(Foto: Arquivo Portal Infonet) |
Começou neste fim de semana um mutirão do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas de São Paulo que vai proporcionar tratamento definitivo para 19 pacientes que sofrem de malformação congênita do coração. O procedimento está sendo feito com uma técnica menos invasiva que coloca, por meio de cateterismo, uma prótese que tampa o orifício causador da doença. O mutirão terá continuidade em mais dois finais de semana, que devem ser feitos até outubro. Ao todo, 40 pessoas serão atendidas.
O médico Pedro Lemos, diretor do Serviço de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista do InCor, declarou que a proposta do mutirão é atingir o mesmo nível de efetividade da cirurgia cardíaca, mas com menor de tempo de internação possível. “O procedimento é relativamente rápido e, de modo geral, é bem-sucedido em quase 100% dos casos. Logo em seguida o problema está resolvido”.
Os pacientes tratados neste mutirão sofrem de comunicação interatrial congênita (CIA). “O lado direito e esquerdo do coração não se comunicam. Com a doença, eles passam a se comunicar pela presença de um orifício. O sangue se mistura e vai mais para o lado direito, aumentado o tamanho do coração neste lado”, explicou o diretor. Ele esclarece que, ao longo dos anos, esse aumento do coração gera arritmias, podendo provocar insuficiência cardíaca, quando o coração não consegue bombear suficientemente o sangue.
Dentre os sintomas sentidos pelos pacientes estão: falta de ar, cansaço para a prática de exercícios, palpitação, arritmias e até mesmo desmaios. Foi o que aconteceu com Bruna, que começou a ter desmaios aos 9 anos, especialmente quando ficava triste. “Nessa época não era muito o esforço físico, e sim emocional. Depois de um tempo, isso começou a ficar constante. Ficava cansada nas aulas de educação física. E aos 14 anos, de tanto ir ao médico, descobriram que eu tinha um sopro”, disse.
Os pacientes selecionados já são acompanhados pelo InCor. Lemos esclareceu que essas pessoas apresentaram melhores condições clínicas ao passar pelo procedimento. “Como é uma condição congênita, apesar de a gente querer resolver o mais breve possível, não é exatamente uma emergência. O mutirão serve para a gente fazer o tratamento mais rápido e devolver essas pessoas para a vida ativa”. Segundo ele, após a intervenção, os pacientes passam por um período de cicatrização, mas “em no máximo seis meses elas têm vida plena”, destacou.
É o que espera Bruna, que já faz planos para os próximos meses. “Adoro praticar esportes. Quero muito fazer natação”, projeta. O irmão dela, de 7 anos, que também é portador da doença, passou pela cirurgia ontem [18] e se recupera bem. “O caso dele foi um pouco mais delicado, porque o orifício dele era maior, mas foi tudo bem. Logo ele vai estar aprontando”, declarou.
O motorista Cristiano Genial Lima, de 35 anos, passará pela cirurgia hoje e espera ter um procedimento bem-sucedido. “Minha doença foi descoberta quando eu tinha 1 mês de vida. Tentei operar duas vezes, aos 7 e aos 16 anos, mas sempre tinha alguma coisa que impedia, como uma gripe, na primeira vez, e uma pneumonia depois. Agora, que é menos invasivo, espero que dê tudo certo”.
Segundo Cristiano, apesar de ele não apresentar sintomas, os médicos dizem que a doença pode se agravar daqui há alguns anos. O diretor do InCor ressaltou que o procedimento é definitivo e que não é necessário substituir a prótese posteriormente.
Com informações da Agência Brasil
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