

Augusto Bezerra cumprimenta pacientes na sala de espera

“O hospital por si, ele não ordena as despesas. Em relação aos medicamentos houve uma descontinuidade no abastecimento e internamente nós vamos informando à Fundação Hospitalar, sobre o consumo, sobre a previsão de gastos. Em relação ao aparelho acelerador linear é utilizado nos três turnos e pode apresentar falhas. Passou alguns dias parados, mas já está funcionando. Um novo equipamento será trazido para o Huse num plano de expansão do SUS. O engenheiro do Ministério da Saúde já veio fazer o planejamento e ainda em 2013, acreditamos que estará instalado. Não é um projeto do Governo, não é um projeto do Huse, mas do Ministério da Saúde”, explica.

Madeleine Ramos fez questão de reafirmar que a falta de remédios não é de responsabilidade do Huse. “Quem deve responder pela falta de medicamentos é a Fundação. Nós não somos os ordenadores da despesa, o que cabe ao Huse é a solicitação, a padronização, são os protocolos pra que esses medicamentos sejam utilizados. Nós informamos o que precisamos, nós não compramos. Estamos lidando com os pacientes, com a dor, mas não posso dar informações do que foge à minha governabilidade”, diz.

Adequações

Érick Leite lamentou demora no atendimento e falta de remédios

A gestora disse ainda que o que vem sendo feito no Setor de Oncologia, é por conta de uma auditoria do Ministério da Saúde em novembro do ano passado. “São projetos de adequação do setor que precisa sofrer modernização, informatização, os medicamentos devem ser fornecidos de maneira regular. A oncologia cresceu muito, o nosso espaço é pequeno, mas dentro desse espaço físico, nós estamos tentando melhorar”, acrescenta.

Nenhum representante da Fundação Hospitalar de Saúde esteve presente ao encontro para explicar os motivos que levam à demora para atender às reivindicações.

O novo diretor do Setor de Oncologia, Carlos Anselmo Mariano preferiu não se pronunciar sobre a situação alegando estar ao lado da superintendente. Por meio da assessoria de Comunicação mandou informar que após a reunião falaria com a imprensa e mais uma vez, o assessor José Castilho trouxe o recado. "Dr. Carlos Anselmo vai entrar em outra reunião".

Pacientes

Apesar de não existir uma média de quantos pacientes são atendidos diariamente no Setor de Oncologia, na recepção superlotada, a espera pelo tratamento parece demorar uma eternidade. A fé na cura se mistura à esperança de que o respeito e o atendimento ideal possam um dia chegar.

“Eu acompanho meu avô há alguns meses no tratamento do câncer de próstata, mas a demora no atendimento é uma falta de respeito. Hoje mesmo quando entramos, mais uma surpresa: o medicamento  Zeladex 3.6 miligramas está em falta e com isso tiveram de dar um três vezes mais potente. Eu fico revoltado com a falta de respeito aos pacientes com câncer”, enfatiza Érick Leite.

Por Aldaci de Souza

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