Irmã de paciente denuncia falta de remédios e insumos

Reunião para esclarecer denúncias aconteceu na manhã desta segunda-feira, 9 (Fotos: Portal Infonet)

Denúncia da falta de medicamentos para combater a bactéria KPC e de insumos no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), fez com que os promotores de Saúde do Ministério Público Estadual (MPE/SE), Antônio Fortes e Alex Maia promovessem uma reunião técnica com infectologistas do hospital e representantes da Fundação Hospitalar de Saúde (FHS).

A irmã do paciente André Erasmo dos Santos, 37 também foi ouvida pelos promotores. Graziela Antônia dos Santos contou que as enfermeiras alertaram da falta de remédios e ela pediu uma receita para comprar, só que cada ampola custa R$ 8 mil e 500 reais.

“Meu irmão deu entrada no Huse, após ter sido alvejado por tiros no tórax, atingindo a coluna em 5 de abril na cidade de Itabaiana. Ele estava na Ala Vermelha e foi para o UTI, só que lá ele pegou a bactéria KPC, mas as enfermeiras me chamaram pra dizer que não tem o remédio Amicacina”, conta.

Graziela Antônia: "Médico prescreveu sete ampolas e cada uma é 8 mil e 500

D. Graziela relatou ainda que pediu a receita para comprar, mas ficou surpresa com o alto valor.

“Elas me disseram que é caro, mesmo assim eu insisti e pediram ao médico a receita, só que, quando fui comprar descobri que o médico pediu sete ampolas e cada uma custa R$ 8 mil e 500 reais. Eu tinha pensado em fazer uma campanha com os vizinhos e os amigos, mas como vou arrecadar quase R$ 60 mil? Eu não tenho a menor condição”, lamenta.

A irmã do paciente denunciou ainda no Ministério Público, que estão faltando materiais como capotes, luvas, máscaras e até mesmo álcool. “Eu tive que comprar tudo isso e quando pedi a enfermeira para trocar a fralda ela respondeu que não tinha capote, máscara e nem luvas, por isso temia entrar no isolamento. Está faltando até lençóis”, enfatiza.

MPE

Alex Maia:"Descobrimos que a falta de insumos é maior que a de remédios"

O promotor Alex Maia explicou ao final da reunião que a paciente chegou ao Ministério Público com a prescrição de um médico que não é infectologista.

“Ao conversamos com a infectologista Iza Lobo na reunião, fomos informados que o paciente não tem KPC, mas a bactéria acinetobacter. Eles preconizam três antibióticos e um deles estava em falta no dia da prescrição. Quando acontece isso, os médicos fazem combinação com outra combinação; uma espécie de mix para combater a doença. Como o médico não é especialista, não buscou essa informação preconizada internacionalmente. Pediu na prescrição a Amicacina, não tinha e ele podia ter substituído pelo Meropenen, sem consultar a farmácia do Huse para verificar qual outra substância para dar suporte ao tratamento; e por não ser a especialidade dele”, enfatiza destacando que o paciente já saiu da UTI e já está na enfermaria combatendo a bactéria multirresistente.

Insumos

O promotor disse que os representantes do Huse e informaram na audiência a falta de insumos.
“Os profissionais que representaram o Huse na audiência foram taxativos em dizer que há ausência de capotes, passou um período sem fios cirúrgicos e sem luvas e isso é um fator importante para a proliferação de bactérias. Nós solicitamos que a Secretaria de Saúde nos traga documentos que realmente está assumindo os contratos dos fornecedores para que tenham um diálogo, que a Fundação não vem conseguindo. O problema maior hoje não é a falta de medicamentos, mas de insumos. Com isso, vamos para outra linha”, alerta.

O promotor Antônio Fortes ressaltou ter recebido informações de que dois ou mais antibióticos que combatem a KPC têm chegado em número insuficiente na farmácia do Huse. “A informação é de que o profissional que libera, escolhe um ou dois pacientes para fazer o tratamento, enquanto outros ficam na expectativa. Falei com alguns profissionais que demonstraram o desespero com a falta de medicamentos, tendo expedido receituário médico para que comprassem na rede privada”, diz.

A infectologista Iza Lobo informou que atualmente são mais de 30 casos de KPC (colonizados) no Huse e que “na tarde de hoje estará emitindo uma nota técnica”.

Por Aldaci de Souza

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