Problema da falta de médicos no Huse vem sendo discutido constantemente no MPE (Fotos: Portal Infonet) |
Um fato que vem sendo registrado em alguns hospitais públicos de Sergipe, em especial no Hospital de Urgência (Huse) e que vem causando sérios transtornos, é a grande quantidade de atestados de saúde apresentados pelos médicos, principalmente em datas festivas a exemplo do Natal, Reveillon e Semana Santa. O problema vem sendo repudiado pelos colegas que não faltam ao trabalho e foi confirmado esta semana, durante audiência na Promotoria de Saúde do Ministério Público Estadual (MPE) e pelo diretor Clínico Marcos Rogério Kroger.
Referindo-se aos anestesistas ambos afirmaram que os especialistas faltam muito principalmente às cirurgias oncológicas. “Fica difícil, a gente contrata os cabras e eles não aparecem”, disse Dr. Francisco Claro. “A gente não pode fazer nada por que são estatutários”, completou Dr. Marcos Rogério acrescentando que numa escala de sete especialistas, muitas vezes apenas dois aparecem ao trabalho o que torna a escala furada.
Com a escala de médicos furada, pacientes penam nas macas |
Esses argumentos não convenceram nem os médicos que não faltam ao trabalho e muito menos a população. Conversando com alguns médicos do Hospital de Urgência de Sergipe e acompanhando audiências no Ministério Público de Sergipe, a reportagem do Portal Infonet ouviu algumas declarações que chegam a desanimar.
“Tem médico que leva atestado da esposa que é ginecologista, outros chegam a ficar trancados no banheiro para não operar. Tem especialista que ganha para trabalhar 70h e trabalha 12h. E o pior é que os gestores não fazem nada, não tomam as devidas providências. Já teve um caso de um médico que apresentou 37 atestados em um ano. Os prejudicados são os pacientes e os médicos que têm compromisso e acabam trabalhando dobrado”.
Contraponto
Marcos Kroeger: "Direito ao contraditório" (Foto: Divulgação) |
Indagado pela reportagem do Portal Infonet, o diretor clínico do Huse, Marcos Kroger, discordou ser um problema de gestão. “No caso do médico em que o atestado foi dado pela esposa ginecologista é preciso deixar claro que antes de ser especialista ela é clínica. As providências estão sendo tomadas, os médicos são tratados como qualquer trabalhador. Os atestados são encaminhados ao Setor de Medicina do Trabalho e ainda assim passam pelo INSS, isso do ponto de vista administrativo. Do ponto de vista ético, passa pelo Conselho Regional de Medicina”, explica.
Ele deixou claro ser necessário respeitar a legislação. “É preciso respeitar o direito ao contraditório, respeitar o que as leis determinam e o direito ao contraditório é um processo fundamental da democracia. A diretoria do Huse está agindo dentro da lei. A gente não pode ser justiceiro e deixar de respeitar a lei. Já tivemos casos de médicos faltosos, que são estatutários, que encaminhamos à Procuradoria Geral do Estado e a PGE informou que deveriam ser reintegrados e nós não temos outra opção a não ser respeitar e a lei”, garante.
Pré-Caju
Sobre a escala para o Pré-Caju no Pronto- Socorro do Huse, o diretor clínico do hospital informou que está tudo pronto. “Apesar de que as datas de grandes demandas e que acontecem as faltas são Natal, Reveillon e Semana Santa, no Pré-Caju, como já existem equipes do Samu no local do evento, a movimentação é menos. Mas nós esperamos que os médicos escalados compareçam”, avisa Marcos Kroeger.
Quem perde
Não há como negar que os principais prejudicados com a não solução do fechamento das escalas no Huse, são os pacientes, principalmente os que precisam ser submetidos a cirurgias. No Setor de Oncologia por exemplo, foi informado em audiência no MPE esta semana, que tem médicos que estão no hospital, mas dizem que não gostam de anestesiar crianças e com isso, os pequenos sofrem aguardando para serem submetidos a processos cirurgicos.
De um lado, o MPE busca as soluções imediatas para diminuir as filas de cirurgias, do outro, a direção do Huse, garante que o problema está nos médicos, que por sua vez criticam a falta de estrutura. E a verdade é que os pacientes que nada tem a ver com as discussões internas do maior hospital de Sergipe, continuam no meio, penando em busca de atendimento.
Por Aldaci de Souza
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