Paciente é imobilizada por policial (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet) |
A mulher começou a gerar tumulto por volta das 4h30 da madrugada desta sexta-feira, 6, na praça D. José Tomaz, no Siqueira Campos. Segundo informações de um comerciante, ela chegou ao bar na madrugada, tomou algumas cervejas na companhia de alguns rapazes e começou a ficar nervosa, teria derrubado mesas, quebrado garrafas e agrediu fisicamente dois rapazes, clientes daquele estabelecimento. Em um, ela teria desferido um tapa e teria mordido o outro, segundo relatos do comerciante, que prefere o anonimato.
No momento, as pessoas que se encontravam no local acionaram a polícia e uma guarnição da 1ª Companhia do 8º Batalhão da Polícia Militar foi ao local e constatou que aquele não se tratava de caso de polícia. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi de imediato acionado, mas não compareceu, segundo informou o soldado Benjamim, da 1ª Companhia do 8º Batalhão da PM. “O médico não quis mandar a viatura do Samu e nós não podíamos fazer nada”, desabafou o policial.
Carro da Criminalística sendo empurrado por populares |
Momentos mais tarde, a mulher apareceu gritando, já por volta das 5h, na rua Bahia, onde ficou completamente despida. A dona de casa Rosvaldina Brito Matos, 62, se preparava para fazer a caminhada matinal de rotina quando ouviu os gritos da mulher, que demonstrava total descontrole emocional. “Primeiro, ela foi tirando a roupa e, por último, jogou a calcinha e eu ainda peguei uma calcinha, uma roupa, mas ela não queria vestir, dizia que não vestia calçolona de uma velha, que só vestia tanguinha”, conta a dona de casa.
Transtornos
Além dos transtornos causados pela paciente, a comunidade da rua Bahia assistiu a outros espetáculos: as viaturas do Samu e do Corpo de Bombeiro só chegaram depois do estardalhaço feito por emissoras de rádio que faziam a cobertura ao vivo no local e os moradores ainda tiveram que empurrar uma viatura do Instituto de Criminalística, que também foi ao local. A viatura apresentou defeito e ficou parada, aguardando socorro mecânico.
Portão central da casa foi arrancado pela paciente |
O dono da casa de número 452 da rua Bahia é funcionário público e saía para trabalhar quando observou a cena. Mas quando já estava a caminho recebeu comunicado de moradores, informando que a mulher teria arrombado a casa dele, arrancado o portão da frente e já estava percorrendo todos os compartimentos da casa. Ele é policial e possui uma arma em casa. “Minha sorte é que a arma estava no quarto e ela não viu, senão teria acontecido uma tragédia”, comentou o policial, que preferiu o anonimato.
Jornalistas e radialistas tentaram conversar com a paciente. “Eu só precisava de um médico, mas agora é tarde. Eu já estou morta”, chegou a revelar, em conversa com o Portal Infonet. Não havia conexão nas frases pronunciadas pela paciente, que se apresentava calma em alguns momentos e desespero em outros. A reportagem do Portal Infonet até foi agredida por um ponta-pé aplicado por ela, momentos antes dos policiais convencerem a ser encaminhada ao hospital.
Depois de negociar, paciente é conduzida para hospital |
Foram várias horas de angústia. Os policiais militares foram novamente acionados e a mesma guarnição que atendeu à ocorrência da praça D. José Tomaz se dirigiu ao local, constatando que se tratava da mesma mulher. Com diálogo e paciência, os policiais a acalmaram, imobilizando-a com ataduras. Só mais tarde, quando já havia transmissão ao vivo por várias emissoras de rádio e a situação já estava praticamente contornada é que três ambulâncias do Samu e uma do Corpo de Bombeiros chegaram ao local.
O tenente Gercilon, oficial do Corpo de Bombeiros, informou que a corporação só recebeu o chamado às 6h45 e que teria chegado pouco antes das 7h, quando a mulher já estava imobilizada, dentro de uma das ambulâncias do Samu sendo transportada para o Hospital São José, que é a unidade de saúde considerada como a porta de entrada para pacientes com transtornos mentais.
Equipes do Samu só chegaram depois do segundo chamado, segundo coordenador |
“Agora a gente vai retornar”, disse o tenente Gercilon. “A gente vai para a ocorrência de acordo com a solicitação e a solicitação chegou às 6h45”, disse o tenente, tentando justificar o atraso. A comunidade desmente, afirmando que muitas pessoas já tinham feito a mobilização, acionando o Samu, o Corpo de Bombeiros e também o Ciosp.
“Isto é uma vergonha. Desde a madrugada que tudo isso acontece e só agora estas viaturas todas chegam aqui. Agora é tarde”, desabafou dona Rosvaldina Brito, já às 7h. “Isto é uma falta de autoridade. Se informa à polícia, ao Samu, ao Corpo de Bombeiros… e ninguém toma uma providência. Merecem vaia”, complementou.
Ao Portal Infonet, a coordenadora de Urgência de Saúde Mental do Hospital São José, Aparecida Ribeiro, informou esta seria a primeira vez que a paciente recebera atendimento naquela unidade de saúde. Um padrinho da paciente já está no hospital acompanhando-a. Segundo a coordenadora, ela está sonolenta e recebendo atendimento médico. “Depois que passar a sonolência, nossa equipe fará abordagem para buscar o histórico da paciente”, informou Aparecida Ribeiro.
O coordenador do Samu, Leonardo Coelho, diz que não houve erro na condução do atendimento à paciente. Ele explica que no primeiro momento o atendimento foi negado porque não foi transmitida para a equipe a informação de que se tratava de paciente psicótico. Ele diz que informaram apenas que havia uma mulher embriagada e agressiva e que, pelos relatos, se tratava de caso de polícia. "E não podemos correr riscos", diz, observando que o primeiro chamado ocorreu às 5h39. "E, neste momento, foi descaracterizada a urgência médica", revela. Só no segundo chamado, segundo informou, às 6h10, é que se transmitiu informações que se tratava de paciente psicótico. "E só ficamos sabendo disso pelas emissoras de rádio", complementa.
SMS
A assessoria de comunicação da Secretaria municipal de Sáude (SMS) informou no fim da tarde desta sexta-feira, 06, que a paciente está na Unidade de Saúde Mental do Hospital São José. Ela foi medicada e de acordo com a família a mesma não tem histórico de surto psicótico.
Por Cássia Santana
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