Sergipe tem maior índice de recusa para doação de órgãos

Atualmente apenas transplantes de córneas estão sendo feitos em Sergipe (Fotos: Divulgação/Arquivo Portal Infonet)

O Estado de Sergipe está na classificação de maior recusa familiar para doação de órgãos de todo o país. Para se ter uma ideia, o índice chega a 87% do número de parentes dos pacientes [cujos médicos já diagnosticaram mortes encefálicas], que não autorizam a doação. Quanto a doação de córneas, já foram realizadas em 2014, 30 transplantes em Sergipe, zerando a lista de espera.

Na Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Sergipe (CNCDO/SE), localizada no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), a resposta para essa rejeição é a falta de conscientização das famílias.

“Essa recusa para a doação de múltiplos órgãos coloca o Estado de Sergipe com o índice mais alto do Brasil. Como a doação para múltiplos órgãos só é feita quando o paciente está com morte encefálica, ou seja, no leito da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), fica mais difícil a família entender”, explica a enfermeira da Central de Transplantes de Sergipe, Mariana Mattos.

Órgãos podem ser doados em SE e cirurgias feitas em outros estados

Sobre a falta de conscientização, ela informou que a equipe da Central costuma fazer entrevistas com os familiares de pacientes internados nos hospitais, principalmente no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), mas a maioria se nega.

“A gente faz diversas entrevistas aqui no hospital com os familiares, mas a recusa é muito alta. É uma questão de falta de conscientização mesmo, da importância de doar órgãos para salvar vidas”, complementa a enfermeira.

Como houve mudanças na legislação e não é mais permitido o registro da intenção de doar órgãos, na Carteira de Identidade, a decisão fica por conta dos familiares.

Córneas

Mariana Mattos: "Sergipe está muito bem na questão de transplante de córnea"

Quanto ao transplante de córneas, o tempo médio de espera em Sergipe não ultrapassa quatro meses, o que coloca o Estado na condição de uma das poucas Unidades da Federação a ter a fila de espera por esse tipo de cirurgia zerada.  Atualmente, 58 pessoas estão à espera do chamado para fazer o procedimento cirúrgico.

“Mesmo com essa quantidade aguardando para fazer o procedimento, nós não consideramos fila, pois se submeterão ao transplante em até quatro meses. É que antes tínhamos mais de uma mil pessoas que passavam quase quatro anos aguardando uma doação. Sergipe está muito bem na questão de transplante de córnea. Isso porque temos uma rotatividade alta e, com isso, um tempo de espera muito reduzido, de três a quatro meses, o que chega a ser considerado fila zerada”, ressalva Mariana Mattos.

OPO

São 16 profissionais que desenvolvem atividades na OPO juntamente com a equipe da Central Nacional de Notificação, Captação e Distribuição de Órgãos de Sergipe, faz a procura dos óbitos nos hospitais e a realização de entrevistas familiares.

Todas as cirurgias de transplante de córneas em Sergipe são realizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os médicos cadastrados para transplantes de córnea no Estado deverão apresentar ao paciente as opções de realizar o procedimento pelo SUS ou por meio de convênio ou particular. Mariana Mattos destacou que as córneas não podem ser vendidas.

Órgãos

Em Sergipe não são feitas cirurgias para transplantes de órgãos. Antes, se faziam de rins, mas a demanda era muito pequena. “A expectativa é de que esse tipo de transplante volte a ser feito no próximo ano. O serviço foi desativado principalmente pela falta de doações”, diz Mariana Mattos.

Ela acrescentou que, apesar de não se fazer transplante de órgãos no estado, os familiares podem fazer a doação ligando para os nºs 08002843216, 3259-2899, 3216-2860. “Nós temos estrutura para receber os órgãos, realizar os exames para verificar a compatibilidade e depois entrar em contato com a Central Nordeste e Nacional que possuem uma parceria com as empresas aéreas para que os órgãos sejam levados com segurança”, esclarece.

Por Aldaci de Souza