Propagandas enganosas sobre tratamento da Covid-19 serão fiscalizadas

Esta é uma das ações do CRF/SE para alertar novamente a população sobre a ineficácia e os riscos do uso indiscriminado das composições (Foto: Canva)

Preocupado com o número de vendas exorbitantes dos medicamentos apontados como prevenção contra a Covid-19 no último ano e seu uso indiscriminado, o Conselho Regional de Farmácia de Sergipe (CRF/SE) oficializou a Coordenadoria Estadual Proteção e Defesa do Consumidor e o Programa Municipal de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Aracaju) visando inibir o comércio inadequado de medicamentos comercializados para o tratamento da Covid-19.

“A nossa iniciativa é mover uma ação conjunta na tentativa de inibir esta associação de venda, destes medicamentos para prevenção de Covid-19”, explica a diretora do CRF/SE, Larissa Carvalho, apontando para a necessidade de alertar a população sobre as propagandas enganosas.

Diretora do CRF/SE, Larissa Carvalho (Foto: CRF/SE)

Esta é uma das ações do CRF/SE para alertar novamente a população sobre a ineficácia e os riscos do uso indiscriminado das composições. Além de divulgar informações científicas sobre os medicamentos, notificar os Procon(s), o Conselho solicitou ao setor varejista os números de venda destes medicamentos no Estado, até o momento sem sucesso.

Dados do Conselho Federal de Farmácia (CFF) mostram que as vendas da hidroxicloroquina (antimalário) mais que dobraram, passando de 963 mil em 2019 para 2 milhões de unidades em 2020 em todo o país. O aumento foi ainda maior no caso da ivermectina (vermífugo), atingindo 557,26%.

Além destes dois, outro medicamento que também teve altas expressivas nas vendas foi o nitazoxanida (antiparasitário). O motivo é a crença de que esses medicamentos previnam ou curem os pacientes da Covid-19. Larissa Carvalho ressalta o risco de se tomar medicamento sem indicação e reforça que até o momento não houve comprovação científica da eficácia destes três medicamentos para a doença. “Todo medicamento é passível de provocar reações adversas, que podem vir pelo uso dele ou pelo seu tratamento. E quando falamos de um medicamento que não é adequado para aquela condição que o paciente tem, neste caso a covid-19, o risco é que além de não conseguir o resultado esperado, pode provocar um quadro de intoxicação ou outras reações”, diz.

Eficácia

Depois de várias pesquisas e também da própria fabricante da Ivermectina (a Merck) afirmar publicamente que não há evidências que recomendem o uso da droga no tratamento da Covid-19, as indicações de boca em boca por um “tratamento precoce” contra a doença permanecem. “Tanto a hidroxicloroquina , a ivermectina e a nitazoxanida precisam de prescrição médica para serem vendidas. Inclusive a hidroxicloroquina no início da pandemia passou a ser medicamento sujeito a controle especial, o famoso medicamento controlado. Isso foi modificado para que não ocorresse uso descontrolado”, lembra Larissa.

O CRF/SE já se posicionou anteriormente reafirmando sua defesa da assistência à saúde baseada em evidências.  Inclusive lembra que farmacêuticos têm obrigação ética e legal de promover o uso racional de medicamentos. “Reconhecemos a autonomia dos médicos na prescrição off label (uso de drogas farmacêuticas que não seguem as indicações homologadas para aquele fármaco), mas reiteramos a responsabilidade técnica dos farmacêuticos na dispensação. Para isto, existe um protocolo onde o paciente deve estar ciente que está fazendo uso de uma prescrição off label, que pode apresentar as reações colaterais e que não existe confirmação de que o tratamento tenha eficácia”, explica a diretora Larissa Carvalho, acrescentando que também deve haver  a assinatura do Termo de ciência e consentimento entre o médico e o paciente.

Fonte: CRF/SE

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