Mães soropositivas denunciam falta de medicação na MNSL

Medicação estaria em falta na MNSL (Fotos: Arquivo Portal Infonet)

Mães soropositivas que são atendidas pelo Estado denunciam que não recebem a droga Cabergolina, que serve para cessar a produção de leite. A denúncia partiu de usuários que preferiram não se identificar. De acordo com a denúncia, na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), a Cabergolina está em falta há mais de um ano. A Secretaria Estadual da Saúde (SES) confirmou a falta da medicação, mas garante que o abastecimento já foi regularizado no final da última semana. O número de mulheres infectadas em Sergipe chega a mil.

O coordenador da Articulação Sergipana na Luta Contra AIDS (Aselca) Marcelo de Menezes, lamenta o ocorrido e ressalta que faltam políticas públicas e melhorias na assistência aos portadores do HIV. Para ele, a falta da medicação não justifica, já que a verba muitas vezes é do Ministério da Saúde e não do Governo. “Esse tipo de coisa só demonstra a falta de empenho dos gestores do DST/AIDS em Sergipe. É por essas e outras que muitas vezes somos obrigados a denunciar esses descasos no Ministério Público", diz.

Marcelo relembra que há um ano a Aselca denunciou ao Ministério Público a falta de pediatras para atender às crianças soropositivas. “Nós identificamos esse problema e denunciamos, porque essas crianças não podem ficar sem assistência e sem tomar a medicação, acho complicado interromper. Eu vejo enquanto articulador que as demandas são grandes para nós e vamos continuar fazendo essas ações para pedir pressa nesses processos”, conclui Marcelo.

Marcelo de Menezes "A demanda só aumenta"

Consequências

O coordenador do Programa DST/AIDS, Almir Santana, explica que a medicação é comprada pelo Governo, através da SES. Houve um atraso na compra, mas já está regularizado. Ele explica que a medicação é indispensável porque inibe o aleitamento e impede a mulher de amamentar as crianças, evitando, assim, que elas se contaminem através do leite. “Essa medicação não pode deixar faltar porque ela inibe o aleitamento. Existem mulheres que mesmo sabendo que não podem amamentar, mas pela sensibilidade do momento, com pena do bebê e o espírito materno acaba amamentando a criança. A Cabergolina, no entanto, impede que a mãe amamente, então ela não pode faltar. O risco de transmissão é baixo, mas não pode”, orienta o médico.

Procedimento para o parto

Almir Santana explicou também de que forma as parturientes soropositivas são atendidas e quais os procedimentos adotados durante o parto. “Uma medicação é introduzida para reduzir a carga viral e tentar evitar o contágio na hora do parto. Além destes medicamentos, a parturiente recebe a medicação AZT injetável 3 horas antes do parto. O bebê recebe o AZT xarope, leite artificial (uma vez que ela não pode amamentar) e a droga Cabergolina, que serve para cessar a produção de leite”, diz.

Dr. Almir Santana "A situação já está regularizada"

Assistência à criança

Após o nascimento, a criança é acompanhada por médicos e recebe a assistência do Centro de Especialidades Médicas de Aracaju (Cemar), por mais de um ano. “A maioria dessas crianças nasce sem o vírus. Contudo, estamos controlando o número de casos em crianças”, conclui Almir Santana.

SES

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) esclarece que o medicamento Cabergolina encontra-se disponível para o tratamento das parturientes soropositivas da Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MSN). A SES ainda informa que foram dispensados 1.304 comprimidos no mês de Janeiro para as mulheres soropositivas. A dispensa de medicamentos é realizada pelo Centro de Atenção à Saúde (Case) e as pacientes são acompanhadas pelo programa Estadual DST/AIDS.

Por Eliene Andrade

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