Promotor vê caos no Hospital de Glória

Alex Maia: reprensar na classificação (Fotos: Cássia Santana/Portal Infonet)

Uma situação quase apocalíptica. Foi com este conceito que o promotor de justiça Alex Maia resumiu a precariedade do Hospital Regional de Nossa Senhora da Glória, que enfrenta dificuldades para manter as escalas de plantão e também para concluir as obras inacabadas. “A impressão que se tem é que o hospital é um eterno canteiro de obra”, enalteceu o promotor.

Relatório do Conselho Regional de Medicina apresentado aos promotores de justiça que integram o Centro de Apoio Operacional dos Direitos à Saúde do Ministério Público Estadual traduzem o caos daquela unidade de saúde. De acordo com o relatório, o hospital  apresenta estrutura precária, com escala de plantão incompleta, paciente sem assistência pós-operatório, fechamento de escalas médicas aos domingos por falta de profissionais, ausência de diretor técnico médico, ausência de comissão de ética, inadequação da sala de parto, falta de medicamentos básicos, materiais hospitalares sucateados e baixa remuneração para médicos.

Relatório do CRM é debatido em audiência pública

Para o promotor Alex Maia, é importante repensar a classificação da unidade e vislumbra possibilidade de retroagi-la à condição de Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e até mesmo o fechamento da unidade em decorrência dos problemas estruturais daquele hospital, que funciona como maternidade. “Não soaria estranho pensar se vale a pena mantê-lo aberto”, desabafou o promotor, durante audiência pública ocorrida no MPE para debater a situação daquela unidade de saúde.

O promotor ressaltou que o hospital convive com uma “mazela operacional” e dirigentes reféns de chantagens feitas por profissionais da área de saúde contratados para cumprir a escala de plantão. “Eles fazem a escala, mas faz da forma que lhes convém e a administração fica refém destes profissionais”, enalteceu, considerando como primordial a adoção de medidas urgentes que possam solucionar os problemas.

Segundo o promotor, os problemas se agravaram quando a gestão do hospital passou a ser de responsabilidade de um consórcio, sob a interferência de onze prefeitos da região. “Houve uma transferência de patrimônio esdrúxula e ilegal, entregue a onze prefeitos que não têm experiência, precarizaram um patrimônio que deveria ser zelado pelo estado”, considerou.

Prazo

Dejane: obras paradas e dificuldade de encontrar profissionais

Na audiência realizada na sexta-feira, 23, conduzida pelos promotores Alex Maia, Nilzir Vieira, Fábio Viegas e Gilvan Oliveira, ficou fixado prazo de 30 dias para o governo do estado adotar medidas que possam corrigir as deficiências. A superintendente do Hospital, Dejane Snatana, reconhece os problemas, revela que as obras para reformar o hospital estão paralisadas desde o primeiro semestre deste ano e ressaltou que há dificuldade para fechar as escalas de plantão em decorrência da falta de profissionais.

Para o promotor Nilzir Vieira, o hospital de Nossa Senhora da Glória é classificado como a unidade que presta o pior serviço de saúde à população. “Temos problemas estruturais, com furos nas escalas que constantemente levam ao fechamento dos plantões, o que deixa a população frequentemente desassistida”, observou o promotor. Caso o governo do estado não cumpra os prazos fixados, o Ministério Público poderá ajuizar ação para obrigar o governo a resolver os problemas, conforme advertiu o próprio promotor Nilzir Vieira.

Nilzir: a pior prestação de serviço

Rodrigo Vasco: alternativa para atender a demanda

Representantes da Fundação Hospitalar de Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde reconheceram as dificuldades que o estado encontra para concluir as reformas do hospital e garantiram que a deficiência é decorrente da própria empresa privada vencedora da licitação. Segundo os representantes, a empresa deixou de cumprir o contrato. Para o representante da Secretaria de Estado da Saúde, conforme o termo da audiência pública, são necessários cerca de R$ 2 milhões para a conclusão das obras e garantiu que o governo fará nova licitação para contratação de outra empresa.

A Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe (OAB/SE) está acompanhando o drama da população da região agreste quanto à precária assistência à saúde. O advogado Rodrigo Vasco, coordenador de saúde da entidade, considera que há escassez de investimentos e destaca a importância do debate e tomada de medidas urgências para evitar o estrangulamento da rede. Apesar de classificar como antipática, o advogado compreende o encaminhamento para o fechamento de algumas maternidades no interior para fortalecer outras unidades, com o deslocamento dos profissionais, para a melhor prestação de serviços. "Claro que traumatiza [o fechamento], mas seria uma alternativa", resume. 

Por Cássia Santana 

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