Após a confirmação de que algumas pessoas do Maranhão se infectaram com a variante indiana do novo coronavírus (Covid-19), uma nova mutação da doença já é realidade no Brasil. Segundo o professor e pesquisador da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Lysandro Borges, a cepa indiana é ainda mais contagiosa e letal.
“Os estudos conduzidos ao redor do mundo em relação a cepa descoberta na Índia sugerem que ela tem uma maior taxa de infectividade por afetar mais pessoas e induzir uma carga viral maior”, relata o professor Lysandro. Ainda segundo ele, a nova variante da doença possui uma grande taxa de letalidade (morte) e ocasiona um maior agravamento dos indivíduos contaminados com essa cepa.
Lysandro destaca que o atual cenário é preocupante. Além de casos confirmados da cepa indiana no Maranhão, há outros casos sob suspeita no Pará e no Ceará. “Além do Brasil,, há três pessoas infectadas na cidade de Buenos Aires, na Argentina. Lembrando que o país argentino faz fronteira com alguns estados brasileiros, a exemplo do Rio Grande do Sul e Paraná. Sendo uma possível porta de entrada para essa variante”, salienta.
Na visão do pesquisador, não há no Brasil uma política sanitária eficiente para o mapeamento das mutações do vírus da Covid-19. “O país não possui uma vigilância genômica adequada, ou seja, não há como identificar nas pessoas infectadas pela Covid-19 qual é a cepa que está circulando. Para assim, tomar as atitudes de políticas públicas em relação a uma cepa ou outra”, explica.
Para exemplificar a importância de investigar o comportamento das cepas, Lysandro relembra uma das variantes que foi descoberta no Brasil. “Isso ocorreu marcadamente quando houve a invasão da cepa P.1, de Manaus, a partir de dezembro do ano passado. E hoje ela predomina em 80% dos casos confirmados da doença em todos os estados”, argumenta.
Ainda segundo o pesquisador, até o momento as vacinas disponíveis estão sendo eficazes contra a cepa indiana. “Mas ainda não sabemos como isso irá se comportar no futuro, haja vista que o Brasil se tornou uma ‘sopa’ de novas cepas. Por isso a vacinação em massa e urgente é tão importante para evitarmos uma quarta onda no Brasil”, destaca.
por João Paulo Schneider
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