Médicos precisam conversar com idosos sobre Aids, diz Almir Santana

Almir Santana, que defende a inclusão da testagem das ISTs na rotina dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde. (Foto: Ascom/SES)

Aids e HIV na terceira idade. Embora seja uma realidade, as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) ainda não são efetivamente abordadas pelos profissionais de saúde nas consultas de rotina de idosos. “Por que não solicitar o teste do HIV, sífilis e hepatites para o paciente a partir dos de 60 anos, assim como faz com o hemograma, glicemia e colesterol?”  questiona o médico e gerente do Programa IST/AIDS, Almir Santana, que defende a inclusão da testagem das ISTs na rotina dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e dos consultórios particulares.

Engana-se quem toma o idoso como uma pessoa sexualmente inativa e é exatamente esse pensar equivocado que impede a ampliação da testagem nas pessoas com  60 anos a mais. E isso oferece risco a elas. Um levantamento feito pela Gerência do Programa IST/Aids revela que nos últimos cinco anos, 99 pessoas da terceira idade foram infectadas pelo vírus da imunodeficiência adquirida e outras 141 adquiriam a Aids, o que corresponde a 3% e 4%, respectivamente, do total de casos no Estado.

No Brasil, a tendência de HIV e Aids em pessoas a partir dos 60 anos é de crescimento no momento, o que não corresponde à realidade atual de Sergipe, como observa Almir Santana. Aqui, a preocupação é outra e ele explica. “As pessoas da terceira idade de hoje têm vida sexual ativa, mudaram o comportamento, mas por outro lado, os profissionais de saúde abordam pouco ou não falam com estes pacientes sobre sexualidade. E esse é o risco, porque os idosos não são testados para o HIV e as demais infecções sexualmente transmissíveis. Então, se têm a Aids, sífilis ou Hepatite, ficam sem diagnóstico”, lamentou.

De acordo com o gerente do Programa IST/Aids, é muito frequente que os profissionais de saúde vejam o idoso como uma pessoa sexualmente inativa. O que é um engano na avaliação de Almir Santana, que aponta algumas razões para a mudança de comportamento das pessoas com 60 anos a mais. A primeira, segundo ele, é que o desempenho sexual na terceira idade hoje é melhor que antigamente, pelo efeito dos medicamentos; e a segunda é que os frequentes divórcios têm deixado os idosos sozinhos, o que os levam a procura novos relacionamentos.

Essa mudança de comportamento traz um fator de risco: a cultura de não usar preservativos. Destaca Almir Santana que estando a mulher na menopausa, esse costume agrava-se, considerando que ela perdeu o medo de engravidar. “Se ela tem relação sexual sem camisinha, a situação é muito preocupante porque a lubrificação vaginal é menor ou ausente, podendo favorecer o surgimento de ferimentos. Isso ocorrendo, aumenta a transmissão do HIV e de outras infecções sexualmente transmissíveis, como a sífilis e hepatite. Por isso é recomendado o uso da camisinha e do gel lubrificante para pessoa da terceira idade”, alertou.

Testando se descobre

Segundo Almir Santana, o Ministério da Saúde reconhece que o tema sexualidade precisa ser abordado nas capacitações dos profissionais de saúde, prática já implantada aqui em Sergipe, agora incluída nos protocolos nacionais. Acrescentou que os treinamentos precisam dar uma segurança maior às equipes sobre como abordar a questão da sexualidade junto aos pacientes idosos nas consultas comuns. É preciso que se converse, no âmbito da saúde, sobre sexo na terceira idade e a importância dos testes.

“Testando, descobre; descobrindo, trata  e tratando diminui a carga viral, o que vai fazer bem à pessoa com a infecção. Testando e diagnosticando é possível cortar a cadeia de transmissão para outras pessoas, porque à medida que o paciente se trata corretamente há uma redução da carga viral, podendo até ser zerada”, reforçou Almir Santana.

Fonte: Ascom/SES

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