Excesso de raiva pode ser transtorno, alerta psicóloga

A psicóloga explica que esse comportamento agressivo não é planejado (Foto: Portal Infonet)

É comum termos vez ou outra raiva de algo ou de alguma situação que nos incomoda. Mas você sabia que quando esses ataques de raiva tornam-se repetitivos e desproporcionais ao motivo, podem ser indícios de um transtorno psicológico? A psicóloga Rejane Lúcia Johann explica que a sociedade precisa estar alerta ao Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), que não é conhecido por boa parcela da população, mas que pode trazer consequências graves, tanto para aqueles que possuem o transtorno, quanto para os que estão inseridos em seu círculo social.

A psicóloga explica que esse comportamento agressivo não é planejado. Segundo ela, o indivíduo que possui o distúrbio age por impulso e entra em profundo arrependimento depois. “É uma coisa rápida. Ele é tão sensível a qualquer coisa que acontece que a reação dele é desproporcional ao que está lhe afetando”, explica. “Se essa pessoa foi ‘fechada’ no trânsito, por exemplo, o que ela vai fazer não é só apertar a buzina do carro, ela vai correr atrás, vai tentar agredir, é algo totalmente impulsivo, sem pensar nas consequências”, exemplifica.

De acordo com a psicóloga, os principais sintomas que podem levar a identificar que o indivíduo possui o distúrbio e diferenciar dos momentos de raiva momentâneos, estão relacionados a duração e repetição das atitudes agressivas. “O indivíduo tem que estar com o comportamento agressivo verbal por no mínimo três meses e o comportamento violento físico no período de um ano”, afirma.

Segundo a especialista, a idade média em que o indivíduo desenvolve o transtorno varia entre os 6 e 40 anos, e quanto mais cedo o tratamento for iniciado, maiores as chances de obter o controle do distúrbio. Além disso, não há prevalência entre sexos, podendo ocorrer tanto nos homens, 

O transtorno pode levar a prejuízos pessoais (foto ilustrativa: Pixabay)

quanto nas mulheres.

Causas

As causas, conforme a especialista, podem estar ligadas a problemas de ordem genética e neurológica. “Podem haver uma desregulação na serotonina, que é o neurotransmissor que controla a raiva, apetite e temperatura corporal, e um outro fator de risco são aquelas pessoas que tem parentes de primeiro grau com esse transtorno”, declara.

Consequências

As principais consequências do TEI, segundo ela, estão ligadas ao isolamento do indivíduo, levando-o a prejuízos pessoais, como separação e afastamento de pessoas próximas, e prejuízos profissionais, que podem levar a demissões. “Há também a questão financeira, porque ela terá que arcar com os gastos daquilo que quebrou, e até na área legal, se ela quebrou algum patrimônio ou na criminal se ela machucou alguém”, completa.

Como tratar

Além da psicoterapia comportamental, o indivíduo com o transtorno pode precisar de medicamentos que o ajudem nesse tratamento. “Os medicamentos vão ajudar a controlar os níveis de serotonina, controlando assim os impulsos”, afirma. Para utilização dos medicamentos, a especialista alerta que é necessário o acompanhamento de um profissional psiquiátrico.

Outros transtornos

O Transtorno Explosivo Intermitente (TEI), é um dos tipos de Transtorno de Controle de Impulsos (TCIs). Segundo a psicóloga, é necessário que seja feito um diagnóstico diferencial desses transtornos, mas nenhum deles tem intensidade tão forte quanto o TEI. “Ele se diferencia dos outros transtornos como Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDH), em seu nível de intensidade”, explica.

Como o transtorno ainda é recente e pouco conhecido, a especialista alerta para que ele não seja tratado como algo banal, como acontece em outros casos. “Meu receio é que vire ‘moda’ assim como virou o TDH, onde qualquer criança mais agitada já é taxada como hiperativa, mas muitas vezes essa agitação faz parte do crescimento natural da criança”, alerta.

Apoio

Por conta das constantes excessos de raiva, as pessoas que possuem o distúrbio acabam afastando do seu convívio a família, amigos, colegas de trabalho e outras pessoas que fazem parte do seu círculo social. Mas segundo a psicóloga, é importante que essas pessoas estejam próximas para prestar apoio durante o tratamento. “Se pessoa ainda tem uma rede apoio, é importante que essa rede ajude a convencê-la a buscar atendimento, e o terapeuta, junto com ela [pessoa com transtorno], convencê-la a trazer essas pessoas para perto para ver como podem ajudar”, recomenda.

Por Yago de Andrade e Raquel Almeida

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