Médicos cubanos já não estão mais trabalhando em Sergipe

Médicos cubanos chegando em Sergipe em 2013 (foto: Arquivo Portal Infonet)

Os 96 médicos cubanos que participavam do programa Mais Médicos em Sergipe não estão mais trabalhando no estado. De acordo com o diretor de Atenção Integral à Saúde, João Lima Júnior, a determinação de parada imediata veio do Ministério da Saúde (MS). Está previsto que, até a próxima sexta-feira, 23, dezessete médicos deixem o Estado.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que o retorno dos médicos ao país de origem irá ocorrer de forma gradual. “A Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) prevê que, até o dia 12 de dezembro deste ano, todos os mais de oito mil médicos deixem o programa. E pretende que os novos médicos contratados para o programa através do edital lançado ontem estejam assumindo seus postos a partir do dia 03 de dezembro”, diz o diretor.

João Lima ressalta a importância do programa Mais Médicos (Foto: Arquivo Pessoal)

João Lima ressalta a importância do programa Mais Médicos ao lembrar que somente no estado de Sergipe 30% das Equipes de Saúde da Família são mantidas por médicos brasileiros e cubanos. “A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda uma média de 2,4 médicos por mil habitantes. Em Sergipe tínhamos 1,3 antes do programa e muitas equipes da Saúde da família eram incompletas”, ressalta.

Números positivos

A Opas ressalta que uma série de evidências científicas demonstra o impacto do Mais Médicos na melhoria da saúde dos brasileiros. O estudo “More doctors for deprived populations in Brazil”, por exemplo, apontou que em mais de mil municípios que aderiram ao programa houve um aumento na cobertura de atenção básica de 77,9% para 86,3%, entre 2012 e 2015, e uma queda nas internações por condições sensíveis à atenção primária (que são internações evitáveis), de 44,9% para 41,2% no mesmo período.

Outra pesquisa mostrou que o Mais Médicos contribuiu para reduzir as taxas de internação por condições sensíveis à atenção primária. Esses índices já vinham diminuindo no Brasil antes do programa: em 7,9% de 2009 a 2012. Mas a redução foi maior após a implantação do Mais Médicos: em 9,1% entre 2012 e 2015.

Programa

Os profissionais cubanos do Mais Médicos começaram a atuar em 2013 em Unidades Básicas de Saúde brasileiras, por meio de uma cooperação internacional entre os dois países e o organismo internacional, para prover emergencialmente médicos para populações vulneráveis. Dentro dessa perspectiva, o número de médicos cubanos da cooperação foi sendo gradualmente reduzido, nos últimos cinco anos, de mais de 11 mil para cerca de 8,3 mil.

A iniciativa era composta por três eixos: o primeiro prevê a melhoria da infraestrutura nos serviços de saúde. O segundo se refere ao provimento emergencial de médicos, tanto brasileiros (formados dentro ou fora do país) quanto estrangeiros (intercambistas individuais ou mobilizados por meio dos acordos com a OPAS). O terceiro eixo era direcionado à ampliação de vagas nos cursos de medicina e nas residências médicas, com mudança nos currículos de formação para melhorar a qualidade da atenção à saúde.

Em Sergipe

Incorporados ao Programa Saúde da Família (PSF), os médicos cubanos estavam em 35 municípios sergipanos, atuando nas áreas urbana e rural. Em Sergipe, o programa contava com 170 profissionais, sendo 96 cubanos, 42 brasileiros, 31 brasileiros formados no exterior e uma portuguesa. Os médicos cubanos respondiam por 56,4% do total do Mais Médicos no Estado.

por Raquel Almeida

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