Infectologista Marco Aurélio Góes (foto: divulgação) |
O médico infectologista da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Marco Aurélio Góes, fala sobre o tétano. Ele também explica como devem ser os cuidados e as medidas a serem adotadas quando a pessoa se corta. O corte é a principal forma de infecção.
Os índices de infecção por tétano em Sergipe são baixos, porém é uma doença de alta letalidade. Por isso, a importância de identificar e tratar a doença. A identificação pode ser feita em qualquer unidade de saúde, porém o tratamento deve ser feito em unidade hospitalar.
Ascom SES – O que é o tétano? Como se contrai a doença?
Dr. Marco Aurélio – O tétano é uma doença infecciosa e não contagiosa. Ela não passa de uma pessoa para outra. É causada por substâncias, toxinas, produzida pela bactéria Clostidium tetani, o bacilo do tétano que provoca alterações no sistema nervoso. O bacilo do tétano é encontrado na natureza (fezes, terra, galhos, poeira das ruas, etc) e a sua transmissão ocorre quando ele entra em contato com a pele com ferimentos. Desta forma, ele começa a produzir as toxinas.
Ascom SES – Quais são os sintomas e consequências da doença?
Dr. Marco Aurélio – A principal manifestação clínica da doença é a hipertonia dos músculos, havendo contrações que podem ser desencadeadas espontaneamente ou com estímulos de barulho, claridade, toque, etc.
Ascom SES – Como é feito o tratamento? Ele é disponibilizado em quais unidades de saúde?
Dr. Marco Aurélio – O reconhecimento de um caso suspeito de tétano pode ser feito em qualquer unidade de saúde, mas o seu tratamento só deve ser feito em Unidade Hospitalar que possua leitos de retaguarda de UTI, pois muitas vezes os pacientes necessitam de respiração com ajuda de aparelhos.O tratamento é baseado na sedação do paciente, uso de soro para neutralizar a toxina tetânica, antibiótico e limpeza da lesão da pele por onde penetrou o bacilo, além das medidas de suporte.
Ascom SES – Onde são disponibilizadas as vacinas contra o tétano? Quem pode tomar?
Dr. Marco Aurélio – A vacina para o tétano está disponível em todas as unidades básicas de saúde do Estado para crianças, adolescentes, adultos e idosos. Recomendam-se três doses e um reforço a cada dez anos. Adolescentes e adultos que não têm comprovação da vacinação anterior devem receber o esquema com três doses, e depois reforço a cada dez anos. Mesmo vacinado, em caso de ferimentos graves, se a dose de reforço tiver mais de cinco anos ela deve ser antecipada.
Ascom SES – No período de festas, principalmente as realizadas em praias, existe um risco maior da pessoa se cortar em latinhas de cerveja, por exemplo. O que a pessoa deve fazer se isso acontecer?
Dr. Marco Aurélio – Em caso de acidentes, deve-se, além de fazer a limpeza do local, verificar o estado vacinal da pessoa. Se a pessoa não é vacinada, ou não sabe se é, deve ser iniciado imediatamente o esquema de vacinação antitetânica.
Ascom SES – Existe risco da mulher grávida transmitir tétano para o bebê? Como isso acontece?
Dr. Marco Aurélio – Sim, existe o risco, principalmente quando a mulher não é vacinada e mesmo com a vacinação em dia para o tétano, mas se recebeu sua última dose há mais de cinco anos, deve receber uma dose da vacina.
Ascom SES – Qual são os números das pessoas com tétano em Sergipe?
Dr. Marco Aurélio – Nos últimos seis anos foram diagnosticados 31 casos de tétano acidental e nenhum neonatal em Sergipe.
Ascom SES – Existe risco de morte ou sequelas para as pessoas que tiveram tétano?
Dr. Marco Aurélio – Sim, o tétano é uma doença grave e possui alto risco de levar ao óbito, que no Brasil é acima de 30%.
Fonte: ASN
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