Queijo coalho sem procedência pode causar meningite

Queijo coalho: riscos à saúde (Foto: Portal Infonet)

Tido como um dos principais ingredientes do café nordestino, o queijo coalho pode trazer sérias consequências à saúde do consumidor. A médica veterinária Salete Dezen, diretora de defesa animal e vegetal da Empresa de Desenvolvimento Agrário de Sergipe (Emdagro), chama a atenção de consumidores para a necessidade de exigência do selo de inspeção animal emitido por órgãos de fiscalização no momento da comercialização.

Para a médica veterinária, a falta de procedência do alimento poderá trazer consequências danosas à saúde do cliente. “Desde uma simples diarréia até meningite”, adverte. O coordenador da Vigilância Sanitária do Município de Aracaju, Ávio Britto, concorda com as observações e amplia o rol de doenças que o queijo coalho poderá provocar. “Brucelose, afosa e muitas outras devido à concentração de coliforme fecal, de bactérias e microorganismos”, explica.

Mas, em se tratando de comercialização de queijo coalho, o Portal Infonet constatou que os principais pontos comerciais não exibem o selo. Os comerciantes assumem a omissão, informando que nenhum queijo coalho dispõe deste selo por se tratar de produto produzido artesanalmente. Mas os órgãos de fiscalização classificam o selo como instrumento necessário para indicar a procedência do produto comercializado. O selo pode ser emitido pelo Serviço de Inspeção no âmbito do Município, do Estado ou Federal.

Os comerciantes conversaram com a reportagem do Portal Infonet e a grande maioria fez questão de não ser identificada. Mas, unanimemente, eles criticam os órgãos públicos. Na opinião dos comerciantes, o poder público deveria intensificar a fiscalização nas fábricas, de forma a evitar que o produto chegue às bancas de comercialização sem o selo de inspeção animal. “Tem tanta coisa errada que eles têm que mudar e estão começando pelo lado errado”, reagiu o comerciante Marcelo Souza. “Não sei o porquê, mas nenhum queijo coalho tem o selo”, complementa.

Um outro comerciante observou que o selo revela a procedência, mas não seria instrumento fiel às condições do produto. “O pré-cozido vem assim lacrado com o selo da fábrica, mas os outros não”, disse o comerciante que preferiu se manter no anonimato. “Mas, mesmo com o selo, perde-se a durabilidade quando aberto. Vendemos a granel e, quando abrimos a embalagem, sai o vácuo. Quem tem que conservar é o cliente”, observou.

Jogo de empurra

Procurados pelo Portal Infonet, os representantes de órgãos fiscalizadores entram em um clima de verdadeiro jogo de empurra-empurra. A diretora de defesa animal da Emdagro, Salete Dezen, revela que o órgão se restringe à fiscalização do transporte, observando essencialmente o acondicionamento, cujo produto deve ser transportado em ambiente refrigerado ou em caixas isotérmicas.

Dezen diz que os pontos de comercialização devem ser fiscalizados pela Vigilância Sanitária dos respectivos municípios. No âmbito do município de Aracaju, o coordenador da Vigilância, Ávio Britto, fez questão de passar a responsabilidade para o Estado. “Tem que saber o que está se fazendo para proibir que estes produtos entrem no mercado sem o selo. O Estado é quem deve identificar as fábricas e não permitir que este queijo chegue à banca sem inspeção”, resume Britto.

O diretor estadual da Vigilância Sanitária, Antonio Pádua Pombo, tem entendimento que a fiscalização de fábricas deve ser de responsabilidade da Emdagro. “Quem deve fazer a inspeção nas fabriquetas é o Estado e a Vigilância Sanitária, ao inspecionar os estabelecimentos, vai verificar se os produtos estão inspecionados”, analisar Pádua, fazendo referência ao decreto estadual de número 12350/91, que regulamenta a inspeção sanitária industrial de produtos de origem animal.

O secretário de Estado da Agricultura, José Sobral, por sua vez, transfere a responsabilidade para os municípios. “Não se pode transferir responsabilidade. Onde está o queijo sem a inspeção? Se está nas bancas, a responsabilidade é do município, que credencia o ponto de venda. Mas se o queijo está sendo transportado, aí sim, é de responsabilidade do Estado, que tem feito fiscalização regularmente”, comenta o secretário.

Ele diz que o Estado está atuando como parceiro de pequenos produtores para incentivar a produção de queijo coalho no âmbito da agricultura familiar, disponibilizando projeto arquitetônico de queijarias e promovendo acompanhamento técnico de melhoramento da qualidade do leite, matéria-prima do queijo, envolvendo 108 queijarias.

Segundo o secretário, em Sergipe, duas queijarias serão inauguradas em breve dentro do padrão sugerido pelo Governo do Estado. Uma estaria em Tobias Barreto e a outra no sertão, segundo o secretário. “Mas várias queijarias já estão buscando recursos para se adequar”, comenta o secretário. Segundo Sobral, o projeto possui manual de boas práticas e prevê a produção de até 2 mil litros de leite melhorado por turno.

Por Cássia Santana

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