Governo quer estimular transplante de rim em Sergipe

Secretário promete reestruturação em audiência com promotora

Em Sergipe, há cerca de 300 pacientes aptos à cirurgia de transplante de rim, segundo avalia o médico Manoel Pacheco, coordenador de uma das equipes de transplante de rim existente no Estado. Um número que gira em torno de 50% da totalidade de pessoas que fazem terapia renal substitutiva, cujos pacientes ainda não estão aptos para o transplante.

Apesar da grande fila, apenas cinco transplantes foram realizados no ano passado, segundo estatística da Secretaria de Estado da Saúde. Em Sergipe, conforme analisa Pacheco, há problemas crônicos que envolvem remuneração dos profissionais e a escassez de doadores. A questão é tema de debate no Ministério Público que vem realizando sucessivas audiências públicas para encontrar alternativas que possam reestruturar a rede para melhor atender a demanda.

A audiência que aconteceria nesta sexta-feira, 13, acabou adiada devido à ausência de representantes de alguns hospitais privados. Mas as negociações caminham a passos largos, na ótica do secretário de Estado de Saúde, Antonio Carlos Guimarães. “Temos buscado incrementar o transplante porque é uma prática necessária para a melhoria da vida da população”, conceitua o secretário.

A meta para o exercício de 2012 é realizar pelo menos quatro transplantes de rim ao mês em Sergipe. O secretário informa que a proposta da Secretaria de Estado da Saúde para melhorar a remuneração dos profissionais e a reestruturação da infraestrutura está em fase de conclusão e deverá ser apresentada no mês de fevereiro ao Ministério Público.

A equipe de transplante coordenada pelo médico Manoel Pacheco pode ficar sem permissão para realizar as cirurgias a partir do dia 29 quando vence o prazo para renovação do cadastro da equipe junto ao Ministério da Saúde. O que poderá não ocorrer devido à insatisfação existente entre os profissionais, segundo Pacheco. “Mas isso não impedirá que a gente forme uma nova equipe. Isto não será problema porque ninguém nunca morreu por deixar de fazer o transplante em um mês”, diz Pacheco.

Apesar dos problemas, o médico está confiante nos entendimentos com a Secretaria de Estado da Saúde para encontrar alternativas que possam reestruturar a rede de atendimento e a remuneração dos profissionais. “Estamos bastante otimistas, vendo com bons olhos as negociações com o secretário”, considera Pacheco.

O secretário Antonio Carlos Guimarães também está otimista. “Caminhamos no sentido de criação de estímulo financeiro para as equipes tanto no transplante quanto na capitação e, neste mês de janeiro, estamos negociando com hospitais, buscando habilitar hospitais privados para ter alternativas para distribuir a demanda”, conta o secretário.

Uma das metas é também estimular a doação. Neste sentido, a Secretaria de Estado da Saúde, segundo informou o secretário, está realizando investimentos para capacitar a classe médica em procedimentos para diagnosticar a morte encefálica.

Neste caso, os pacientes vítimas de morte encefálica se tornam doadores, a partir de estímulos dado pela equipe médica à família. Os médicos de Sergipe passam por capacitação no Estado São Paulo com o intuito de trabalhar com adequado critério para a característica da morte encefálica. A Secretaria também pretende desenvolver campanhas educativas junto à comunidade para estimular a população a doar órgãos em Sergipe.

As audiências públicas no Ministério Público relacionadas ao transplante de rim estão sendo conduzidas pelas promotoras Alessandra Pedral (na foto acima, com o secretário Antonio Carlos) e Euza Missano, da Promotoria de Saúde.

Por Cássia Santana

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