
Apesar dos avanços nas discussões sobre saúde mental, ainda é comum que muitas pessoas enfrentem sofrimento psíquico em silêncio. Medo de parecer frágil, vergonha de se expor ou o receio de preocupar os outros são fatores que levam indivíduos a esconderem sentimentos como tristeza profunda, ansiedade intensa e exaustão emocional.
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas vivem com depressão no mundo, sendo essa uma das principais causas de incapacidade laboral. Ainda assim, o estigma em torno do adoecimento mental dificulta o acesso à ajuda especializada.
A psicóloga Adriana Meneses destaca que o sofrimento psíquico muitas vezes não é percebido nem pelas pessoas mais próximas. “Há quem consiga manter sua rotina normalmente, cumprindo obrigações e interagindo socialmente, mesmo enfrentando uma dor intensa por dentro. É o que chamamos de sofrimento invisível — silencioso, mas real”, afirma.
Por que muitos evitam falar sobre o que sentem?
Entre os principais motivos estão o medo de julgamento, o receio de parecer emocionalmente instável ou fraco, e a crença de que é preciso “dar conta de tudo sozinho”. Em muitos contextos, especialmente profissionais, ainda há uma cobrança implícita por produtividade e resiliência ininterruptas, o que dificulta que se fale abertamente sobre emoções e limites.
Adriana ressalta que o sofrimento psíquico pode se manifestar de diversas formas: alterações no sono e apetite, irritabilidade constante, cansaço físico sem causa aparente, dificuldade de concentração, sensação de vazio ou desânimo frequente. “Esses sinais não devem ser ignorados. O corpo e a mente se comunicam, e quando algo não vai bem, o ideal é buscar ajuda”, alerta.
A dor de quem fica
Infelizmente, em casos mais graves, quando o sofrimento não é reconhecido ou tratado a tempo, pode ocorrer uma atitude extrema e definitiva por parte da pessoa afetada. Após essas situações, é comum que familiares e amigos relatem um sentimento de culpa por não terem percebido os sinais.
“É importante entender que nem sempre é possível identificar o que está acontecendo com o outro, especialmente quando a pessoa faz um grande esforço para esconder. Por isso, o foco deve estar na criação de ambientes acolhedores, onde seja possível expressar vulnerabilidades sem medo”, explica a psicóloga.
A importância de pedir ajuda
Falar sobre emoções, buscar apoio profissional e ter redes de escuta seguras são formas essenciais de cuidado. O suporte de psicólogos e psiquiatras pode fazer diferença significativa na trajetória de quem enfrenta um adoecimento emocional.
Para quem precisa conversar, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional gratuito, sigiloso e voluntário por meio do telefone 188, disponível 24 horas por dia. O serviço não substitui o acompanhamento terapêutico, mas funciona como um canal de acolhimento imediato em momentos de sofrimento.
Promover saúde mental é responsabilidade de todos
Especialistas reforçam que promover a saúde mental é um compromisso coletivo. Instituições públicas e privadas têm papel fundamental na criação de políticas de cuidado, campanhas de conscientização e espaços de escuta ativa.
“Precisamos naturalizar o diálogo sobre saúde emocional. Assim como falamos sobre alimentação, exercício físico e prevenção de doenças, é preciso falar sobre emoções, sobre limites e sobre a importância de procurar apoio quando necessário”, conclui Adriana.
Fonte: Assessoria de Imprensa