
No período gestacional a mulher passa por diversas mudanças e podem ocorrer diversas enfermidades ou transtornos antes, durante e após o parto como a depressão pós-parto. Em razão disso, a Maternidade Nossa Senhora de Lourdes (MNSL), unidade de alta complexidade da Secretaria de Estado da Saúde (SES), orienta que a prevenção é a melhor medida para evitar a depressão pós-parto.
O Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização sobre saúde mental, é um momento importante para abordar a depressão pós-parto, pois a condição pode impactar negativamente a saúde mental da mãe e do bebê. A conscientização é fundamental, pois a depressão pós-parto é um problema sério que requer tratamento médico e apoio familiar.
De acordo com a psiquiatra da MNSL, Ana Salmeron, a depressão pós-parto é um quadro clínico psiquiátrico que ocorre após o parto durante o primeiro ano e existem três níveis. Pode surgir como um quadro leve, caracterizado por aumento da ansiedade, insônia, preocupação excessiva com a saúde do bebê. “Esse tipo ocorre em 80% a 90% das mulheres, é o chamado ‘Baby Blues’. Outro nível que acontece após três ou quatro semanas após o parto é quando ocorre um aumento da intensidade dos sintomas anteriores e associando-se medo de morte da criança, aparente indiferença pelo bebê, descuido nas rotinas. Este atinge cerca de 10% a 15% das puérperas aqui na maternidade”, informou.
A médica ressalta que a forma menos frequente é a depressão psicótica com foco na saúde do bebê e com a intensificação de todos os sintomas anteriores acompanhado de ideias delirantes. “Para todos os casos o importante é a prevenção, tanto nos cuidados de saúde geral e no de saúde mental antes do parto, na existência de uma rede de apoio e dos cuidados oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelos Centros de Referência de Assistência Social (Cras). Porque uma mulher pobre que passa privações até de comida vai se preocupar muito em como alimentar o bebê e isso pode desencadear uma futura depressão pós-parto, por exemplo”, explicou a psiquiatra.
O tratamento deve ocorrer com base no fortalecimento da rede de apoio, psicológico e psiquiátrico, inclusive com a indicação de uso de antidepressivos, após uma séria avaliação clínica. “ De um modo geral a depressão pós-parto é um período que desaparece com os cuidados da rede de apoio, com os serviços sociais e de saúde, com o uso de medicação antidepressiva e cuidados psicológicos. No entanto, pode se prolongar vindo a ser um quadro depressivo recorrente, principalmente a depender da personalidade anterior da mulher”, explicou Salmeron.
Experiências
A comerciária Gleide Santos, natural de Itabaiana, mãe de três filhos, contou que o nascimento do primeiro filho é sempre carregado de mais preocupações. “Eu mesma me assustava com tudo, de noite eu não dormia direito, ia ver se o meu filho estava respirando. A primeira vez que ele vomitou eu saí correndo para a urgência, pensei que ele estava morrendo. Mas a partir do segundo filho tudo fica mais calmo, principalmente se tivermos com quem contar para ajudar”, disse.
A dona de casa de Carira, Gicélia Souza, teve o terceiro filho, José Natanael, compartilhou sua experiência. “Eu estava um pouco triste, preocupada com o nascimento desse bebê, pois ter um filho após 18 anos do último é começar tudo de novo. Eu estava muito preocupada, fiquei chorando, a minha pressão subiu e eu fui encaminhada para cá há oito dias. Aqui fui muito bem acolhida tanto pela psicóloga como pela psiquiatra, agora estou bem melhor e feliz com o nascimento desse bebê”, contou.
Fonte: Governo de Sergipe