(Foto: Divulgação) |
A pesquisadora do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Drª Cláudia Moura de Melo, está desenvolvendo uma pesquisa que tem por objetivo avaliar a atividade antimicrobiana e o potencial de cicatrização do muco do Achatina fulica (Caramujo gigante africano).
A pesquisa também tem como meta o desenvolvimento e produção de medicamento a partir do muco deste molusco para a cicatrização de feridas. A pesquisa foi fomentada pela Fundação de Apoio à Pesquisa e Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec/SE), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico e da Ciência e Tecnologia (Sedetec).
O molusco faz parte do ecossistema natural da África, região na qual apresenta controle de reprodução devido aos predadores naturais. No Brasil, não existem predadores naturais de Achatina fulicapara para manter o equilíbrio ecológico, dando liberdade para a alta reprodução. Segundo a bióloga, o animal foi introduzido no país com a intenção de ser comercializado para o consumo alimentar, como uma fina iguaria culinária, porém o produto não agradou aos consumidores, que estão mais acostumados com os moluscos marinhos. Desta forma, os produtores resolveram aterrar os animais, sem saber que tal ação facilitaria o processo de reprodução do animal que é adaptado aos locais úmidos e sombreado, e que pode se reproduzir sozinho (hermafrodita).
A pesquisadora ainda explica que o animal transmite um verme chamado Angiostrongylus, que pode causar apendicite e meningite eosinofílica. Com a introdução do animal no Brasil, estas doenças também começaram a ser associadas à ocorrência do molusco gigante africano, sendo confirmadas desde 2013. Por este motivo, a equipe da Dra. Claudia foi acionada para mapear as áreas de risco de transmissão de doenças causadas por esse verme. “O animal ao se locomover, libera o muco. Se a pessoa ingerir o muco de alguma forma, pode se infectar com o verme. É de extrema importância explicar que, como o molusco é encontrado em hortas, jardins e plantações devido a sua preferência alimentar por vegetais, a forma de ingerir pode ser através do vegetal que não foi devidamente higienizado antes do consumo", alerta..
Inicialmente, o estudo consistia em somente mapear as áreas de risco de transmissão desse verme em Sergipe, porém, devido à grande quantidade de moluscos, a professora pensou na possibilidade de transformar esta espécie invasora em um organismo benéfico para o homem. A análise revelou que o muco apresenta expressivo conteúdo proteico e propriedade elástica. Além disso, algumas pessoas que possuíam feridas e, após ter um contato da epiderme com o muco ou o próprio molusco, relataram cicatrização das mesmas.
A pesquisadora e a equipe multidisciplinar do Programa de Pós-graduação em Saúde e Ambiente da Universidade Tiradentes (UNIT) realizaram vários testes laboratoriais com o muco de Achatina fulica. Segundo a pesquisadora, a coleta é feita por meio de massagem da glândula podal, sendo o molusco é estimulado a liberar o muco, que apresenta características bioquímicas definidas de acordo com a alimentação ingerida. Após a confirmação da ausência de contaminação parasitária no muco, esta secreção vai ser processada na forma de um filme,.formulação farmacêutica para ser usada como curativo. Este filme, em ensaios biológicos, mostrou potencial para acelerar o potencial de cicatrização de feridas e diminuir o risco de formação de queloides.
Ainda de acordo com a pesquisadora Cláudia Melo, o muco de Achatina fulica é potencial objeto de estudo nas áreas de Farmácia e Engenharia. “É uma linha de pesquisa com grandes possibilidades. A concha do molusco, por exemplo, é rica em cálcio. Visualiza-se, portanto, a possibilidade de utilizá-la como material para construção civil. Outros pesquisadores o visualizam como um biodigestornatural devido à capacidade do animal digerir plástico, cimento etc”, conta. O curativo para a cicatrização processado a partir do muco de Achatina fulica é mais uma grande descoberta científica feita por pesquisadores e estudiosos sergipanos, mostrando o avanço tecnológico e intelectual do estado.
Fonte: Ascom Fapitec
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